Seminus MC Bandida e candidatos a Mister DF protestam contra o preço da gasolina

Por: Correio Braziliense

Publicado em: 27/02/2015 14:52 Atualizado em: 27/02/2015 15:00

Foto: Daniel Ferreira/ CB / D.A. Press
Foto: Daniel Ferreira/ CB / D.A. Press
A rotina da Rodoviária de Brasília, de correria, buzinas e uma trilha sonora que geralmente mistura sofrência com sertanejo universitário foi interrompida no fim da tarde de ontem por um grupo de homens de tanquinho de fora e uma sintomática sunga branca. Descamisados, certamente, mas com outras “reivindicações” em pauta. Guiados por uma mulher com um biquíni pequeno, também branco e o rosto coberto por uma renda preta, todos traziam em seus corpos, escrita de canetinha preta, a frase: “Abaixo a gasolina”. O preço do combustível no Distrito Federal é um dos mais caros do país, em média, R$ 3,54, e o governo anunciou novo aumento para 1º de março.

O que muitos que torciam o pescoço para prolongar o olhar, mas pareciam não perceber, é que se tratava de um protesto e, como indicavam as faixas que os rapazes levavam com orgulho no ombro, organizado pelos candidatos a Mister Distrito Federal.

Na última aparição antes da noite de premiação, que ocorre na noite desta sexta-feira (27/2), 13 dos 33 competidores decidiram que deveriam protestar contra o preço dos combustíveis e, de quebra, contra a atual situação do país: “Tudo o que tem de ruim e está aí, tipo a corrupção também”, descreveu o candidato do Cruzeiro, Danilo Silveira.

“Toda a pessoa em sã consciência sabe que é abuso do governo. Ele está abusando demais do poder”, discursou Thiago Dias, candidato do Itapoã, tentando explicar o motivo da sua presença ali. “Mister é aquele que se preocupa com a sua população, com o seu país, ou até mesmo com a sua cidade, e isso é um roubo. O governo está propondo aumentos que não tem cabimento, e está afetando muita gente, da classe C, da classe D”, completou o rapaz.

A mascarada que liderava o grupo era a única menina entre eles — musas fitness até haviam sido anunciadas pela organização do protesto, mas ninguém deu as caras. Madrinha e assistente de palco do concurso, Valéria Santana, a MC Bandida, é cantora e dançarina, e notabilizou-se nas últimas eleições com uma candidatura à Câmara Legislativa que acabou naufragando: Bandida somou apenas 237 votos.

Em meio à manifestação, porém, a dançarina fez bem mais sucesso. Além das batucadas no galão que trazia, a barriga definida dizia “Posto da bandida” acima do preço que — imagina-se — ela considera ideal para a gasolina: “Gasolina a R$ 1,99”.

A moça jura ser experiente na militância. Diz que gosta de acompanhar os assuntos políticos e que “tudo aumenta e ninguém faz nada”. “Querida, sou a Rainha dos Protestos”, explica. Em janeiro, com a mesma bandeira de lutar contra o aumento da gasolina, ela posou em frente ao Congresso com faixa na mão e tinta no corpo.

Com gel
Tanquinho de fora, sunga e faixa a postos, os 13 candidatos deslizavam pelas escadas rolantes. Entre olhares assustados e suspiros, muitos celulares surgiram para a tradicional sessão “amadora” de fotos — selfies, vídeos e snapchats. “Amiga, corre.

Está rolando desfile dos misters aqui na Rodoviária. Vem rápido”, avisou uma jovem pelo WhatsApp. Impossível saber se ela chegou a tempo, mas o que a “amiga” perdeu foi empurra-empurra no banheiro da Rodoviária que os rapazes adotaram na troca da calça pela sunga. “Agora aqui ficou quente”, gritou uma moça que espiou a movimentação quando entrava no toalete feminino do subsolo. “Eles param a rodoviária, né? Fica tudo mais bonito”, comentou um senhor que observava o “desfile”.

Uma mulher filmava o grupo passando, sem exatamente disfarçar seus alvos: levantava e descia o celular, para pegar desde a sunga ao cabelo modelado com gel dos rapazes. Depois, fez questão de filmar a Bandida também — frente e verso —, “essa meu filho vai adorar”.

Apesar de a maioria ter gostado do protesto, houve quem se estressou na confusão, que começou por volta das 17h30 e durou pouco menos de uma hora. Um homem que tentava subir as escadas no momento em que os misters desciam reclamou baixinho, como que desabafando para si mesmo “a gente trabalha o dia inteiro e ainda tem que aturar isso”.

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