Pernambuco tem localização estratégica e espaço para expandir infraestrutura digital no país
Estado tem potencial para expandir infraestrutura digital no setor de data centers e posicionar Recife como hub do setor no país
Publicado: 23/06/2025 às 06:00

Imagem em 3D do Data Center Recife1 (Foto: Divulgação/Atlantic Data Centers)
O rápido avanço tecnológico, principalmente nos setores de armazenamento de dados e inteligência artificial (IA) e de ferramentas de armazenamento de dados, tem aumentado a necessidade pelo crescimento e descentralização da infraestrutura digital no Brasil. Para suprir a demanda, também cresce a necessidade de uma maior centralização dos ecossistemas de Data Centers (DCs) no país.
Nesse cenário, o Nordeste concentra apenas 3% da infraestrutura de Data Centers instalada no país, sendo Pernambuco um estado com grande potencial de expansão, sobretudo no Recife. No setor, São Paulo é o estado que responde por cerca de 85% da capacidade de alta potência instalada no Brasil. Os dados são da Associação Brasileira de Data Centers (ABDC), que considera DCs comerciais de médio/grande porte os que podem ser usados para vender serviços para empresas do mercado, como Big Techs.
No Recife, a construção de um data center Tier III pela Atlantic Data Centers, deve impulsionar a descentralização da infraestrutura digital nacional e posicionar a cidade como um hub no país. Nomeado de Recife1, ele é o primeiro da companhia, com inauguração da primeira fase prevista para o primeiro trimestre de 2026.
O CEO da Atlantic Data Centers, Daniel Gomes, explica que empresas que vendem serviços em nuvem como a Um Telecom, pernambucana que deu origem ao Atlantic Data Centers, acabam tendo que buscar atendimento em outras localidades, já que o Recife não supre a demanda local. “Para fornecer esses serviços, ela precisa de Data Centers que estão em outras cidades como Fortaleza, São Paulo e João Pessoa. Porém, como os clientes estão localizados no Recife, isso acaba fazendo com que o estado perca em performance no setor”, analisa. Ele destaca ainda a oportunidade de descentralização das unidades de DCs no Brasil, já que 95% estão concentradas no Sudeste.
Em maio de 2025, oito meses antes do início oficial das operações da unidade, a Atlantic fechou o primeiro contrato para o data center Recife1 com a EVEO, uma empresa de tecnologia que oferece serviços de computação em nuvem e servidores dedicados. A primeira fase do projeto receberá R$ 50 milhões em investimentos, com capacidade inicial de 1 MW de carga de TI e até 150 racks. O projeto do Recife1, de forma escalonável, poderá atingir pelo menos 6 MW e 750 racks nas fases seguintes, totalizando um mínimo de R$ 300 milhões em aportes.
Localização estratégica
O presidente do Porto Digital, Pierre Lucena, aponta que o Recife possui uma combinação de fatores estratégicos. “Temos uma posição geográfica privilegiada, maior rapidez de resposta de sistemas de rede para os nove estados do Nordeste, e está próximo de rotas internacionais com possibilidade de acesso a cabos submarinos, tanto para conexões globais quanto para novas rotas regionais”. Ele destaca ainda que outro fator que favorece o avanço no setor é o ecossistema de inovação ancorado pelo Porto Digital.
O secretário de desenvolvimento do Recife, Carlos Andrade, explica que o segmento de empresas de data centers mais robusto é o que a gestão municipal pretende atrair. “Atualmente, existe em funcionamento no Recife apenas um data center mais robusto, voltado para médias e grandes empresas, sediado no bairro de Boa Viagem e de propriedade da empresa Surfix”.
O que é um Data Center?
O Data Center é um local físico projetado para armazenar toda a infraestrutura de tecnologia de informação de uma organização, como servidores, equipamentos de rede e sistemas de armazenamento. É onde os dados digitais de uma empresa são armazenados, processados e gerenciados, permitindo que aplicações e serviços sejam executados e disponibilizados.
Os data centers podem ser de porte pequeno, para empresas de pequeno porte, enquanto os mais robustos, são voltados para corporações de médio e grande escala.
Energia renovável
Segundo relatório da Agência Internacional de Energia (AIE), em 2022, o consumo global por data centers atingiu 460 TWh e estima-se que esse número possa ultrapassar 1.000 TWh até 2026.
O CEO da Atlantic Data Centers, Daniel Gomes, destaca que o Brasil tem uma vantagem muito grande, que é a matriz elétrica, pois a forma como a energia é gerada é na maioria limpa. “No Brasil, em média 93% das fontes de energia elétrica são fontes limpas, que não geram gases poluentes como o carbono para a atmosfera. Enquanto no mundo é 40% em média. Então, no nosso país esse mercado é super viável”.

