Jogo dos contrastes: o lanterna Sport encara o Mirassol, que sonha com vaga na Libertadores
Equipes que subiram juntas à Série A vivem realidades bem diferentes neste Brasileirão
O confronto entre Sport e Mirassol, neste sábado (25), às 18h30, na Ilha do Retiro, pela 30ª rodada da Série A do Campeonato Brasileiro, marca o reencontro de duas equipes que vieram da Série B, mas que hoje vivem trajetórias completamente diferentes na elite do futebol nacional.
Ambos subiram juntos e chegaram ao topo com expectativas distintas. Se o Sport, tradicional campeão brasileiro e dono de uma das torcidas mais apaixonadas do país, sonhava em retomar o protagonismo e até disputar uma competição internacional, o Mirassol era apontado por muitos como um dos candidatos naturais à luta contra o rebaixamento. Dez meses depois, a realidade inverteu-se: o Leão da Ilha amarga a lanterna do campeonato, enquanto o Leão Caipira é uma das sensações da temporada e já sonha com vaga inédita na Libertadores.
Investimentos desiguais e resultados opostos
De volta à Série A após três temporadas, o Sport apostou alto. Foram cerca de R$ 57 milhões investidos em contratações na primeira janela do ano, a maior parte delas sem o retorno esperado dentro de campo. O elenco rubro-negro, moldado para brigar na parte de cima da tabela, não encaixou. As trocas constantes de comando técnico e as instabilidades nos bastidores apenas agravaram a situação.
Enquanto isso, o Mirassol, vindo do menor município a disputar a Série A nos últimos 40 anos, construiu uma trajetória inversa. Com planejamento e gestão eficiente, transformou limitações em virtude. Sob a liderança de Júnior Antunes, vice-presidente que também atua na gestão de futebol e nas finanças, e com o ex-jogador Paulinho como executivo, o clube interiorano montou um projeto coeso, tornando-se referência de gestão entre clubes médios do país.
Gestão e estabilidade como pilares do sucesso paulista
Quem observa apenas o desempenho em campo pode se surpreender, mas o sucesso do Mirassol passa por um trabalho interno sólido e de longo prazo. Após o Campeonato Paulista, a diretoria entendeu a necessidade de ajustes e apostou na chegada de Rafael Guanaes, ex-técnico do Atlético Goianiense, uma das decisões mais acertadas da temporada.
Com um elenco equilibrado e padrão tático consistente, o Leão do Interior ocupa a 4ª colocação da Série A, com 52 pontos, dono do terceiro melhor ataque da competição e já com a permanência garantida na elite. Em ano de centenário, o clube transformou um projeto de sobrevivência em uma campanha histórica, mirando agora um lugar na principal competição do continente.
Crise e reformulações na Ilha do Retiro
Do outro lado, o Sport vive o oposto. Em meio à crise que se instaurou ao longo de 2025, o clube passou por reformulações profundas na gestão de futebol, com saídas, chegadas e até extinção de cargos. Dentro de campo, o reflexo foi imediato: falta de consistência, equipe inofensiva e um desempenho abaixo do esperado.
Após as passagens frustrantes dos técnicos Pepa e António Oliveira, ambos portugueses, o Leão da Ilha tentou reencontrar equilíbrio sob o comando de Daniel Paulista, que busca milagrosamente manter o time na Série A, tarefa que, a cada rodada, parece mais distante. O Sport é o lanterna do Brasileirão, com apenas 17 pontos e 99% de chances de rebaixamento segundo as projeções matemáticas.
Reencontro de Leões
No primeiro turno, as equipes se enfrentaram no Maião, em Mirassol, no último jogo antes da pausa do Campeonato Brasileiro por conta do Mundial de Clubes. Na ocasião, o Leão Caipira venceu por 1 a 0, com desempenho que já indicava o que viria a seguir.
Agora, o duelo na Ilha do Retiro coloca frente a frente dois projetos antagônicos: um construído sobre estabilidade, planejamento e eficiência; outro, sobre altos investimentos e pouca resposta em campo.