Opinião Giovanni Mastroianni: Chacrinha há cem anos Giovanni Mastroianni é Advogado, administrador e jornalista

Publicado em: 30/09/2017 08:18 Atualizado em:


Nascido em Surubim, no Agreste pernambucano, aos 30 de setembro de 1917 e batizado José Abelardo Barbosa de Medeiros, somente alguns anos depois é que veio a ser mais conhecido, nacionalmente, com a famosíssima alcunha de Chacrinha - o velho guerreiro. Falecido em 30 de junho de 1988, no Rio de Janeiro, aos 70 anos de idade, o centenário de nascimento daquele comunicador de rádio e televisão está sendo comemorado. 
Muito se sabe da vida artística desse famoso personagem, embora seja pouco sabido sobre sua infância, em seus primeiros anos de vida, por haverem sido pouco explorados tais acontecimentos. Ainda em tenra idade, seus pais mudaram-se para Caruaru, cidade em que sua genitora, dona Aurélia conheceu Penhinha, minha mãe, firmando uma sólida amizade, sentimento de carinho esse que levava a confiar, sempre em suas viagens, a guarda de seu futuro famoso filho à amiga, quase sua vizinha.

A família Barbosa de Medeiros não permaneceu por muito tempo na Capital do Agreste, pois, quando Abelardo completou dez anos, logo se mudou para Campina Grande, na Paraíba. Ao atingir dezessete anos, em busca de novos horizontes, veio para o Recife, onde dois anos depois, começou a estudar medicina, curso que não chegaria a concluir, trocando, cerca de dois anos depois, os estudos pelo rádio, mais precisamente a Rádio Clube de Pernambuco, onde deu seus primeiros passos, não como animador de auditório, mas como simples comunicador, pois proferia palestras aos ouvintes, cujo tema principal geralmente centrava-se sobre o alcoolismo. Concomitante com as atividades de palestrante, serviu ao Exército, mais precisamente ao então tradicional Tiro de Guerra. Embora não fosse um exímio músico, tocava bateria e, na condição de percussionista, integrou o Bando Acadêmico, já famoso à época.  Por pouco, não foi parar no palco da segunda guerra mundial, quando embarcou para a Alemanha. Todavia, por sorte, ficou retido no Rio de Janeiro.

Lembro-me bem das suas tardias atrações radiofônicas, na Rádio Tamoio e, também, na Tupi, embora houvesse passado por outras emissoras, inicialmente apresentando programas à base de músicas carnavalescas, um dos quais denominou de Rei Momo na Chacrinha, título  que lhe valeu o apelido, dando-lhe popularidade e indiscutível fama.
Foi nas emissoras associadas que se tornou conhecido com seus ruidosos programas, tendo como fictícios locais salões de festas, até que, em 1950, lançou o famoso programa Cassino do Chacrinha, que, graças aos seus lançamentos musicais, lhe serviu de degrau para chegar à televisão, vindo a se tornar o famoso Abelardo “Chacrinha” Barbosa.

Na televisão, após passar pela TV-Rio, percorreu várias outras emissoras, entre as quais a Tupi, a Bandeirantes e a Globo. Eram seus programas: Buzina do Chacrinha, Discoteca do Chacrinha e, finalmente, uma junção dos outros dois, o conhecido Cassino do Chacrinha. Em suas passagens por essas emissoras, criou várias frases entre as quais: Na TV, nada se cria, tudo se copia, pensamento que, em face de sua veracidade, ainda hoje é bastante repetida. Outras foram: Quem não se comunica se trumbica, Eu não vim para explicar, vim aqui para confundir e Tudo o que aconteceu comigo, aconteceu porque aconteceu.
Em reconhecimento pelo que minha mãe fez por Chacrinha, em sua infância, dona Aurélia, na década de 60, visitou Caruaru e fez questão de visitar sua velha amiga Penhinha, indo encontrá-la na Rua Coronel Limeira, onde posou para várias fotos com a família, fotografias essas que são guardadas, com muito carinho, e que se constituem em uma grande relíquia.
 


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