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Assuntos Estratégicos israelenses

Israel ameaça anexar partes da Cisjordânia se Estado da Palestina for reconhecido

A maioria dos países da ONU, mais especificamente 143 dos 193 membros, reconhece o Estado da Palestina como um estado soberano

Isabel Alvarez

Publicado: 27/05/2025 às 11:57

Um soldado do exército israelense aponta seu rifle durante um ataque no coração da cidade palestina de Nablus, na Cisjordânia ocupada, em 27 de maio de 2025. Em 27 de maio, as forças israelenses invadiram lojas de câmbio em várias cidades da Cisjordânia, incluindo Ramallah e Nablus, acusando sua empresa controladora de

Um soldado do exército israelense aponta seu rifle durante um ataque no coração da cidade palestina de Nablus, na Cisjordânia ocupada, em 27 de maio de 2025. Em 27 de maio, as forças israelenses invadiram lojas de câmbio em várias cidades da Cisjordânia, incluindo Ramallah e Nablus, acusando sua empresa controladora de "conexões com organizações terroristas", de acordo com um aviso de fechamento do exército. (Foto: PJaafar ASHTIYEH / AFP)

O ministro israelense de Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, ameaçou que Israel anexará territórios da Cisjordânia se o Reino Unido e a França, entre outros países, reconhecerem o Estado da Palestina.

Dermer fez estas declarações em resposta a um possível reconhecimento internacional do Estado palestino na cúpula das Nações Unidas, em Nova Iorque, que será co-presidida por França e Arábia Saudita no próximo dia 18 de junho.

Em uma conversa com o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noël Barrot, Dermer alertou que Tel Aviv tomará medidas unilaterais como a legalização de assentamentos não autorizados e a anexação de partes da Área C da Cisjordânia, o maior dos três setores administrativos em que o território foi dividido após os Acordos de Oslo, assinados como temporários e nunca efetivados. Segundo os acordos assinados em 1993, essa localidade ficava sob administração de Israel, enquanto a zona B sob o controle administrativo da Autoridade Palestina e controle militar israelense, sendo a zona A administrada exclusivamente pela Autoridade Palestina.

O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, também já fez advertências similares sobre possíveis medidas unilaterais, em reação a posições tomadas por Barrot, assim como pelo chanceler britânico, David Lammy, e outros países. O chefe da diplomacia do Reino Unido disse recentemente que seu pai estava em conversações com o governo francês sobre a probabilidade de reconhecimento do Estado palestino, mas assinalou que Londres só apoiaria esta decisão se esta tivesse consequências tangíveis.

Já o presidente do Conselho Europeu, António Costa, declarou que a União Europeia continua a apoiar firmemente uma solução baseada na existência de dois Estados e aguarda com expectativa a conferência da Organização das Nações Unidas que tratará do assunto.

A maioria dos países da ONU, mais especificamente 143 dos 193 membros, reconhece o Estado da Palestina como um estado soberano. Isso representa cerca de 74% dos países membros da ONU, sendo que a maior parte são nações da África, Ásia e América Latina.

No entanto, dos europeus são apenas a Espanha, Irlanda e a Noruega. Este reconhecimento recente tem sido motivo de controvérsia e reação de Israel e até de outras potências, como os EUA. Mas, muitos líderes mundiais admitem que a única solução são os dois Estados. A questão do reconhecimento da Palestina continua a ser um ponto central no conflito israelense-palestino.

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