Emoção

'É uma experiência única', diz PM que fez parto dentro de carro em MG

Vídeo com momento de nascimento da criança foi divulgado nas redes sociais. Depois de 11 anos de corporação, cabo conta que realizou sonho

Publicado em: 17/05/2018 10:12 | Atualizado em: 17/05/2018 10:19

Os cabos Reinaldo e Alves (dir) diante do Odilon Behrens, para onde mãe e filho foram levados
(foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
Duas fortes emoções em uma semana, morte e vida na rotina de um policial nas ruas de Belo Horizonte, Minas Gerais. Na ação da manhã desta quarta-feira (16), sublime alegria. Com a ajuda de dois colegas, o cabo do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar Wanderson Luiz Alves fez o parto do pequeno Miguel em plena Avenida Antônio Carlos, perto da Barragem da Pampulha. O primeiro em seus 11 anos e meio de corporação. “Sempre pedi para passar por essa experiência”, disse o policial, feliz com o sucesso da ação. “Deu tudo certo, graças a Deus. Segundo a mãe, o nome do menino é Miguel. O bebê está bem e chorou logo que nasceu”, comemorou. 

A cena foi bem diversa da vivida pelo cabo Alves na semana passada, quando foi responsável por fazer o registro da morte do menino Ezequias Leal, de 9 anos, atropelado por uma Kombi que avançou o sinal em um cruzamento no Bairro Novo Glória, Região Noroeste de BH. “Foi muito ruim, e hoje vivi um momento oposto”, disse, aliviado. Um vídeo registrado por um dos policiais mostra o momento em que o cabo Alves entrega o bebê nos braços da mãe. Em seguida, a emoção da equipe do Samu e do policial segurando o menino no colo, enrolado em uma manta térmica. 

A chance de trazer uma criança ao mundo ocorreu por acaso. Segundo o cabo Wanderson Luiz Alves, ele e dois colegas, os cabos Reinaldo e Bicalho, atendiam uma ocorrência de acidente de trânsito na região quando foram abordados pelo marido da parturiente, que parou no posto e pediu ajuda. A mãe, de 26 anos, moradora do Bairro Jardim Leblon, em Venda Nova, estava a caminho do hospital com a sogra e o marido em um carro quando o bebê começou a nascer. O objetivo dos policiais era fazer a escolta deles até o hospital, abrindo caminho em meio ao trânsito carregado do início da manhã, mas o pequeno não esperou. 

“Quando abrimos a porta para ver a gestante, percebemos que a criança tinha começado a nascer. Éramos três e cada um de nós assumiu uma função”, detalhou o militar, acrescentando que eles também acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e o Corpo de Bombeiros e ligaram para o 190. 


O cabo Alves conta que procurou deixar a mãe calma, colocou luvas e ajudou a criança a vir ao mundo. “A orientei a fazer força, vi que o cordão umbilical estava na parte de trás do pescoço (do bebê) e o tirei, pegamos um pano limpo e enrolamos a criança. Peguei instruções com a médica do Samu para não cortar o cordão e deixamos o bebê nos braços da mãe até o Samu chegar”, detalhou o militar. 

Segundo a assessoria de imprensa do Hospital Odilon Behrens, Miguel nasceu com 3,15 quilos e mede 47 centímetros. No início da tarde, mãe e bebê permaneciam no hospital. Ainda não havia previsão de alta, mas ambos passavam bem. Em 19 de abril, a pequena Eloá também nasceu pelas mãos de policiais militares. A mãe dela, de 21 anos, estava a caminho do hospital e entrou em trabalho de parto no carro de um vizinho na MG-010, em Vespasiano, na Grande BH. Eles pararam no posto da Polícia Militar Rodoviária (PMRv) e receberam ajuda. A Polícia Militar não tem um levantamento do número de partos realizados pelo efetivo no estado. Já o Corpo de Bombeiros, contabilizou 11 procedimentos feitos pelos militares da corporação em 2017. 

“No momento, pensamos nos procedimentos. Temos a orientação da PM, que ajuda a manter a mãe calma, pedir que faça força. A emoção vem depois, vem agora que a gente percebe que fez o bem. No momento, a gente pede a Deus para dar tudo certo”, comentou o policial, que também é pai, de um menino de 2 anos e meio, João Pedro, cujo parto não foi feito por ele, como acrescentou, brincando. Ainda sobre o parto na Pampulha, destacou: “É uma experiência única, e a PM está aqui para ajudar em todos os sentidos, até no nascimento”. Nem a mãe nem o marido e sogra deram entrevistas.
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