Tragédia em Minas Mariana-MG, 1 ano: o antes, o durante e o depois do desastre Crime ambiental acontecido em 5 de novembro de 2015 deixou rastro de mortes, destruição de ecossistemas e prejuízos emocionais e econômicos

Por: Mike Torres - Diario de Pernambuco

Publicado em: 05/11/2016 16:20 Atualizado em: 06/11/2016 04:51

Linha do tempo do Diario resgata os acontecimentos antes, durante e depois da tragédia em Mariana. Foto: Arte sobre foto de Antônio Cruz/Agência Brasil
Linha do tempo do Diario resgata os acontecimentos antes, durante e depois da tragédia em Mariana. Foto: Arte sobre foto de Antônio Cruz/Agência Brasil

Bento Rodrigues é (ou ainda tenta ser) um pequeno distrito na cidade de Mariana, interior de Minas Gerais. Há exato um ano, uma tragédia – ou crime – ambiental mudou em caráter definitivo a paisagem do local, a vida dos moradores e a de diversas outras pessoas que tiravam seu sustento do Rio Doce, seriamente afetado pela destruição causada pelo rompimento das barragem do Fundão e de Santarém, da mineradora Samarco.

O pior desastre socioambiental da história do país causou 18 mortes e completa seu primeiro aniversário neste sábado. O Diario de Pernambuco realiza uma linha do tempo para resgatar os acontecimentos daquele 5 de novembro de 2015, desde o rompimento da barragem até os desdobramentos jurídicos, que se arrastam durante todo este tempo.

Operação e estrutura
A Samarco Mineração S.A. é uma joint-venture entre as maiores empresas de mineração do mundo, a brasileira Vale S.A. e a BHP Billiton, anglo-australiana.

De acordo com informações divulgadas pelo site da própria empresa, a mineradora lucrou, entre 2010 e 2014, R$ 13,3 bilhões. R$ 2,8 bilhões apenas em 2014.

O diretor-presidente da Samarco à época do desastre era o engenheiro metalúrgico Ricardo Vescovi, de 55 anos, que se afastou do cargo em janeiro de 2016.

Cenário de lama e devastação após o rompimento. Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação
Cenário de lama e devastação após o rompimento. Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação

A sede da empresa fica na capital mineira, Belo Horizonte. A Samarco estabeleceu unidades industriais no interior de Minas – em Mariana e em Ouro Preto -, assim como no estado do Espírito Santo.

As barragens do Fundão e de Santarém, integrantes do complexo da Mina Germano, foram construídas para receber os rejeitos provenientes da extração do minério de ferro retirado de extensas minas na Microrregião de Ouro Preto.

Antecedentes
O episódio em Mariana não foi o primeiro envolvendo a Samarco. Em 2014, a mineradora já havia sido acusada, junto à Vale e à Arcellor Mital, de emissão de pó preto no ar da cidade de Vitória, capital do Espírito Santo. O caso levou à abertura da CPI do Pó Preto e as três empresas foram responsabilizadas pela poluição.

O maior rompimento com vítimas, até então registrado, foi na Mina de Fernandinho, em Itabirito, em 1986, quando morreram sete pessoas. O segundo maior acidente foi em 2001, na barragem de Rio Verde, em Macacos, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, quando morreram cinco pessoas.

O dia do desastre
As primeiras notícias chegaram à redação do Diario de Pernambuco por volta das 18h daquela quinta-feira, através do portal UAI, do jornal Estado de Minas. "Barragem de mineradora se rompe e inunda distrito no interior de Minas Gerais", foi a primeira notícia publicada pelo site do Diario.  

"Conforme a Guarda Municipal, todo o distrito (de Bento Rodrigues) ficou alagado. Não há contato com as equipes de resgate, por isso não é possível precisar o número de feridos e desaparecidos. Segundo a Guarda Municipal, unidades de saúde em Mariana devem receber os feridos”, constavam também as informações iniciais da Agência Brasil.

Imagens em vídeo também começaram a chegar:


Em nota, a Samarco informou que houve um rompimento de sua barragem de rejeitos, denominada Fundão. “Não é possível, neste momento, confirmar as causas e extensão do ocorrido, bem como a existência de vítimas”, dizia a nota. “A organização está mobilizando todos os esforços para priorizar o atendimento às pessoas e a mitigação de danos ao meio ambiente. As autoridades foram devidamente informadas e as equipes responsáveis já estão no local prestando assistência ”, acrescentava o documento.

A lama, ao endurecer, criou uma "crosta" que danificou seriamente o ecossistema local. Foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press
A lama, ao endurecer, criou uma "crosta" que danificou seriamente o ecossistema local. Foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press

Segundo a prefeitura de Ouro Preto, a barragem se rompeu por volta das 16h20. A prefeitura  disse que a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do município encontrava-se à disposição da cidade vizinha para auxiliar no atendimento aos possíveis feridos.

"Estou muito desnorteado, foi uma catástrofe. Todos estão desnorteados. Estamos pedindo a Deus para que as pessoas tenham conseguido sair dos locais mais atingidos a tempo", disse o prefeito de Mariana, Duarte Júnior, à reportagem do Estado de Minas.

Começo da contagem dos danos e primeiras providências
Informações preliminares davam conta de dez mortos por causa do rompimento e da inundação de rejeitos. O Hospital Monsenhor Horta, de Mariana, que recebia os feridos, informava que, até aquele momento inicial, uma pessoa havia morrido, outras quatro já haviam recebido atendimento e passavam bem.

Após a inundação, a então presidenta Dilma Rousseff ofereceu ajuda de forças federais a Mariana. Dilma foi informada sobre o episódio pelo ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, no final da tarde, antes de embarcar para Brasília após cumprir agenda em Alagoas.

A então presidenta Dilma Rousseff se reúne com autoridades para debater os procedimentos. Foto: Ricardo Stuckert Filho/PR
A então presidenta Dilma Rousseff se reúne com autoridades para debater os procedimentos. Foto: Ricardo Stuckert Filho/PR

O ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, viajou no dia seguinte para acompanhar as ações de socorro e assistência às vítimas, ao lado de técnicos da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil.  “A Defesa Civil Nacional está em contato permanente com o governo do estado e, havendo necessidade, os recursos federais serão utilizados”, afirmava nota do ministério.

A prefeitura de Mariana definiu, no dia seguinte ao desastre, que os desabrigados ficariam em hotéis. “Por meio da Secretaria de Ação Social, entramos em contato com todos os hotéis, estão sendo levantadas as vagas. Estamos com 500 a 600 pessoas (desabrigadas), se a cidade de Mariana não comportar em hotéis, vamos para Ouro Preto e Santa Bárbara, para que as pessoas tenham a dignidade que mereçam e isso vamos cobrar”, disse o prefeito de Mariana, Duarte Júnior. 

Na manhã da sexta-feira, equipes de resgate seguiam contando vítimas e prejuízos. No momento do desastre, aproximadamente 50 trabalhadores estavam no complexo da mina, segundo o sindicato da categoria. Pelo menos duas centenas de integrantes das equipes de resgate amanheceram o dia 6 calculando os danos.

Para onde se olha, muita lama e destruição. Foto: Rogério Alves/Agência Senado
Para onde se olha, muita lama e destruição. Foto: Rogério Alves/Agência Senado

Ainda na sexta-feira, o Ministério Público de Minas Gerais iniciou uma investigação para apurar se houve descumprimento de normas na manutenção da barragem do Fundão. O promotor responsável, Carlos Eduardo Ferreira Pinto, afirmou ter solicitado ao Observatório de Sismologia da Universidade de Brasília (UnB) informações sobre a ocorrência de onze abalos na região de Mariana antes da ruptura da estrutura. Cerca de duas horas antes da tragédia, o observatório da UnB detectou abalos com magnitude entre 2,5 e 2,7 graus próximos a Bento Rodrigues.

Posteriormente, o Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Minas Gerais (Sisema) informou que a Barragem do Fundão estava regular e foi inspecionada por um auditor especialista em segurança de barragens. “De acordo com o programa de auditoria de segurança de barragem da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), a Barragem do Fundão estava com estabilidade garantida pelo auditor. O último relatório foi apresentado em setembro de 2015”, informou o Sisema. A Samarco teve a licença de operação concedida em 29 de outubro de 2013, com validade até 29 de outubro de 2019. 

Um relatório indicou que 8% das barragens de contenção em Minas Gerais não são seguras. Os riscos não controlados provocaram grandes tragédias no estado: em São Sebastião das Águas Claras (Macacos), em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, em 2001; em Cataguases, em 2003 e Miraí, em 2007, ambas na Zona da Mata; e Itabirito, na Região Central, em 2014. Os acidentes causaram não só a degradação ambiental nas áreas, como deixaram mortos, feridos, centenas de famílias desabrigadas e muita dor e sofrimento nas comunidades. 

A percepção do estrago e a dor
O Rio Doce, fonte de trabalho e renda para milhares de pessoas, foi duramente atingido. A lama da Samarco avançou no leito e paralisou a captação de água. Os rejeitos de minério de ferro passaram a impedir que a água dos rios afetados pela lama fosse consumida.

população local se queixava da falta de um alarme sonoro que pudesse avisar a todos sobre a iminência de um desastre. "Não temos esse aviso. A lei de segurança das barragens é a 12.334 de 2010 e nós a cumprimos integralmente", disse o coordenador de projetos da Samarco, o engenheiro Germano Silva Lopes.

Gráfico mostra a destruição causada pela Samarco. Arte: Estado de Minas/EM/D.A Press
Gráfico mostra a destruição causada pela Samarco. Arte: Estado de Minas/EM/D.A Press

"Por volta das 14 horas, se ouviu um tremor na barragem do Fundão. Foi feita uma vistoria e não foi constatado anormalidade", disse Lopes. Por volta das 15 horas, porém, houve a ruptura na primeira barragem, que provocou a queda da segunda e o despejo de 62 milhões de toneladas de lama na população de Bento Rodrigues. Foi quando o plano de telefonemas entrou em ação.

Os atingidos pelo desastre começaram a relatar o drama causado pela destruição. “Perdi tudo, mas, graças a Deus, minha esposa e minha filha estão bem, eu estou bem”, desabafava, emocionado, Fernando Santos, de 33 anos, uma das pessoas que conseguiram escapar. Outro morador, Cleiton Jacques, de 24 anos, também buscou refúgio num dos locais em que o terreno era elevado, depois de ser alertado por vizinhos. “Eu e um colega conseguimos abrir uma trilha no meio do mato e subimos. Acho que muita gente escapou desse mesmo jeito”, contou ao Estado de Minas.

Um funcionário da Samarco relatou que tremores foram sentidos horas antes da tragédia. Andrew Oliveira Gomes afirmou que abalos aconteceram na hora do almoço, mas todos funcionários continuaram a trabalhar normalmente.

Um vídeo divulgado no YouTube mostrava funcionários de mineradora fugindo do estouro da barragem.


Emoção: cachorro resgatado da lama por bombeiros teve reencontro feliz com o dono.

Nina foi resgatada do mar de lama e se reencontrou com o dono. Foto: Euler Junior/EM/D.A Press
Nina foi resgatada do mar de lama e se reencontrou com o dono. Foto: Euler Junior/EM/D.A Press

A Samarco divulgou, na sexta-feira, uma nota de esclarecimento sobre o episódio. Empresa afirmava, no texto, que a última fiscalização de segurança realizada apontou que as barragens estavam aptas a funcionar. 

De Mariana ao litoral do Espírito Santo: o antes e depois da lama vistos do espaço
O projeto CuriosaMente, do Diario, publicou na época imagens de três satélites diferentes, disponibilizadas pelo Google, que revelam a dimensão dos estragos da lama liberada pela mineradora Samarco com o rompimento das duas barragens.

Repercussão internacional
A tragédia das barragens em Mariana ganhou o mundo. Jornais de várias partes do globo mostraram as buscas pelas vítimas da inundação em Bento Rodrigues. “Autoridades avaliam local de estouro de represa no Brasil”, era o destaque do norte-americano New York Times

O Telegraph foi um dos jornais estrangeiros que noticiou a tragédia. Foto: The Telegraph/Reprodução
O Telegraph foi um dos jornais estrangeiros que noticiou a tragédia. Foto: The Telegraph/Reprodução

Punições para a Samarco
Na segunda-feira, 9 de novembro, foi divulgado que a Samarco sofreu sérias sanções em responsabilidade pela destruição causada em Bento Rodrigues. O Ministério Público determinou que a mineradora conseguisse moradia e definise renda mínima mensal para desabrigados.

O Governo de Minas também puniu a empresa. A licença de operação da Samarco foi embargada ainda na sexta-feira. Desde então, a mineradora permanece sem operar no estado. No momento da divulgação do embargo, duas mortes haviam sido confirmadas, além de 25 desaparecidos.

Na quarta-feira, dia 11, a Justiça determinou que a Samarco assumisse os custos de abastecimento de cidade de Valadares, também atingida pela destruição. No dia seguinte, seis vítimas fatais já haviam sido identificadas e 19 permaneciam desaparecidas.

Imagem de satélite mostra o antes e o depois do rompimento. Foto: GlobalGeo/Reprodução
Imagem de satélite mostra o antes e o depois do rompimento. Foto: GlobalGeo/Reprodução

No dia 12, uma semana após a tragédia, a presidenta Dilma Rousseff anunciou que o Ibama multaria a Samarco R$ 250 milhões por danos ambientais.

O prefeito de Mariana, Duarte Júnior, defendeu, no dia 13, a criação de um fundo pela Samarco para assistência às vítimas da tragédia. De acordo com Duarte, com a medida, seria possível arrecadar de R$ 500 milhões a R$ 1 bilhão para reparar os danos causados pelo rompimento das barragens do Fundão e de Santarém.

Também no dia 13, o Estado de Minas divulgou a informação de que o lucro de um mês da Samarco pagaria a multa milionária pela tragédia estipulada pela prefeitura de Mariana, que já estava em R$ 350 milhões. A mineradora registrou lucro de R$ 7,6 bilhões em 2014, valor 21 vezes maior que penalidade de prefeitura.

Ainda no mesmo dia, a Justiça de Minas Gerais bloqueou R$ 300 milhões da Samarco. O dinheiro deveria ser usado para reparar os danos causados às vítimas da tragédia.

Um acordo fechado com o Ministério Público decidiu que a Samarco deveria pagar R$ 1 bilhão para arcar com os danos causados pelo desastre.

O que se seguiu após o crime ambiental
O presidente da Samarco, Ricardo Vescovi, conseguiu no dia 19 um habeas corpus preventivo para não ser preso

No dia 22, reconhecendo que o sistema de alerta não funcionou, Vescovi pediu desculpas em rede nacional.

Para piorar ainda mais a situação e a péssima imagem que a Samarco já tinha naquele momento, a mineradora foi flagrada, no dia 28, jogando a lama removida nas margens do Rio do Carmo. O procedimento, segundo especialistas, contamina cada vez mais a água do rio, pois a lama, com a chuva, volta a escorrer para as águas. A Samarco se defendeu dizendo que o depósito no local é temporário e que a empresa busca um espaço mais adequado.

Samarco trabalhando na reparação dos danos. Foto: Yasuyoshi Chiba/AFP Photo
Samarco trabalhando na reparação dos danos. Foto: Yasuyoshi Chiba/AFP Photo

Quase um mês após o rompimento, famílias ainda aguardavam auxílio da Samarco.

Em 13 de janeiro de 2016, Vescovi foi indiciado pela Polícia Federal por crime ambiental. Também foram indiciados o coordenador de monitoramento das barragens, a gerente de geotecnia, o gerente geral de projetos e responsável técnico pela barragem Fundão, o gerente geral de operações, o diretor de operações e o engenheiro responsável pela declaração de estabilidade da barragem Fundão em 2015, que atestou a estabilidade das estruturas. 

Uma semana depois, o presidente da mineradora se afastou do cargo

Em 27 de janeiro, a barragem do Fundão sofreu novo vazamento, fazendo com que a Samarco emitisse um novo alerta. Funcionários tiveram que ser retirados do local, mas não houve novas vítimas.

Em 19 de fevereiro, a Justiça proibiu a pesca na foz do Rio Doce, fortemente atingido pela enxurrada de rejeitos da Samarco. Procuradores alegaram que "a medida visa a preservar a saúde da população que consome os pescados da região e a sobrevivência das espécies já impactadas pelos rejeitos de mineração.

A banda norte-americana de rock Pearl Jam realizou um show, em março, em Belo Horizonte. O vocalista, Eddie Vedder, anunciou que o grupo grunge doou R$ 120 mil às pessoas afetadas pela tragédia em Mariana. 

Em 30 de março, quase cinco meses após o desastre, os diques construídos para conter a lama da Samarco se mostravam insuficientes e os rejeitos seguiam poluindo o Rio Doce.

Já em 16 de maio, o novo ministro do Meio Ambiente do governo Temer, Sarney Filho, sobrevoou Mariana e se recusou a autorizar a volta das atividades da Samarco. 

No dia 10 de junho, o Ministério Público acusou a Samarco de fraudar documentos e ocultar dados para manter a barragem do Fundão. As investigações apontaram ainda que não havia licença ambiental para o depósito de rejeitos de minério de ferro da Vale. 

Duas semanas depois, o MP também declarou que a tragédia em Mariana foi causada por obras na barragem da Samarco. O relatório dizia que, em 2013, na elevação aproximada de 864 metros, o eixo da barragem foi recuado. 

Em 18 de agosto, a Justiça manteve condenação da Samarco a pagar pela recuperação do Rio Doce.

Na última sexta-feira, o Ministério Público de Minas declarou que a Samarco não tem interesse na remoção de rejeitos.

Aniversário trágico: e o futuro?
Os atingidos permanecem sem muitas boas notícias um ano após o crime ambiental em Mariana. O maior compromisso da Samarco é construir novos povoados para os habitantes de Bento Rodrigues e Paracatu, outra comunidade rural que foi enterrada pela lama, mas que não registrou mortes.

Até hoje, nenhum tijolo foi colocado. O único sinal de progresso é uma placa metálica onde se lê "Novo Bento", no meio de uma floresta que se tornará um local de construção, mas que por enquanto só abriga borboletas tropicais, pássaros e ninhos de cupins.

Registro constante: o que sobrou da destruição. Foto: Yasuyoshi Chiba/AFP Photo
Registro constante: o que sobrou da destruição. Foto: Yasuyoshi Chiba/AFP Photo

Apesar da indignação, as vítimas esperam que a Samarco retome suas atividades, paralisadas desde o desastre.

A empresa empregava três mil pessoas, das quais cerca de mil estão agora sem trabalho. Havia também cerca de três mil contratistas e “muitos” foram demitidos, segundo um porta-voz da Samarco.

A enxurrada de lama liberou cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos das operações da mineradora, constituídos, principalmente, por óxido de ferro, água e lama.

Poluição na desembocadura do Rio Doce no Oceano Atlântico. Foto: Arnau Aregio/Wikimedia/Reprodução
Poluição na desembocadura do Rio Doce no Oceano Atlântico. Foto: Arnau Aregio/Wikimedia/Reprodução

Os rejeitos criaram uma "capa" no ecossistema local. Ao secar, a lama virou uma espécie de cimento que impede o desenvolvimento de diversas espécies que ali viviam.

O Rio Doce abrange 230 municípios de Minas Gerais e Espírito Santo que utilizam o seu leito como subsistência. Segundo biólogos, os rejeitos só começarão a ser eliminados do mar em um século, no mínimo.

Com Estado de Minas, agências Brasil, France Presse e Estado


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