COLUNA

Exportação de bens industrializados para os EUA bateu recorde em 2023

Déficit brasileiro com os EUA recuou 92% em 2023, com queda forte nas importações de combustíveis
Por: Ecio Costa

Publicado em: 15/01/2024 10:00 | Atualizado em: 15/01/2024 10:07

A exportação de bens industrializados bateu recorde, pelo segundo ano consecutivo. O déficit brasileiro com os EUA recuou 92% em 2023, com queda forte nas importações de combustíveis. Esse comércio entre Brasil e EUA fechou o ano 2023 com queda na receita de exportações e da corrente de comércio em relação a 2022. 

Mas os embarques de bens industriais somaram US$ 29,9 bilhões, o patamar mais alto em toda a série histórica das trocas bilaterais entre os dois países. A fatia de bens da indústria da transformação na pauta brasileira aos americanos subiu de 78,8% para 81% de 2022 para 2023. 

As exportações de bens industriais aos Estados Unidos cresceram 1,2% em 2023, enquanto os embarques totais brasileiros desse tipo de produto caíram 2,3%. Os EUA se mantêm como o maior destino das exportações brasileiras de bens da indústria de transformação, com uma fatia de 16,9%. 

O recorde de US$ 29,9 bilhões nas exportações industriais brasileiras para os EUA reflete a forte presença desses produtos na pauta bilateral, com destaque para setores como o siderúrgico, aeronáutico, máquinas e equipamentos, madeira e celulose, entre outros. Esses dados foram elaborados pela Câmara Americana de Comércio para o Brasil (AMCHAM), com base na divulgação dos dados do MDIC.

Nessa esteira, 8 dos 10 principais produtos exportados pelo Brasil são da indústria de transformação, incluindo semi acabados de ferro e aço, aeronaves, equipamentos de engenharia civil e ferro-gusa. Os EUA são o principal mercado para as vendas industriais brasileiras, colocando-se à frente de parceiros como a União Europeia (US$ 23,6 bilhões) e o Mercosul (US$ 19,4 bilhões).

É importante entender o contexto macroeconômico e geopolítico dessa mudança. Primeiro, houve uma queda forte no preço dos combustíveis, o que ajudou o saldo comercial, mas também a política americana do near-shoring e do friendly-shoring, mudando a dinâmica existente no comércio com a China. 

Isso pode ser uma notícia positiva para o comércio exterior e indústrias brasileiras. Porém, é preciso ainda avançar muito em competitividade. A reforma tributária vem no sentido de ampliar essa competitividade, de ajudar as indústrias brasileiras, mas ainda vai levar tempo para que ela seja implantada. 

Além disso, uma maior abertura comercial e uma aproximação na política comercial brasileira com a política comercial americana ajudariam bastante. Talvez uma área livre de comércio viesse a ajudar tanto o Brasil como vem beneficiando o México nas últimas décadas.

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