AIEA adverte sobre os riscos a ataques a instalações nucleares no Irã
O diretor da AIEA considera que os ataques armados a instalações nucleares devem ser evitados
Publicado: 20/06/2025 às 15:32

Chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, durante reunião extraordinária do Conselho de Segurança das Nações Unidas (MICHAEL M. SANTIAGO / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP)
O chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, alertou hoje na reunião extraordinária do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que um ataque de Israel à central nuclear de Bushehr, no sul do Irã, pode desencadear uma catástrofe regional, dentro e fora das fronteiras do território iraniano, mas acrescentou que ainda não foram detectadas radiações.
“Volto a apelar à máxima contenção Nas últimas horas, os países da região me contataram diretamente para manifestar as suas preocupações e eu quero deixar isto absolutamente claro: em caso de ataque à central nuclear de Bushehr, um ataque direto resultaria numa liberação muito elevada de radioatividade. Os ataques israelenses que visaram instalações nucleares no país causaram uma forte degradação da segurança nuclear no país e apesar de até agora não terem causado qualquer fuga radiológica que afete a população, existe o perigo de que tal possa ocorrer", disse.
O diretor da AIEA não tem conhecimento ainda de quaisquer danos em Fordow neste momento e considera que os ataques armados a instalações nucleares devem ser evitados, pois podem resultar em libertações radioativas grandes. Grossi defende uma solução diplomática para pôr fim aos ataques de Israel ao Irã, afirmando que a agência de vigilância da ONU pode assegurar um controle rigoroso em qualquer acordo sobre a colocação da tecnologia nuclear iraniana sob controle internacional. “A AIEA pode garantir, através de um sistema de inspeções incontestáveis, que armas nucleares não serão desenvolvidas no Irã”, garantiu.
Nas instalações nucleares de Isfahan, quatro prédios foram danificados no ataque de sexta-feira passada: o laboratório químico central, uma fábrica de conversão de urânio, a fábrica de combustível para reatores de Teerã e a instalação de processamento de urânio enriquecido em metal, que estava em construção. Não foi registrado qualquer aumento dos níveis de radiação fora do local.
Já o reator de investigação de água pesada Khondab, em construção em Arak, foi atingido. Como o reator não estava operacional e não continha qualquer material nuclear, não se receiam consequências radiológicas. Segundo Grossi, se calcula que a central de produção de água pesada, situada nas proximidades, também tenha sido atingida, não se prevendo ainda consequências em termos de radiação.

