Cultura
Belo Horizonte terá museu interativo de sexo
Espaço funcionará em um casarão na Rua Guaicurus, no maior complexo de prostituição do país
Por: Estado de Minas
Publicado em: 31/01/2015 15:45 Atualizado em:
Cida Vieira, mentora do projeto: inspiração no museu de Amsterdã. Foto: Ramon Lisboa/EM/D.A. Press |
Na zona de baixo meretrício da Guaicurus, com prédios em art decor da década de 1920, já trabalharam figuras históricas como a prostituta Hilda Furacão e o travesti Cintura Fina, personagens imortalizados pelo escritor mineiro Roberto Drummond. Outra precursora foi a paulistana Gabriela Leite, criadora da grife de roupas Daspu, de São Paulo, que teve passagem por BH.
“O museu vai ajudar a quebrar o estigma do trabalho das prostitutas na sociedade mineira, que é falsa moralista. Convive com a Guaicurus desde sempre e nunca nos assumiu. Agora, as profissionais do sexo vão sair do armário”, afirma a mentora do projeto Cida Vieira, presidente da Associação das Prostitutas de Minas Gerais (Aprosmig), que chegou a implantar o curso de inglês e espanhol para prostitutas de BH na Copa do Mundo de 2014. Ela lembra que, desde 2010, a profissão já está prevista na Classificação Brasileira das Ocupações.
Na segunda-feira, às 13h30, ocorre a primeira reunião oficial do projeto do Museu Virtual do Sexo, na sede da Aprosmig, na Rua Guaicurus. Com os primeiros rascunhos nas mãos, Cida e os outros participantes vão inscrever o projeto na Belotur e na Secretaria Estadual de Cultura. O imóvel já existe. “Fiz uma exposição no Hotel Diamante, no ano passado. Muitos dos convidados nunca tinham entrado antes em um prostíbulo. É importante fazer o museu ali mesmo, na Rua Guaicurus, para que os moradores da cidade descubram a beleza arquitetônica do Centro e das relações sociais”, afirma o antropólogo e artista visual Francilins.
VERSÃO VIRTUAL Enquanto não se consolida o patrocínio ao museu do sexo de BH, a associação das prostitutas e seus parceiros estão reunindo material para lançar a versão virtual, com a projeção de vídeos, fotos e objetos que possam recriar a rotina das mulheres da Rua Guaicurus. “No primeiro momento, temos a plataforma visual. Quando tivermos apoiadores, podemos viabilizar o museu físico. O importante é dar visibilidade a estas pessoas que estão ali trabalhando e que a cidade tenta esconder. Trata-se de uma patrimônio imaterial de enorme importância, que poderá funcionar como atração turística, assim como em Amsterdã”, diz o artista Francilins.
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