
Ninho vazio (br.freepik.com)
Esta semana faço aniversário - e talvez por isso tenho pensado tanto no tempo. Porque mudar de idade é olhar pra trás e também enxergar o que bem virá ainda pela frente.
E com o passar do tempo, a gente entende que o tempo passa - e não para! Que nada espera. Que não dá tempo ao tempo. E que tempo perdido não volta, jamais!
Nos últimos tempos, sinto a ação do tempo no peso das minhas escolhas, na pressa… e principalmente nos espaços que se abriram.
Quando minha filha decidiu morar longe, carregou com ela não só bagagem, malas, gato e cachorro. Levou junto também um bom tanto de mim. E deixou um incômodo silêncio que me obrigou a reorganizar a vida e preencher um novo e bom tempo.
Foi aí que eu entendi, de fato, o significado do tal “ninho vazio” - a síndrome que se instala nos que ficam. Esse vácuo deixado pelos filhos quando escolhem ir, sem medo de ser felizes! Eles indo em busca do que é deles e a gente ficando sem o convívio, os cuidados e o afeto diário.
Esse silêncio novo, nesse outro tempo, me tirou totalmente de tempo. Me tornou reflexiva, tentando equacionar o tamanho da finitude - e o que fazer quando ela, inevitavelmente, chegar.
Aquele tempo de antes, que me preenchia de tarefas, ruídos e movimento, hoje guarda saudades. E me ensina - o que eu fingia não saber - que o tempo é mesmo aqui e agora. Que ele é caro e precioso. E que merece ser muito bem vivido, com alma serena e coração em paz.
Hoje escolho estar com quem mais importa. Com quem usa meu tempo para troca de afetos e bem-querer.
Porque, se o tempo é breve, que ele seja leve.
E, se insiste em correr, que me alcance bem devagar.

