° / °
Esportes DP Mais Esportes Campeonatos Rádios Serviços Portais

Vexame e queda: os cinco maiores erros que levaram o Sport ao rebaixamento para a Série B

Sport viveu um ano marcado por inúmeros erros na condução do futebol do clube

Por Gabriel Farias

Recife, PE, 26/07/2025 - SPORT X SANTOS - Na noite desse sábado(26), a equipe do Sport recebeu a equipe do Santos pelo Campeonato Brasileiro da Serie A 2025 no estádio da Ilha do Retiro. Time do Sport

O ano de 2025, que começou com o discurso de reconstrução e ambição na Ilha do Retiro, terminou no pior cenário possível para o Sport, rebaixado à Série B após a derrota por 5 a 1 neste sábado (15)  para o Flamengo na Arena de Pernambuco . Um elenco reformulado, altos investimentos e promessas de uma temporada sólida na Série A criaram a expectativa de um novo ciclo no Leão.

Em novembro, o clube vive o oposto: rebaixado com cinco rodadas de antecedência, endividado, pressionado pela torcida e com o futuro político incerto após o presidente Yuri Romão anunciar que vai antecipar a a sua saída do clube.

 

Confira os maiores equívocos que pavimentaram o caminho do Leão ao vexame e rebaixamento, com direito a lanterna da tabela do Campeonato Brasileiro.

1. Investimentos milionários, retorno mínimo

O Sport iniciou 2025 com um dos maiores orçamentos do Nordeste. Foram cerca de R$ 57 milhões investidos em contratações (recorde na história do Leão), incluindo atletas estrangeiros e jogadores com passagens por grandes clubes, apresentados como "peças de impacto". No entanto, o retorno em campo foi praticamente nulo.

Muitos desses reforços pouco atuaram, alguns deixaram o clube antes do fim da temporada e não justificaram o investimento. O resultado foi um elenco caro, desajustado e sem identidade — um contraste gritante com a expectativa criada pela diretoria no início do ano.

De 15 jogadores que desembarcaram na Ilha do Retiro, nove chegaram em definitivo: João Silva, Matheus Alexandre (R$ 9 milhões), Rivera (R$ 17 milhões), Sérgio Oliveira, Atencio (R$ 12 milhões), Paciência, Carlos Alberto (R$ 15 milhões), Gustavo Maia e Pablo). Com uma Série B em 2026, o futuro desses atletas parece indefinido, principalmente pela nova realidade na próxima temporada. 

2. Perfil equivocado na montagem do elenco

O erro começou ainda na primeira janela de transferências, com a montagem de um elenco sem equilíbrio entre experiência e funcionalidade. O Sport apostou em nomes de currículo pesado, mas com pouca intensidade física e pouca adaptação ao futebol brasileiro.

Faltou planejamento e leitura de perfil: enquanto outros clubes buscaram atletas em ascensão, o Leão apostou em "grifes" que não renderam. O resultado foi um grupo desmotivado e limitado tecnicamente, que jamais encontrou entrosamento ou padrão de jogo.

Chamaram a atenção assim que chegaram os três portugueses (Gonçalo Paciência, João Silva e Sérgio Oliveira), o lateral Matheus Alexandre, o volante colombiano Rivera, o meia-atacante argentino Atencio e o atacante Carlos Alberto — essas foram as contratações mais badaladas.

No segundo semestre, Yuri Romão admitiu erros na montagem do elenco no começo do ano, apesar de defender a estratégia inicial. O próprio mandatário reconheceu falhas na análise e no processo de escolha dos atletas.

Com futuro incerto, o Leão sabe que possui 32 jogadores com contrato garantido para a próxima temporada.

 

 

3. Trocas de técnicos e ausência de projeto

A falta de convicção no comando técnico foi outro ponto decisivo. O Sport começou a temporada com Pepa, passou por António Oliveira, cuja passagem durou menos de um mês, e terminou sob comando de Daniel Paulista e, depois, do interino César Lucena.

O clube nunca teve uma linha de trabalho definida, o que desorganizou ainda mais o time, e a instabilidade nos bastidores se refletiu diretamente em campo. As saídas em sequência dos treinadores custaram caro aos cofres leoninos, principalmente por parcelas de pagamento dos valores das rescisões. 

O início da temporada de 2025 ficou sob o comando do técnico português Pepa, de contrato renovado e responsável pela montagem de grande parte do elenco. Em campo, o time mostrava pouco poder nos grandes jogos, excesso de rodízios na escalação e nenhuma identidade tática definida. A campanha irregular durou até a 7ª rodada da Série A, quando o treinador foi demitido.

Na sequência, o também português António Oliveira foi anunciado como substituto, mas sua passagem foi de apenas 26 dias e quatro partidas. O treinador, que chegou com o objetivo de reestruturar o futebol do Leão, fez ainda pior, não demonstrando nenhuma evolução e deixou o cargo sem nenhuma vitória conquistada. E ainda com uma multa rescisória de R$ 3 milhões a receber. 

Com a saída de António, o Sport apostou no retorno de um velho conhecido e ídolo: Daniel Paulista. A ideia era resgatar a identidade e a confiança, mas o efeito prático não veio. Com o que sobrou do planejamento, em 19 jogos, foram apenas duas vitórias, nove empates e oito derrotas.

A tentativa de reencontrar um estilo de jogo competitivo terminou com instabilidade, baixo rendimento e resultados decepcionantes, da mesma forma que começou.

4. Reforços medianos na segunda janela

Com o primeiro semestre frustrante, a diretoria apostou em uma reformulação durante a segunda janela. A promessa era de um elenco mais competitivo para reagir no returno. Na prática, os 11 reforços chegaram tardiamente e não elevaram o nível técnico da equipe. Um estrago cometido bem antes da mudança de postura da gestão de futebol. 

Com a chegada do técnico Daniel Paulista, em junho, o clube passou a adotar uma estratégia mais pontual nas contratações, buscando reforços que se encaixassem no modelo de jogo traçado pela nova comissão técnica. Alguns dos novos nomes assumiram papel de titulares e ganharam espaço rapidamente. 

As contratações foram pontuais, mas sem o impacto necessário. Jogadores chegaram sem ritmo, alguns marcados por lesões antes da vinda ao Recife, ou em baixa, e o time seguiu sem criatividade ofensiva nem segurança defensiva.

O resultado foi uma campanha marcada por gols sofridos em excesso, principalmente nos momentos finais dos jogos, e um ataque ineficiente, comandando por um dos que chegaram na segunda janela, Derik (artilheiro do time na Série A), mas que terminou afastado por indisciplina.

Outro destaque em meio ao caos foi o goleiro Gabriel, que salvou a equipe rubro-negra até onde pôde, mas não o suficiente para operar o milagre de evitar o rebaixamento.

5. Falta de transparência e crise financeira crescente

Nos bastidores, o discurso de "projeto sólido" se desfez. O clube que começou 2025 com investimentos milionários terminou o ano com atrasos salariais, cortes operacionais e dificuldades para manter o elenco motivado.

A transparência, prometida pela gestão, também ficou em segundo plano. A torcida passou a desconfiar das decisões do departamento de futebol, especialmente após episódios de afastamentos, punições internas e negociações pouco explicadas.

Hoje, o Sport lida com um cenário preocupante. São dívidas crescentes, salários atrasados e a necessidade de vender jogadores e direitos de operação de jogos para fechar o caixa.

Vale ressaltar os casos das demissões dos técnicos Pepa e António Oliveira, pouco detalhados pelo clube em relação aos acordos de rescisão, além da compra dos direitos de Rodrigo Atencio, que exigiu explicações do Sport após a divulgação de informações pela imprensa.

Soma-se a isso a venda da partida contra o Flamengo, da Ilha para a Arena de Pernambuco, e as diversas notas de esclarecimento publicadas ao longo da temporada, fatores que contribuíram para aumentar a desconfiança do torcedor em relação à transparência entre o clube e a massa rubro-negra.