Embrapa desenvolve novo tipo de melão para o Vale do São Francisco
Publicado: 01/12/2021 às 14:08

/O melão BRS Anton pode produzir até 35 toneladas por hectare. FOTO: Gislene Alencar/Embrapa
Frutos doces e com boa produtividade. Características que se mostram positivas tanto para os consumidores quanto para os produtores. Essas são as referências da nova cultivar híbrida do melão amarelo que foi desenvolvida para as condições ambientais do Vale do São Francisco. O melão BRS Anton vai beneficiar os pequenos e médios produtores rurais da região, garantindo uma melhor competitividade para eles. Inclusive porque a fruta é resistente ao frio e tem boas condições para exportação.
O melão BRS Anton foi desenvolvido através do programa de melhoramento genético do meloeiro da Embrapa. Na etapa de validação, ele teve potencial produtivo de 35 toneladas por hectare, resultado superior à produtividade média do melão nacional, que é estimada em 25 toneladas por hectare. Uma qualidade positiva da nova cultivar diz respeito à resistência no pós-colheita. Isso acontece porque o melão BRS Anton tem uma maior rugosidade e espessura da casca, minimizando os danos externos.
Segundo o agrônomo Valter Rodrigues Oliveira, pesquisador da Embrapa Hortaliças (DF), essas características fazem com que a nova cultivar “seja produzida nos principais polos de melão do Nordeste, como o Vale do São Francisco, e transportados até os centros consumidores mais distantes, no Centro-Sul do Brasil, com a mínima perda de qualidade”, disse em entrevista à Agência Embrapa.
Outra qualidade é que o fruto consegue suportar bem o frio, podendo alcançar mercados mais distantes, como o da exportação. Além disso, o BRS Anton é resistente às raças 1 e 2 do oídio, fungo que atinge as principais regiões produtoras de melão do Brasil. Essa característica é importante porque os meloeiros sofrem pressão de pragas e doenças, especialmente no Nordeste, onde o clima é quente e propício a problemas fitossanitários.
A nova cultivar ainda tem o ciclo de cultivo precoce, que gira em torno de 64 dias a partir do transplante das mudas para a região do Vale do São Francisco. O resultado é um impacto positivo nos custos, mas também um tempo menor de exposição a condições ambientais adversas e a doenças e pragas.
CONDIÇÕES IDEAIS
Dias quentes, com alta luminosidade, alternados com noites com temperaturas amenas. Essas são as condições ideais para a produção do melão BRS Anton. As características garantem a indicação para a produção da nova cultivar no Vale do São Francisco, mas também em outras regiões brasileiras.
Com essas condições, o agrônomo Valter Rodrigues Oliveira ressalta que todas as regiões do país podem cultivar o melão em pelo menos alguma época do ano. “É claro que, na medida em que se caminha do Norte para o Sul, o número de meses favoráveis ao cultivo diminui. Já no Nordeste, as condições climáticas predominantes possibilitam o cultivo de melão praticamente durante todos os meses do ano”, disse.
O melão BRS Anton também se adapta bem nos tradicionais polos de cultivo da fruta no Nordeste, como no Vale do Açu, no Rio Grande do Norte, e na região do Baixo Jaguaribe, no Ceará. Mas, no Vale do São Francisco, a nova cultivar será importante aos produtores locais porque vai garantir mais valor e competitividade para os pequenos e médios produtores.
O Vale do São Francisco responde atualmente por 13% da área de cultivo de melão no Brasil, sendo as cerca 55 mil toneladas produzidas anualmente destinadas ao consumo do mercado nacional. Nas décadas de 1970 e 1980, a região era maior produtora da fruta do país, o que passou para o Rio Grande do Norte e o Ceará. (Com Agência Embrapa)

