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Baile do Menino Deus chega a Goiana

No próximo sábado, a partir das 20h, o evento chega à cidade da Mata Norte para uma apresentação inédita e gratuita

Por Diario de Pernambuco

Baile do Menino Deus

O tradicional espetáculo Baile do Menino Deus, realizado há mais de duas décadas no Recife, amplia seu alcance neste ano com uma apresentação em Goiana e um cortejo pelas ruas do Recife Antigo. No próximo sábado, a partir das 20h, o evento chega à cidade da Mata Norte para uma apresentação inédita e gratuita. A nova montagem, também dirigida por Ronaldo Correia de Brito e com assistência de Quiercles Santana, será encenada na Praça da Misericórdia, em frente à Igreja de Nossa Senhora da Misericórdia.

Já no dia 14, o desfile — realizado em parceria com a Prefeitura do Recife — terá concentração às 16h, no Cais da Alfândega, e seguirá pelas ruas do bairro até a Praça do Arsenal da Marinha. O cortejo reúne cantores, músicos e bailarinos da ópera popular aos grupos de pastoril, reisado, guerreiro, maracatu e cavalo marinho. Na parte final do trajeto, os participantes se juntarão a blocos líricos, à Orquestra Sinfônica e a passistas da Escola de Frevo do Recife. Aproximadamente 300 pessoas estarão envolvidas no resgate dessa tradição natalina cuja expressão tem diminuído ao longo dos anos.

“O Baile do Menino Deus é um espetáculo cuja dramaturgia é sobre abrir portas. Então nós esperamos que o espetáculo abra muitas portas em Goiana para a arte e muitas outras manifestações”, comemora Ronaldo, cearense radicado no Recife desde o fim da década de 1960. Ele criou a peça teatral em 1983 ao lado do escritor Assis Lima e do compositor Antonio Madureira.

A proposta da trama é celebrar um Natal verdadeiramente brasileiro, contrapondo-se aos formatos importados com neve, trenó, renas e Papai Noel, que pouco dialogam com a realidade local. Para narrar o nascimento do menino Jesus — a história mais difundida da cultura ocidental — o enredo articula, no palco, cantigas, danças, brincadeiras, costumes, rezas, figuras folclóricas e outras linguagens populares.

O Baile do Menino Deus reúne mais de 60 mil pessoas em três noites de encenação no Marco Zero, sempre nos dias 23, 24 e 25 de dezembro, às 20h. Em Goiana, a expectativa é atrair não apenas os moradores da cidade, mas também do entorno. A iniciativa é uma parceria da TBC Produções com a Relicário Produções, responsável pelo Baile no Marco Zero, com patrocínio da Prefeitura de Goiana, da Hemobrás e do Governo do Brasil. “O Baile está cada vez mais grandioso, ganhando outros braços. Isso é fruto de muito trabalho e dedicação de uma grande equipe ao longo de mais de duas décadas”, afirma Carla Valença, da Relicário.

A narrativa é guiada pelos dois Mateus — personagens originários dos reisados — interpretados por Arilson Lopes e Sóstenes Vidal. Eles buscam uma porta atrás da casa onde nasceu o menino Jesus, metáfora atemporal para o esforço por oportunidades, esperança e realização em um mundo marcado por desigualdades e privilégios.

Os Mateus têm como objetivo reverenciar o recém-nascido e pedir autorização da família para promover uma festa. No Baile, José é sanfoneiro, interpretado pelo multi-instrumentista Lucas Dan. Maria é vivida pela cantora, compositora, atriz e bailarina Laís Senna.

No percurso em busca da casa, os personagens encontram seres fantásticos, como o temível Jaraguá, a Burrinha Zabilin, o Boi, o Anjo Bom, ciganas e os Santos Reis — representados pelos três principais povos formadores da identidade étnica, social e cultural brasileira: negros, indígenas e ibéricos. Os reis magos são interpretados pelos atores Djaelton Quirino e Daniel Barros (os Mateus do Marco Zero), ao lado do bailarino José Valdomiro.

“É muito especial ver o Baile do Menino Deus chegando a Goiana pela primeira vez. Esse espetáculo faz parte da vida de muita gente no Recife há mais de 20 anos, e agora temos a chance de compartilhar essa experiência com o público goianense. Estamos dedicados a construir um momento grandioso”, afirma Tainá Menezes, diretora executiva da montagem em Goiana. A direção de produção é assinada por Tomás Brandão.

A ópera popular conta com os vocais de Isadora Melo, Sue Ramos, Gabi Martinez, Sarah Leandro, Carlos Filho, Guilherme Jacobsen, Cláudio Rabeca e Ricardo Santos. A orquestra, regida pelo maestro e bandolinista Rafael Marques, é composta por Ângelo Lima, Emerson Coelho, Emerson Rodrigues, Felipe Costta, João Pimenta, Aristide Rosa, Raquel Paz e Jonatas Gomes. O corpo de baile é formado por Isabela Loepert, Marcela Aragão, Gabi Carvalho, Jonas Alves, José Valdomiro, Tiago Vieira, Fernando Gomes, Pinho Fidelis e Maycon Douglas, com coreografia de Sandra Rino.