Chuvas no RS causam duas mortes e deixam quase 3 mil pessoas desabrigadas
90 municípios já registraram danos devido aos temporais apenas nesta semana
Giovanna Sfalsin - Correio Braziliense
Publicado: 19/06/2025 às 21:45

Na foto, enchente no Parque Theobaldo Dick, em Lajeado, no Rio Grande do Sul (AGEU KEHRWALD)
O Rio Grande do Sul enfrenta novamente uma grave crise provocada por fortes chuvas. Desde a última segunda-feira (16/6), mais de 90 municípios do estado registram danos, com enchentes, deslizamentos, bloqueios de estradas e milhares de pessoas obrigadas a deixarem as casas. Até a tarde desta quinta-feira (19/6), a Defesa Civil do Estado confirmou duas mortes e uma pessoa desaparecida em decorrência dos temporais.
No início da semana, as precipitações começaram a ganhar intensidade em várias regiões gaúchas. Em poucas horas, o acumulado da chuva já superava os 100 milímetros. Hoje, já está em 400 mm e 500 mm em alguns pontos.
Em Candelária, no Vale do Rio Pardo, Geneci da Rosa, de 54 anos, morreu após o carro em que estava com o marido ser arrastado pela correnteza de um arroio. O corpo foi localizado na terça-feira (17/6), enquanto o companheiro dela, de 65 anos, continua desaparecido. Já em Nova Petrópolis, na Serra Gaúcha, Mário César Trielweiler Gonçalves, de 22 anos, morreu após o veículo que dirigia ser levado pelas águas do Rio Caí. Parte da ponte entre Linha Sebastopol, em Caxias do Sul, e Nova Petrópolis cedeu com a força da enchente, interrompendo totalmente o tráfego local.
Além das vítimas fatais, o estado contabiliza 2.993 pessoas desabrigadas — que precisaram buscar apoio na casa de amigos ou familiares — e outras 1.583 em abrigos públicos. Em boletim divulgado nesta quinta-feira, a Defesa Civil informou que mais de 90 municípios já haviam registrado danos como enchentes, deslizamentos, destruição de pontes e interrupção de estradas, entre os mais afetados estão Santa Maria, Encruzilhada do Sul, Cachoeira do Sul, Arvorezinha, Jaguari e Santa Cruz do Sul.
Danos
Cinco rios gaúchos ultrapassaram as cotas de inundação: Ibirapuitã, Taquari, Jacuí, Ibicuí e Caí. O Rio Taquari, por exemplo, registrou cheias expressivas em cidades como Bom Retiro do Sul e Lajeado, onde os níveis superaram 22 metros — três metros acima da cota de inundação. Em Montenegro e São Sebastião do Caí, o Rio Caí também provocou alagamentos.
Na capital, Porto Alegre, o nível do Guaíba, que estava em 2,59 metros nesta quinta-feira, ainda não atingiu a cota de inundação (3,6 metros), mas a Defesa Civil alerta para uma elevação rápida nos próximos dias, com risco de alagamentos em bairros da zona norte, ilhas e regiões próximas ao Arroio Feijó, que pode sofrer represamento.
Em Lajeado, famílias foram levadas para o Parque do Imigrante. Em Estrela, pessoas com deficiência física também precisaram ser retiradas preventivamente. No município de Dona Francisca, o Rio Jacuí ultrapassou a cota de inundação e segue em elevação.
Em Canoas, na Região Metropolitana, a população revive o medo enfrentado nas enchentes de 2024. Mais de 100 mil pessoas foram afetadas por alagamentos, bloqueios de transporte público e ruas intransitáveis. Além de 430 moradores já terem deixado as casas.
Previsão
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o estado segue sob alerta vermelho para fortes chuvas até sexta-feira (20/6), com risco de novos alagamentos e deslizamentos. A formação de um ciclone próximo à costa gaúcha deve manter a instabilidade no tempo. Os ventos podem chegar a 70 km/h em áreas da Costa Doce e Litoral Médio.
A partir de sábado (21/6), a previsão é de trégua. A MetSul Meteorologia aponta a chegada de uma massa de ar seco e frio, o que deve trazer tempo firme e sol para o estado durante o fim de semana. Mesmo assim, o solo encharcado e o alto nível dos rios mantêm o risco de novas inundações em áreas vulneráveis.
O Serviço Geológico do Brasil e a Defesa Civil monitoram a situação hidrológica com atenção especial. As bacias do Ibicuí, Jacuí, Taquari-Antas e Caí continuam em estado de alerta ou atenção. A elevação dos rios deve afetar ainda mais as regiões ribeirinhas nos próximos dias, inclusive Porto Alegre, onde o nível do Guaíba está em rápida elevação.
As autoridades reforçam o alerta para que a população siga acompanhando os boletins oficiais e respeite as orientações de evacuação. O estado permanece em regime de atenção máxima, com possibilidade de decretação de situação de emergência ou estado de calamidade pública nas áreas mais afetadas.
Confira as informações no Correio Braziliense.

