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Beto Lago: 'Renovação e experiência podem e devem caminhar juntos'

O preconceito com a idade, no fim das contas, diz mais sobre a mentalidade atrasada de alguns dirigentes do que sobre os técnicos

Por Beto Lago

Guilherme dos Anjos, auxiliar, e Hélio dos Anjos, técnico do Náutico

O peso da idade
Não me canso de registrar o quanto é positivo o trabalho de Hélio dos Anjos no Náutico. E, inevitavelmente, isso nos leva ao debate sobre a idade dos treinadores de futebol. Pouco tempo atrás, o nome de Hélio chegou a ser ventilado no Sport, ainda na Série B. Nos bastidores, um dirigente, em conversa informal, resumiu a rejeição: “Hélio está ultrapassado.” A mesma pecha já foi atribuída a Vanderlei Luxemburgo, acusado de ter ficado “fora do jogo” por algum tempo. Mas será que idade é critério justo para desqualificar um treinador? A verdade é que tanto Hélio quanto Luxemburgo acumulam décadas de vivência, com bagagem para enfrentar pressão e tomar decisões rápidas em momentos de tensão, atributos que não se compram em cursos de atualização. O erro está em reduzir experiência a “velharia”. É óbvio que o futebol muda, e quem não se adapta é engolido. Mas o treinador alvirrubro prova, em campo, que está atualizado, cercado de profissionais que acrescentam novas ideias. Junto ao filho Guilherme e à sua comissão, Hélio incorporou elementos modernos ao ambiente de trabalho, mostrando que um técnico veterano pode, sim, ser flexível, inovador e competitivo. O preconceito com a idade, no fim das contas, diz mais sobre a mentalidade atrasada de alguns dirigentes do que sobre os técnicos que eles descartam.

Hélio extraindo o melhor do Timbu
Não é qualquer treinador que consegue tirar o máximo do elenco que tem em mãos. Hélio dos Anjos vem provando isso no Náutico: organiza, motiva e potencializa atletas que, em outras mãos, poderiam render muito menos. Seus resultados recentes são a prova concreta de que conhecimento e leitura de jogo não envelhecem. O que fica claro é que, independentemente da idade, Hélio sabe competir e o Timbu colhe os frutos dessa competência.

Renovação e experiência juntos
A discussão sobre juventude ou veterano no comando técnico é, muitas vezes, rasa e preconceituosa. O que deveria estar em pauta é a capacidade de propor ideias de jogo, se comunicar com o grupo e suportar a pressão dos resultados. O futebol brasileiro precisa se libertar da mania de descartar treinadores experientes como se fossem peças obsoletas. Renovação e experiência não são rivais. Ao contrário, podem (e devem) caminhar juntas. A fórmula que o Náutico encontrou com Hélio é o exemplo prático dessa combinação.

Comissão para a Copa do Nordeste
A CBF promete divulgar em outubro o calendário de 2026, e uma das mudanças virá na fórmula da Copa do Nordeste. Uma comissão foi formada com cinco federações: Rio Grande do Norte (que coordena), Ceará, Paraíba, Alagoas e Sergipe. As federações de Bahia e Pernambuco, justamente dois dos três centros de maior importância da região, donos de clubes de massa e de títulos, ficaram de fora. Coincidência? Difícil acreditar. Parece, sim, perda de prestígio político e de espaço nos bastidores da CBF. Se é deliberado, é ainda mais grave, desprestigiando estados que sustentam a força da competição.