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Coluna

Diario Jurídico

com Renata Berenguer

Diario Jurídico

A notável internet

Publicado: 10/08/2022 às 15:00

/Freepik.com

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Não haveria como iniciar essa coluna sem fazermos um brevíssimo resgate do que vivenciamos e que nos trouxe até aqui. Essa lembrança afetiva faz parte de muitos de nós. E para os que não conhecem a vida sem Internet, lhes digo, ligações telefônicas, às vezes de horas, era algo comum. Eu sei, parece improvável, atualmente está em desuso, de fato nada mais prático que mandar uma mensagem. Mas, nem sempre essa foi a realidade. Esse cenário atual existe por causa da rede mundial de computadores e a Internet.

Aliás, se há uma ferramenta que se tornou indispensável na nossa vida, esta é a Internet, parece que sempre fez parte de nós, atualmente não conseguiríamos fazer um terço das coisas que fazemos se não a tivéssemos - não há como se esquivar dessa sentença - em quase tudo no nosso cotidiano ela está presente, utilizamos a rede para facilitar nossa vida, para nos comunicar, trabalhar, estudar, para pagar e receber, fazer compras e para diversão e lazer. Contudo, até chegar à Internet como conhecemos hoje, houve um enorme caminho a ser percorrido.

Quem teve contato com o início dessa jornada, deve lembrar das conexões discadas e, no estado de Pernambuco especificamente, recorda do provedor NetPE, que possibilitava o acesso à Internet. Quem viveu esse período, certamente lembra do mIRC, canal de comunicação com pessoas de todo o mundo, onde os usuários usavam nicknames e por eles eram reconhecidos. Os canais regionais facilitavam os IRcontros, onde os usuários podiam trazer as amizades do digital para o presencial. Certamente, quem presenciou esse início, lembra do barulhinho marcante que o modem fazia ao se conectar à rede.

Quem participou desse momento histórico, sabe que a sensação era de desbravar um instigante mundo novo, povoados por sites em HTML cheios de GIFs animados e com hits da época tocando. Nessa época, as descobertas eram compartilhadas e rapidamente propagadas entre os usuários. Aos poucos surgiram diversos canais de comunicação, além do mIRC, como o ICQ e o MSN Messenger, foi um longo caminho até o WhatsApp. Os e-mails chegaram para revolucionar e escantear as cartas, cartões e telegramas. No quadro das lembranças, o registro das primeiras redes sociais, o Fotolog antecessor do Instagram e o Orkut. Este último, recentemente anunciou que pretende voltar repaginado.

As novidades eram muitas, mas a Internet era para poucos, os computadores eram caros, o acesso era bastante restrito. Era necessário usar uma linha telefônica fixa e a conexão era contada em pulsos, tal qual uma ligação telefônica, quanto mais se demorava navegando, mais a conta no final do mês encarecia - se atualmente ainda precisamos falar sobre inclusão digital, na época, a exclusão era regra.

A rede começou a se popularizar quando uma empresa disponibilizou o acesso para todo o Brasil. Em Pernambuco, foi marcante quando a saudosa Telpe passou a cobrar apenas um pulso para quem se conectava da meia-noite até às 6h da manhã, e em alguns horários nos finais de semana, o que deixava a linha telefônica da casa ocupada durante o uso, para tristeza dos familiares. “Saia da internet que preciso usar o telefone” era uma frase muito utilizada pelos pais.

Por volta dos anos 2000, a Internet deu os primeiros passos para se popularizar no Brasil, a banda larga passou a ser utilizada, facilitando o acesso à Internet, e os Bancos passaram a financiar os computadores, ampliando o acesso à rede. Esses fatores também possibilitaram o surgimento das Lan Houses - espaços onde era possível pagar pelo tempo utilizado no computador com Internet - facilitando o acesso para inúmeras pessoas.

Rapidamente, os jovens se conectaram a esse novo mundo e passaram a explorar as milhares de possibilidades trazidas pela Internet, preocupando os pais (até hoje). Em pouco tempo os adultos também foram arrebatados, afinal, nesse espaço democrático, todos são bem-vindos.

Atualmente, a rede também possibilita prática de condutas ilícitas, mas não há como demonizá-la, pois a Internet é como uma folha em branco, onde cada internauta preenche da maneira que desejar. Tal qual a vida em sociedade, há aspectos positivos e negativos, há consequências para as condutas ilícitas neste ambiente. A rede tem muitos encantos, possibilita experiências incríveis, mas também tem seus problemas, dilemas e riscos.

A única maneira de se manter seguro e proteger aqueles que amamos, é através da informação. Por isso, vamos conversar muito sobre esse tema de hoje em diante.

Importante considerar que, nossa história com a Internet está apenas no início, conforme disse Pierre Lévy, em uma palestra que fez no Brasil em 2012: “A Internet é um instrumento de desenvolvimento social. Devemos lembrar que a escrita demorou pelo menos 3000 anos para atingir o atual estágio, no qual todos sabem ler e escrever.” Perceba que temos uma longa construção pela frente.

Compartilharemos nessa coluna os desdobramentos provenientes do ambiente digital, daremos dicas, debateremos assuntos relevantes, ouviremos sugestões de temas, e conversaremos sobre proteção, segurança, tecnologia, inovação e as repercussões jurídicas dos temas abordados. Então, se quiser ficar antenado com os acontecimentos desse universo, das novidades, oportunidades, riscos, maneiras de se proteger, ou de proteger os familiares e amigos, este é o seu espaço. Vamos trazer tudo de maneira clara, com informação relevante e jurídica, mas sem dificuldades para que todos possam aproveitar o espaço que já está sendo construído com muito carinho.

Deixo meu agradecimento especial ao Diario de Pernambuco e toda sua equipe, estou grata pelo convite e animada com tudo que vamos conversar por aqui e o quanto será útil para cada leitor.

Sejam todos bem-vindos e bem-vindas! Espero vocês todas as quartas-feiras!

Com carinho,
Ana.
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