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Mosca do estábulo volta a atacar rebanhos no estado

A infestação da mosca do estábulo está de volta a Pernambuco. A praga, que causa estresse, emagrecimento e até morte dos rebanhos, atinge diversos municípios da Zona da Mata e do Agreste do estado. Segundo a União Nordestina da Agropecuária (UNA), a infestação é comum nesta época do ano e coincide com o período em que os agricultores da região começam a colocar a cama de frango em suas plantações, utilizada como adubo orgânico. A prática atrai a mosca, que passa a pôr seus ovos no produto rico em matéria orgânica, e gera a infestação.

De acordo com João Tavares da Silva, diretor da UNA, há registro de que a infestação tenha começado por volta do dia 10 de agosto. Já considerada de alta intensidade, a praga atinge, principalmente, os municípios de Barra de Guabiraba, Cortês, Sairé, Gravatá, Amaraji, Bonito e Camocim de São Félix.

"Existem muitas mortes de bovinos e equinos na região pelos ataques das moscas. Como a mosca adulta se alimenta de sangue, são verificadas feridas em todo o corpo dos animais. Além disso, deixam os rebanhos em estado de muito estresse, impossibilitando a alimentação diurna, causando emagrecimento e perda de escore corporal, acarretando a perda de cios das vacas, abortos e morte dos bezerros", explica.

A infestação da mosca do estábulo pode reduzir o ganho de peso de rebanhos em até 30% e diminuir até 60% na produção leiteira, conforme a Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco (Adagro).

Para o veterinário e sanitarista, João Teobaldo, o caso de infestação de moscas requer atenção e cuidado, porque pode gerar zoonose. "É muito preocupante a falta de fiscalização e compreensão dos plantadores. Corre-se o risco, sim, de aparecer zoonose (doenças infecciosas difundidas entre animais e pessoas) transmitida para algum familiar de plantador de cará, por exemplo. A mosca hematófaga suga o sangue de uma pessoa doente e pode levar para outra", alertou.

"Os pecuaristas sofrem com esse problema há 15 anos. De três anos para cá temos feito diversas atividades junto a órgãos do estado, como o IPA (Instituto Agronômico de Pernambuco) e a Adagro, procurando novos adubos orgânicos compostados, que não criem esse tipo de problema; contribuindo com informações e ajuda material na pesquisa de soluções e mostrando novas tecnologias de produção aos agricultores, sem agressão ao meio ambiente", afirmou João Tavares.

A diretora da Adagro, Raquel Melo, afirmou que a agência tem "equipes atuando de forma ostensiva na região atacada, visitando as propriedades e orientando os produtores no que diz respeito à correta utilização da cama de frango e do esterco de aves". Ela também informou que a agência tem realizado barreiras móveis no trânsito de adubos orgânicos e feito divulgação de spots para rádio, também repassados às prefeituras.

Lei ajudou a reduzir incidência
Ainda, segundo o presidente da UNA, com a obediência da Lei Estadual nº 17.890, de 13 de julho de 2022, que proibia a utilização de cama de frango na região, entre julho e outubro, foi possível, no ano passado, reduzir a incidência da mosca em 80%.

A legislação, no entanto, foi alterada pela Lei nº 18.064, de dezembro de 2022, que autoriza a utilização do adubo, desde que algumas regras sejam cumpridas. Para isso, a Adagro elaborou um termo de compromisso que regula essa utilização do adubo.

Armadilhas foram criadas para tentar conter as moscas

Na tentativa de conter os danos, muitos produtores apostaram nas armadilhas para capturar as moscas e atenuar a incidência da praga nos pastos, mas o resultado não tem sido satisfatório. O controle da praga passa pela necessidade de enterrar a cama de frango assim que for colocada no plantio e, o mais importante, de transformar o produto orgânico em um material inerte, que tenha as mesmas propriedades, mas que não atraia moscas.

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