° / °
Cadernos Blogs Colunas Rádios Serviços Portais

Réveillon exige atenção redobrada com pets diante de barulho, luzes e mudanças na rotina

Fogos de artifício são os principais causadores de transtornos para cães. Além disso, gatos podem se sentir incomodados com presença de muitas pessoas na casa onde vivem

Por Adelmo Lucena

Animais precisam estar em locais seguros durante Réveillon para evitar problemas de saúde e acidentes domésticos

A chegada do Réveillon costuma ser marcada por fogos de artifício, música alta e visitas em casa. Para cães e gatos, no entanto, esse conjunto de estímulos pode representar um período de intenso estresse e a exposição repetida a ruídos intensos e imprevisíveis pode desencadear crises de ansiedade, alterações fisiológicas e acidentes domésticos.

O barulho dos fogos é apontado como o principal fator de risco. A audição dos cães, por exemplo, é muito mais sensível do que a humana, capaz de perceber sons em frequências e volumes que passam despercebidos pelas pessoas.

Diante de estampidos sucessivos, o organismo do animal reage como se estivesse sob ameaça real, liberando hormônios do estresse, como o cortisol. Isso explica comportamentos como tremores, tentativas de fuga, vocalização excessiva, salivação intensa e, em casos mais graves, automutilação e convulsões.

A principal medida preventiva é preparar o ambiente antes do início das comemorações. É recomendado reservar um cômodo da casa onde o pet já se sinta seguro, reduzindo ao máximo a entrada de som externo. Portas e janelas devem ficar fechadas, cortinas cerradas e, se possível, utilizar sons contínuos e familiares, como televisão ligada em volume moderado ou música calma, para ajudar a mascarar os ruídos dos fogos.

“Os cães podem sentir maior segurança ao lado dos seus tutores, abraçados, enrolados em cobertores e com músicas ao fundo”, complementa a médica veterinária Priscila Rafaella.

O animal não deve ficar preso em locais inadequados, como áreas externas, garagens ou quintais. Em situações de pânico, muitos cães tentam escapar pulando muros ou forçando portões, o que aumenta o risco de ferimentos e fugas.

Outro ponto importante é respeitar o comportamento do pet durante o estresse. Forçar contato físico, tentar segurar ou repreender o animal pode agravar a ansiedade. O ideal é permitir que ele escolha onde se esconder e se aproximar apenas se buscar espontaneamente a presença do tutor.

“O risco para esses pets é de acidentes e em caso de fuga ele pode se perder e ser atropelado. Devido aos sons dos fogos pode haver parada cardiorrespiratória e convulsões”, destaca Priscila.

Cuidado na alimentação

Durante as festas, é comum que pets tenham acesso acidental a alimentos inadequados. Carnes temperadas, ossos, chocolates, bebidas alcoólicas, uvas e restos de ceia podem causar intoxicações e outros problemas de saúde. A orientação é manter esses itens fora do alcance dos animais e avisar os visitantes, de forma clara, para não oferecer comida aos pets.

A movimentação de pessoas desconhecidas também é um fator de estresse, sobretudo para gatos, que são mais sensíveis a mudanças no território. Sempre que possível, limitar o acesso a determinados cômodos e manter a rotina básica de horários de alimentação e descanso ajuda a reduzir o impacto da agitação.

Em casos de animais que já apresentam histórico de medo extremo de fogos, o acompanhamento veterinário prévio é essencial. Existem protocolos específicos que podem incluir treinamento comportamental, uso de feromônios sintéticos e, apenas quando indicado, medicação ansiolítica. A automedicação, prática ainda comum, é contraindicada e pode colocar a vida do animal em risco.