Mãe de bebê sequestrado diz que vai 'guardar trauma para sempre' Menos de 24 horas depois do sumiço do bebê, policiais civis localizaram e prenderam a suspeita com a criança, em um apartamento do Guará

Por: Otávio Augusto

Publicado em: 08/06/2017 08:04 Atualizado em:

Foto: Matheus Oliveira/Agência Saude
Foto: Matheus Oliveira/Agência Saude


A mãe Sara Maria da Silva, 19 anos conversou com o Correio após um cochilo, à tarde, ao lado de Jhony. Lembrou do caso Pedrinho. “Conheço a história, tive medo de o meu filho demorar a voltar também”, comentou. Os sinais do cansaço só não eram maiores que o alívio de ter o filho nos braços outra vez. “Vou guardar esse trauma para sempre”, frisou.

Mãe e sequestradora chegaram a conversar. Gesianna esteve no Hran em outras oportunidades. Na sexta-feira, elas travaram um diálogo no corredor onde cinco dias depois aconteceria o crime. “Eu a vi uma vez só. Ela estava caminhando lá normalmente, até pensei que trabalhava no hospital. Perguntou se eu estava bem. Respondi ‘mais ou menos’, já que o Jhony estava internado ainda”, detalhou Sara. A alegria da família cresceu no início da noite de ontem. A equipe médica autorizou a alta de Jhony.

Dalvina ajuda a nora nos cuidados com a criança. Em meio à entrevista, ambas pediram ajuda. Jhony não tem berço nem fraldas. As roupinhas também são poucas. A mãe e o pai, Jhony dos Santos, 20 anos, estão desempregados. Todos dividem um barraco de madeirite. “Quem puder ajudar vai contribuir muito. Pelo menos o neném terá um conforto maior”, destacou Dalvina. Apesar da dificuldade financeira, Sara garante que o menino terá muito amor. “Teve isso (o sequestro), que foi ruim, mas ele é uma vitória e estamos aliviados por tê-lo conosco.”

Como ajudar

O Correio Braziliense está recebendo doações de roupa, leite, fraldas e outros itens de necessidade infantil para Jhony. Os produtos devem ser deixados na portaria da sede do jornal. O material será repassado à família do bebê. SIG, Quadra 2, Número 340, sede do Correio, Edifício Edilson Varela.

Entrevista

Sara Maria da Silva, 
19 anos, mãe do bebê sequestrado no Hospital Regional da Asa Norte

Qual foi sua reação ao perceber que seu filho havia sido levado do hospital?
Eu quase fiquei doida. Quando entrei no quarto e ele não estava lá, a minha vida acabou. Foi como se eu tivesse caído de um abismo. Eu só chorava.

Você já tinha visto ou conhecia a sequestradora? 
Eu a vi rapidamente no hospital. Perguntou se  eu estava bem e respondi ‘mais ou menos’.

Por que você saiu do quarto?
Estava acontecendo um evento para os pacientes. Deixei ele (o bebê)  dormindo e fui arrumar o cabelo. Era um local muito próximo do quarto.

Como foi a noite do sequestro? Conseguiu acompanhar as notícias e a investigação?
Chorei muito, foi um desespero. Já não tinha mais forças. Não queria dormir, mas me deram remédio.

O Pedrinho demorou 16 anos a ser encontrado. Passou isso pela sua cabeça?
Conheço a história, tive medo de o meu filho demorar a voltar também.

É um trauma que é possível superar?
A gente não vai esquecer. Uma coisa dessas se guarda para sempre. Dentro de mim eu queria encontrá-lo, mas não sabia se seria possível.

Como vai ser o futuro?
Teve isso (o sequestro) que foi ruim, mas ele é uma vitória e estamos aliviados por tê-lo conosco.

O que você falaria para a sequestradora?
Isso não se faz. Não desejo essa dor para nenhuma outra mãe.

Qual o seu maior desejo neste momento?
Quero ir para casa com meu filho e seguir minha vida. Meu marido arrumou tudo para receber a gente e não deu. Agora, quero receber alta e ir embora.


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