Sul de Gaza próximo de ficar sem abastecimento de água
Desde o início da sua ofensiva em Gaza, Israel restringiu o já limitado acesso a combustível, que é essencial para abastecer as restantes centrais elétricas e os caminhões
Publicado: 20/06/2025 às 16:57

Faixa de Gaza (BASHAR TALEB / AFP)
A ONG Ação Contra a Fome (AAH, na sigla em inglês) alertou nesta sexta-feira (20) que está prestes a ficar sem abastecimento de água. A AAH disse que desde o início da ofensiva israelense foram danificadas ou destruídas 89% das infraestruturas de água e saneamento na Faixa de Gaza, incluindo 238 poços e partes da principal conduta de água para o enclave.
A AAH possui mais de 100 pontos de abastecimento de água através de caminhões-cisterna na Cidade de Gaza, no centro e no sul, uma vez que o acesso ao norte está severamente limitado pelas operações do exército de Israel e pelas ordens de evacuação.
Segundo a AAH, os impactos nas centrais de dessalinização, poços e outras infraestruturas também reduziram a produção de água para menos de 58% do que era produzido antes do conflito, o que deixou 90% da população de Gaza sem acesso a água potável.
Desde o início da sua ofensiva em Gaza, Israel restringiu o já limitado acesso a combustível, que é essencial para abastecer as restantes centrais elétricas e os caminhões. A ONG estima que, se o acesso continuar a se negado, 122 instalações municipais, incluindo poços e estações de bomba de esgotos, fiquem sem combustível até ao final de junho, atingindo o serviço a um milhão de pessoas em Gaza. “Nos próximos dias, esta situação crítica ameaça comprometer o acesso a água potável a pelo menos 78 mil pessoas no sul, principalmente na cidade de Khan Yunis”, adverte.
Além de afetar o acesso da população à água, a situação prejudicou o acesso à eletricidade para os hospitais, que também usam geradores movidos a combustível. "Só o acesso humanitário imediato e irrestrito a todas as passagens da fronteira de Gaza, à circulação dentro de Gaza, assim como às famílias carentes e às reservas de combustível, evitará uma catástrofe de grandes proporções", afirma a AAH.
Em 2 de março, quando o governo israelense determinou o bloqueio total ao acesso de ajuda humanitária a Gaza, a entrada de combustível foi também completamente interrompida.
A partir do final de maio, a entrada de alguns caminhões em Gaza começou a ser permitida, no entanto a distribuição realizada por uma empresa privada, a Fundação Humanitária de Gaza, que conta com o apoio dos EUA, ainda é escassa e tem sido marcada pelo caos e tiros dos militares contra palestinos, que já causou dezenas de mortos e feridos.

