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Falta de vagas em creches no DF deixa 21 mil crianças sem escola

Atualmente são 42 Centros de Educação e convênio com 59 instituições, que mantêm 82 unidades que juntas atendem 51 mil crianças

Publicado: 25/01/2017 às 17:14

Na educação infantil, que contempla crianças de 4 e 5 anos, 1,6 crianças estão na fila de espera para começar a fase da alfabetização. Foto: Carlos Moura/CB/D.A Press/Na educação infantil, que contempla crianças de 4 e 5 anos, 1,6 crianças estão na fila de espera para começar a fase da alfabetização. Foto: Carlos Moura/CB/D.A Press

Na educação infantil, que contempla crianças de 4 e 5 anos, 1,6 crianças estão na fila de espera para começar a fase da alfabetização. Foto: Carlos Moura/CB/D.A Press/Na educação infantil, que contempla crianças de 4 e 5 anos, 1,6 crianças estão na fila de espera para começar a fase da alfabetização. Foto: Carlos Moura/CB/D.A Press

Na educação infantil, que contempla crianças de 4 e 5 anos, 1,6 crianças estão na fila de espera para começar a fase da alfabetização. Foto: Carlos Moura/CB/D.A Press
Para conseguir matricular o filho de 3 anos na escola de educação infantil mais próxima da casa onde mora, a vendedora Flávia Gonçalves, 30 anos, enfrentou um verdadeiro calvário. Durante meses ela ia toda semana até o Centro de Educação Infantil (CEI) 216, em Santa Maria, para tentar uma vaga para o menino, até que na última quinta-feira (19/1), foi avisada que a escola disponibilizaria 50 vagas remanescentes. Era exatamente o que Flávia precisava. Ela cogitou a possibilidade de passar a noite na porta da escola, mas foi alertada por funcionários da unidade de ensino que não havia necessidade.

“Disse que ia dormir na fila, porque sei que são poucas vagas e há muita concorrência, mas me disseram que não precisava, que se eu chegasse às 6h conseguiria a matrícula”. Mesmo com a orientação de que poderia ir para a fila apenas no dia da distribuição das senhas, Flávia se antecipou e chegou no local às 4h30 da manhãPara a sua surpresa, todas as vagas já estavam preenchidas. “Na porta da escola, tinha apenas cinco pessoas na minha frente, quando abriram o portão da escola vi que muitos pais dormiram dentro do colégio e, mais uma vez, perdi a vaga do meu filho”, conta.

Flávia não está sozinha na luta para conseguir uma vaga para o filho na rede pública. Faltam unidades de educação de primeira infância no Distrito Federal. De acordo com a Secretaria de Educação do DF, o deficit de vagas nas creches públicas é de 21 mil. Na educação infantil, que contempla crianças de 4 e 5 anos, 1,6 crianças estão na fila de espera para começar a fase da alfabetização.

Desempregada, Carolina Santos de Oliveira, 21 anos, não pode procurar um emprego. Com dois filhos pequenos em casa e sem conseguir vagas para que estudem, não pode voltar ao mercado de trabalho. "Não tem creche para o pequeno, nem escola para a maior. Eles ficam o dia inteiro em casa, quando seria melhor aprenderem desde pequenos”, acredita.

Maísa, 4, é uma das 1,6 mil crianças que ainda não conseguiram dar início a vida escolar. “Ela diz que quer fazer aniversário logo, completar 5 anos, para ir à escola. Ela chora quando vê os amiguinhos indo estudar todos os dias”, revela a mãe, que usa desenhos para estimular o aprendizado em casa.

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Atualmente, o Distrito Federal tem 42 Centros de Educação da Primeira Infância (CEPIS) e convênio com 59 instituições conveniadas, que mantêm 82 unidades escolares. Juntas, as unidades atendem a 51 mil crianças. A pasta esclarece que existem, ainda, mais 11 unidades em obra. De acordo com a SEDF, outros cinco CEPIS, nas regiões de Samambaia, Brazlândia, Águas Claras e Lago Norte, possuem a previsão de início das atividades ainda no primeiro semestre.

De R$ 1,6 mil que a vendedora Alzimeire Santana de Oliveira ganha por mês, R$ 500 vai para o aluguel e R$ 310 para a escola da filha. "E ainda tem as contas mensais de luz, água, gás. O gasto poderia ser menor se tivesse vaga na creche públic". A menina, de 2 anos, está desde os 7 meses na fila de espera.

A vendedora diz que já procurou a regional de ensino, fez a inscrição, foi várias vezes à unidade de ensino e sabe que o nome da filha está na lista. Mesmo assim, a vaga não está garantida. "Poderia suprir outras necessidades da minha filha, dar algum lazer à ela, mas acabo ficando apertada por conta da escola", diz.
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