jornada mundial da juventude

Jovem de 18 anos arrecada dinheiro para ver o Papa Francisco no Panamá

Publicado em: 16/01/2019 09:11

Rodrigo Martins está juntando dinheiro desde 2016: vendeu tortas e salgados, ofereceu rifas e montou bazar e feira de artesanato. Tudo para realizar o sonho da viagem. Foto: Jair Amaral/EM/DA Press
Determinação, criatividade e um grande sonho perto de se realizar no Panamá, sob as bênçãos do papa Francisco. Nos últimos três anos, o jovem Rodrigo Martins, de 18 anos, fez o que pôde para estar presente, a partir de terça-feira, na 32ª Jornada Mundial da Juventude (JMJ 2019), o grande evento católico programado para o país da América Central, de 22 a 28 de janeiro, e presidido pelo sumo pontífice. Conciliando o término do ensino médio com os preparativos, ele encontrou tempo para vender tortas e salgados na porta de igrejas, oferecer rifas e produtos em leilão, e, com ajuda da avó, montar bazar e feira de artesanato para custear a viagem. “Será uma grande emoção. Não pude ir a JMJ 2013, no Rio de Janeiro (RJ) por causa da idade, depois, por falta de recursos, à Polônia, três anos depois. Mas, em 2016, falei que iria ao Panamá”, afirma o morador de Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Rodrigo vai embarcar no sábado, em voo direto do Aeroporto Internacional de Confins à Cidade do Panamá. O semblante está tranquilo para a primeira viagem ao exterior. “Contei com a ajuda dos familiares e amigos. Os doces que vendi, no fim das missas, no Santuário Santa Luzia e na Capela São Geraldo, bairro luziense onde moro, tiveram boa aceitação. Se sobravam, levava no dia seguinte para a escola e vendia para os colegas. Tudo isso foi fundamental. A Jornada Mundial da Juventude começou bem antes, pois todo esse preparo significa uma jornada também”, afirmou. Satisfeito, afirma que o papa traz a palavra de esperança e mudança.

Na manhã de ontem, pouco antes do almoço, Rodrigo mostrou que está confiante. “Mais do que viajar, quero trazer a mensagem do papa Francisco. Os jovens hoje estão perdendo a fé na Igreja e em Jesus Cristo. Então, um dos meus objetivos é exatamente ajudar a restaurar a fé”, disse. Um dos momentos importantes – e divertidos – será a tradicional troca de lembranças entre os milhares de participantes do mundo inteiro. Das mãos habilidosas da avó Efigênia Martins, sempre ao lado em todos os momentos, e da amiga Alexandra Eiras, e a filha dela, Izabela, saíram peças artesanais de crochê, na cor verde-amarela e formato de coração, já bem-acondicionadas na bagagem.

“Vou levar a bandeira do Brasil, chaveiros e outros objetos, além de uma pequena imagem de Nossa Senhora Aparecida, nossa padroeira”, mostra Rodrigo, ao lado de uma peça maior do oratório doméstico. “Sou também devoto de Santa Luzia.” Ele faz questão de dizer que, tão logo começou a alimentar o desejo de ir à JMJ 2019, conversou do então titular da Paróquia Santa Luzia, Danil Marcelo dos Santos, que deu o maior apoio. Desde setembro, conta com o estímulo do atual pároco, padre Felipe Queirós.

Grupo criativo
De acordo com a Arquidiocese de Belo Horizonte, que compreende 28 municípios, seguirão dezenas de pessoas para a JMJ 2019 no Panamá, já tendo sido celebrada a Missa de Envio em várias paróquias. De Raposos, seguirão seis jovens, dois deles escolhidos em votação pela comunidade católica. Para se garantir, os jovens fizeram rifa de um celular e participaram de outras atividades de olho num dinheiro extra.

À frente do grupo, está o professor de filosofia Éverton Henrique da Silva, de 25, que esteve na jornada do Rio de Janeiro, quando 3,5 milhões de jovens, na Praia de Copacabana, tiveram o encontro com Francisco. “Cheguei bem perto dele. Um argentino me deu uma camisa para entregar ao papa. A camisa caiu no chão e ele pediu a um segurança que a pegasse. Espero chegar mais perto ainda desta vez”, conta Éverton, que fala espanhol, já visitou países sul-americanos e acredita que o número de jovens será menor no Panamá. “Trabalhei muito para custear a viagem”, brinca.

A turma de Raposos diz que a “juventude” engloba várias gerações, o que afasta a ideia de garotada com menos de 20 anos. “Tem gente de 40 anos e mais”, afirma Éverton. De Raposos, embarcam também na madrugada de terça-feira: Gabriela Magalhães Xavier, de 23, graduada em direito, Jonathas Gabriel Gouvêa dos Santos, de 22, professor de matemática, Alexandre Antônio dos Anjos Júnior, de 19, Gisele Izabel Lourenço, de 31, enfermeira e Yuri Luiz Vieira, de 21 técnico em informática. Dos seis, Gabriela e Yuri são os enviados pela Paróquia Nossa Senhora da Conceição, que tem como administrador paroquial o padre Eribaldo Pereira Santos.

Na tarde de ontem, diante da recém-restaurada Matriz de Nossa Senhora da Conceição, e mais tarde no inteior do templo de 1690, um dos mais antigos de Minas, quatro dos jovens mostraram o entusiasmo na “companhia” de um retrato do papa. “Estou muito ansiosa. Será a primeira viagem de avião e também para o exterior”, contou a jovem que atua na Pastoral da Crisma, no Movimento Shalom (orações) e liturgia. Igualmente estreante em transporte aéreo, Jonathas está ansioso e acha que o fundamental será a palavra de paz do líder dos católicos no mundo. Caçula do grupo, Alexandre Antônio ganhou a viagem dos pais e quer dar um bom retorno à comunidade, principalmente por meio do grupo de jovens Wi Fé – Conectatos pela Fé. Para ele, “a juventude é o hoje” e, para a atual geração, o papa tem um discurso contemporâneo.

Pontes de amizades
A Jornada Mundial da Juventude é um evento religioso instituído pelo papa João Paulo II (1920-2005) – que se tornou São João Paulo II –, em 20 de dezembro de 1985, e, de três em três anos, reúne milhares de jovens para celebrar e aprender sobre a fé católica e “construir pontes de amizade e esperança entre continentes, povos e culturas, além de compartilhar entre si a vivência da espiritualidade”, conforme os organizadores. Apesar de ser organizada pela Igreja Católica, a JMJ, realizada pela primeira vez em 1986, em Roma, é aberta a todos os jovens do mundo.No Panamá, onde começam a chegar os jovens de todo o mundo – a expectativa é de representantes de 155 países envolvidos, com mais de 37 mil voluntários envolvidos na logística, assistência e preparação, incluindo gente do Brasil, Costa Rica, França e Polônia. “Será uma grande festa de fé”, afirmou à Rádio Vaticano o arcebispo do Panamá, dom José Domingo Ulloa. “Esperamos o Papa e a esperança que ele levará para toda a América Central e os jovens serão chamados a serem protagonistas da mudança.”Criando uma ligação com o recente Sínodo da Juventude realizado no Vaticano, dom Domingo Ulloa indicou o “sim” incondicional de Maria como o caminho para construir um mundo diferente. O tema da JMJ será a passagem bíblica, Evangelho de Lucas, “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a Tua palavra.”
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