Carbaval 2016 Lava-Jato no sambódromo do Rio de Janeiro Mocidade faz uma sátira política ao esquema de corrupção na Petrobras ao se apresentar na Sapucaí. Unidos da Tijuca e Beija-Flor pintam como favoritas na primeira noite de desfiles do carnaval carioca

Por: Marcella Fernandes

Publicado em: 09/02/2016 08:41 Atualizado em:

Penúltima escola a desfilar na madrugada de segunda-feira, a Mocidade Independente de Padre Miguel resgatou os enredos politizados, com referências à ditadura militar. Foto: Vanderlei Almeida/AFP
Penúltima escola a desfilar na madrugada de segunda-feira, a Mocidade Independente de Padre Miguel resgatou os enredos politizados, com referências à ditadura militar. Foto: Vanderlei Almeida/AFP

A Mocidade Independente de Padre Miguel chamou a atenção na Marquês de Sapucaí pela crítica política. Na primeira noite de desfiles no sambódromo do Rio de Janeiro, a escola entrou na avenida com um Dom Quixote. Logo, o moinho de vento se transformou em uma torre de petróleo, de onde saíram cinco engravatados sem cabeça, de terno preto, ao lado de uma figura feminina vestida de vermelho, em uma referência ao escândalo da Petrobras, investigado pela Operação Lava-Jato. Ao longo do desfile, também foram feitas outras referências à corrupção, com rato, moscas e dólares em malas. Nos quesitos técnicos, a agremiação teve dificuldades devido ao tamanho dos carros, o que provocou alguns buracos e correria no fim do desfile.

Os nomes mais fortes na disputa do título carioca, por enquanto, são Beija-Flor e Unidos da Tijuca. Campeã em 2015, mesmo envolvida na polêmica de ter sido financiada por ditador de Guiné Equatorial, a Beija-Flor apostou no luxo, marca da agremiação. Em uma apresentação com carros e fantasias dourados, a escola contou a história do político e artista dos tempos do Brasil Imperial, que dá nome à passarela do samba: Cândido José de Araújo Viana, o Marquês de Sapucaí.

O desfile marcou ainda os 40 anos do intérprete Neguinho da Beija-Flor e os 25 anos de carreira do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Claudinho e Selminha Sorriso. Madrinha da escola e fantasiada de a “dama mais nobre da corte do Brasil”, a atriz Claudia Raia foi destaque no chão, conduzindo o carro que retrata a relação do político mineiro com a realeza. Em 2015, ela veio na comissão de frente.

Última escola a entrar na Sapucaí, a Unidos da Tijuca teve como tema o agronegócio, mas o presidente da agremiação, Fernando Horta, negou que tenha recebido patrocínio do setor. O enredo falou sobre a vida no campo, trouxe as tradicionais alegorias humanas da escola e a reprodução de 24 quadros de Candido Portinari, pintor que retratou a luta das classes trabalhadoras nas plantações.

Também na noite de domingo para segunda-feira, desfilaram Grande Rio, Estácio de Sá e União da Ilha, que trouxe seis atletas cadeirantes na comissão de frente. A escola teve como tema os jogos olímpicos de 2016. A campeã carioca será conhecida na quarta-feira.

Ontem, na última noite de desfiles do Rio, a Vila Isabel entrou na avenida às 21h com uma homenagem a Miguel Arraes, que foi prefeito de Recife e governador de Pernambuco. Em seguida, o Salgueiro apresentou o enredo A ópera dos malandros, uma adaptação da obra de Chico Buarque. Na sequência, estavam previstas São Clemente, Portela, Imperatriz e Mangueira.

MAIS NOTÍCIAS DO CANAL