INFESTAÇÃO

Mosca do estábulo volta a atacar rebanhos no estado

Publicado em: 04/09/2023 11:23


Os municípios do Agreste e da Zona da Mata de Pernambuco são os que mais sofrem com a praga, que pode levar ao emagrecimento e até a morte dos animais
 (Foto: João Tavares da Silva)
Os municípios do Agreste e da Zona da Mata de Pernambuco são os que mais sofrem com a praga, que pode levar ao emagrecimento e até a morte dos animais (Foto: João Tavares da Silva)
A infestação da mosca do estábulo está de volta a Pernambuco. A praga, que causa estresse, emagrecimento e até morte dos rebanhos, atinge diversos municípios da Zona da Mata e do Agreste do estado. Segundo a União Nordestina da Agropecuária (UNA), a infestação é comum nesta época do ano e coincide com o período em que os agricultores da região começam a colocar a cama de frango em suas plantações, utilizada como adubo orgânico. A prática atrai a mosca, que passa a pôr seus ovos no produto rico em matéria orgânica, e gera a infestação.

De acordo com João Tavares da Silva, diretor da UNA, há registro de que a infestação tenha começado por volta do dia 10 de agosto. Já considerada de alta intensidade, a praga atinge, principalmente, os municípios de Barra de Guabiraba, Cortês, Sairé, Gravatá, Amaraji, Bonito e Camocim de São Félix.

"Existem muitas mortes de bovinos e equinos na região pelos ataques das moscas. Como a mosca adulta se alimenta de sangue, são verificadas feridas em todo o corpo dos animais. Além disso, deixam os rebanhos em estado de muito estresse, impossibilitando a alimentação diurna, causando emagrecimento e perda de escore corporal, acarretando a perda de cios das vacas, abortos e morte dos bezerros", explica.

A infestação da mosca do estábulo pode reduzir o ganho de peso de rebanhos em até 30% e diminuir até 60% na produção leiteira, conforme a Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco (Adagro).

Para o veterinário e sanitarista, João Teobaldo, o caso de infestação de moscas requer atenção e cuidado, porque pode gerar zoonose. "É muito preocupante a falta de fiscalização e compreensão dos plantadores. Corre-se o risco, sim, de aparecer zoonose (doenças infecciosas difundidas entre animais e pessoas) transmitida para algum familiar de plantador de cará, por exemplo. A mosca hematófaga suga o sangue de uma pessoa doente e pode levar para outra", alertou.

"Os pecuaristas sofrem com esse problema há 15 anos. De três anos para cá temos feito diversas atividades junto a órgãos do estado, como o IPA (Instituto Agronômico de Pernambuco) e a Adagro, procurando novos adubos orgânicos compostados, que não criem esse tipo de problema; contribuindo com informações e ajuda material na pesquisa de soluções e mostrando novas tecnologias de produção aos agricultores, sem agressão ao meio ambiente", afirmou João Tavares.

A diretora da Adagro, Raquel Melo, afirmou que a agência tem "equipes atuando de forma ostensiva na região atacada, visitando as propriedades e orientando os produtores no que diz respeito à correta utilização da cama de frango e do esterco de aves". Ela também informou que a agência tem realizado barreiras móveis no trânsito de adubos orgânicos e feito divulgação de spots para rádio, também repassados às prefeituras.

Lei ajudou a reduzir incidência
Ainda, segundo o presidente da UNA, com a obediência da Lei Estadual nº 17.890, de 13 de julho de 2022, que proibia a utilização de cama de frango na região, entre julho e outubro, foi possível, no ano passado, reduzir a incidência da mosca em 80%.

A legislação, no entanto, foi alterada pela Lei nº 18.064, de dezembro de 2022, que autoriza a utilização do adubo, desde que algumas regras sejam cumpridas. Para isso, a Adagro elaborou um termo de compromisso que regula essa utilização do adubo.

Com a assinatura do termo, os agricultores se comprometem a enterrar o material orgânico a uma profundidade de, no mínimo, 20 centímetros, bem como utilizar os princípios do manejo integrado de pragas para o controle do inseto. Os princípios de manejo devem priorizar o uso de armadilhas e cobrir o material orgânico com lonas até que ele seja utilizado nas áreas, bem como transportar o material devidamente ensacado e com documentos sanitários.
 
Armadilhas foram criadas para tentar conter as moscas  (Foto: João Tavares da Silva)
Armadilhas foram criadas para tentar conter as moscas (Foto: João Tavares da Silva)
 

Na tentativa de conter os danos, muitos produtores apostaram nas armadilhas para capturar as moscas e atenuar a incidência da praga nos pastos, mas o resultado não tem sido satisfatório. O controle da praga passa pela necessidade de enterrar a cama de frango assim que for colocada no plantio e, o mais importante, de transformar o produto orgânico em um material inerte, que tenha as mesmas propriedades, mas que não atraia moscas.

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