Escolas de samba Política e MPB na Marquês de Sapucaí Homenagens ao político Miguel Arraes, à cantora Maria Bethânia e à obra de Chico Buarque marcam a festa de hoje na Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro. À frente da Portela, o carnavalesco Paulo Barros promete surpreender com uma "viagem sem fim"

Por: Correio Braziliense

Publicado em: 09/02/2016 08:23 Atualizado em:

Antes do desfile das escolas, uma homenagem às Olimpíadas. O tema também foi cantado pela União da Ilha. Foto: Vanderlei Almeida/AFP
Antes do desfile das escolas, uma homenagem às Olimpíadas. O tema também foi cantado pela União da Ilha. Foto: Vanderlei Almeida/AFP

A última noite de desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro começa com uma homenagem a um pernambucano. Primeira a entrar na avenida, a Vila Isabel comemora o centenário de Miguel Arraes, que foi prefeito do Recife e governador de Pernambuco.

Avô de Eduardo Campos, candidato à Presidência da República morto em 2014, Miguel Arraes completaria 100 anos em 2016. Ele faleceu em 13 de agosto de 2005. O enredo Memórias de Pai Arraia — um sonho pernambucano, um legado brasileiro tem como autor o presidente de honra da escola, Martinho da Vila. A letra destaca a trajetória de luta pelos menos favorecidos e de defesa da cultura popular e da educação feitas pelo pernambucano.

Já a cantora Maria Bethânia será a homenageada da Mangueira, no enredo Maria Bethânia — a menina dos olhos de Oyá (outro nome dado a Iansã, orixá da baiana). Ela entra na avenida na última alegoria, mas pediu para não ficar no topo do carro porque sofre com vertigem. Em 1994, Bethânia desfilou na escola com o enredo Atrás da verde e rosa só não vai quem já morreu, homenagem aos Doces Bárbaros, grupo que formou com o irmão, Caetano e os cantores Gal Costa e Gilberto Gil. Caetano também participa do desfile neste ano. Em 2015, a Mangueira ficou em 10º lugar.

A Imperatriz vai unir o samba ao sertanejo para contar a história da dupla Zezé de Camargo e Luciano. O enredo É o amor que mexe com minha cabeça e me deixa assim… Do sonho de um caipira nascem os filhos do Brasil narra a trajetória de sucesso dos dois irmãos, que virão no último carro. O pai da dupla, Francisco, também deve desfilar.

Maior campeã do carnaval carioca, a Portela contará sagas da humanidade com o enredo No voo da águia, uma viagem sem fim... O desfile será aberto com Homero e a Odisseia. Aventuras de piratas nos mares também estarão na Marquês de Sapucaí. O carnavalesco Paulo Barros se inspirou em Viagem ao centro da Terra e em 20 mil léguas submarinas, livros do escritor francês Júlio Verne.

Vice-campeã no ano passado e uma das favoritas, Salgueiro entra na avenida com o enredo A ópera dos malandros, uma adaptação da obra de Chico Buarque. Segundo o carnavalesco Renato Lage, há 13 anos na escola, a intenção é falar do malandro poético e não fazer críticas políticas ou sociais. Já a São Clemente apostará no tema circense com o enredo Mais de mil palhaços no salão.

São Jorge


Na noite de ontem, a Estácio abriu a primeira noite de desfiles do grupo especial na Sapucaí. Com uma homenagem a São Jorge, padroeiro dos cariocas e que tem data comemorativa no em 23 de abril.

Em seguida, a União da Ilha encantou com o enredo sobre a Rio 2016. Até o fechamento desta edição, ainda estavam previstos os desfiles da Beija-Flor, Grande Rio, Mocidade e Unidos da Tijuca.


Mocidade em busca do 12º título em SP

Grande destaque do carnaval de São Paulo este ano, a Mocidade Alegre levantou a plateia na arquibancada do Anhembi na segunda noite de desfiles. Vice-campeã em 2015 com uma homenagem à atriz Marília Pêra, a escola apostou nas heranças afro-brasileiras para celebrar Ayo, considerado por povos africanos como o deus do ritmo. Em um desfile sem defeitos, o samba foi festejado. Com os versos “Ôôôô... é a força de Ayo” e “Kaô, Kaô meu pai Xangô”, o público cantou junto e se emocionou na passagem da escola pela avenida. Campeã 11 vezes, a agremiação é uma das favoritas ao título.

Concorrente direta e em busca do bicampeonato, a Vai-Vai levou Paris ao sambódromo celebrando as belezas, a cultura e a liberdade da cidade, que foi fortemente atingida pelo terrorismo no ano passado. Com um desfile cheio de glamour, a escola também levantou a plateia com o refrão “Je suis Vai-Vai” (“eu sou Vai-Vai”). Entretanto, a agremiação pode perder pontos por causa da suspeita de que um dos integrantes agrediu um funcionário do Anhembi.

Primeira a entrar na avenida, a Unidos do Peruche celebrou o centenário do samba com uma verdadeira declaração de amor. Vencedora do Grupo de Acesso no ano passado, a comissão de frente vestida de instrumentos foi o grande destaque. A escola também foi dona do barraco da festa. A empurrões e pontapés, a modelo Juliana Isen, musa do impeachment, foi expulsa do sambódromo depois de tirar a fantasia e ficar com os seios amostra em frente ao recuo da bateria. Ela já tinha sido proibida de usar um tapa-sexo com o logo do “Fora, Dilma”.

A Império de Casa Verde impressionou com um desfile luxuoso e enormes carros alegóricos. Com o enredo O Império dos Mistérios, a escola encantou com uma viagem por diversos temas místicos, como o Eldorado, a fé, a vida em outros planetas e até a morte. Trazendo a religiosidade para o carnaval, a Acadêmicos de Tucuruvi retratou festas religiosas do Brasil, entre elas, o Círio de Nazaré, no Pará, e a de Nossa Senhora Aparecida, em São Paulo. A inspiração veio da própria comunidade.

Celebrando o ato de dar e receber presentes, a Dragões da Real distribuiu bichos de pelúcia para o público e fez chover confetes. Fechando a noite e o carnaval do grupo especial, a X-9 Paulistana fez um desfile atrapalhado: uma oca da comissão de frente perdeu o controle, duas alegorias tiveram problemas e um rapaz caiu de um carro e precisou ser retirado de ambulância. No primeiro dia de desfiles, outras sete escolas se apresentaram: Pérola Negra, Unidos de Vila Maria, Águia de Ouro, Rosas de Ouro, Nenê de Vila Matilde, Gaviões da Fiel e Acadêmicos do Tatuapé. A campeã será conhecida amanhã.


MAIS NOTÍCIAS DO CANAL