Réveillon exige atenção redobrada com pets diante de barulho, luzes e mudanças na rotina
Fogos de artifício são os principais causadores de transtornos para cães. Além disso, gatos podem se sentir incomodados com presença de muitas pessoas na casa onde vivem
A chegada do Réveillon costuma ser marcada por fogos de artifício, música alta e visitas em casa. Para cães e gatos, no entanto, esse conjunto de estímulos pode representar um período de intenso estresse e a exposição repetida a ruídos intensos e imprevisíveis pode desencadear crises de ansiedade, alterações fisiológicas e acidentes domésticos.
O barulho dos fogos é apontado como o principal fator de risco. A audição dos cães, por exemplo, é muito mais sensível do que a humana, capaz de perceber sons em frequências e volumes que passam despercebidos pelas pessoas.
Diante de estampidos sucessivos, o organismo do animal reage como se estivesse sob ameaça real, liberando hormônios do estresse, como o cortisol. Isso explica comportamentos como tremores, tentativas de fuga, vocalização excessiva, salivação intensa e, em casos mais graves, automutilação e convulsões.
A principal medida preventiva é preparar o ambiente antes do início das comemorações. É recomendado reservar um cômodo da casa onde o pet já se sinta seguro, reduzindo ao máximo a entrada de som externo. Portas e janelas devem ficar fechadas, cortinas cerradas e, se possível, utilizar sons contínuos e familiares, como televisão ligada em volume moderado ou música calma, para ajudar a mascarar os ruídos dos fogos.
“Os cães podem sentir maior segurança ao lado dos seus tutores, abraçados, enrolados em cobertores e com músicas ao fundo”, complementa a médica veterinária Priscila Rafaella.
O animal não deve ficar preso em locais inadequados, como áreas externas, garagens ou quintais. Em situações de pânico, muitos cães tentam escapar pulando muros ou forçando portões, o que aumenta o risco de ferimentos e fugas.
Outro ponto importante é respeitar o comportamento do pet durante o estresse. Forçar contato físico, tentar segurar ou repreender o animal pode agravar a ansiedade. O ideal é permitir que ele escolha onde se esconder e se aproximar apenas se buscar espontaneamente a presença do tutor.
“O risco para esses pets é de acidentes e em caso de fuga ele pode se perder e ser atropelado. Devido aos sons dos fogos pode haver parada cardiorrespiratória e convulsões”, destaca Priscila.
Cuidado na alimentação
Durante as festas, é comum que pets tenham acesso acidental a alimentos inadequados. Carnes temperadas, ossos, chocolates, bebidas alcoólicas, uvas e restos de ceia podem causar intoxicações e outros problemas de saúde. A orientação é manter esses itens fora do alcance dos animais e avisar os visitantes, de forma clara, para não oferecer comida aos pets.
A movimentação de pessoas desconhecidas também é um fator de estresse, sobretudo para gatos, que são mais sensíveis a mudanças no território. Sempre que possível, limitar o acesso a determinados cômodos e manter a rotina básica de horários de alimentação e descanso ajuda a reduzir o impacto da agitação.
Em casos de animais que já apresentam histórico de medo extremo de fogos, o acompanhamento veterinário prévio é essencial. Existem protocolos específicos que podem incluir treinamento comportamental, uso de feromônios sintéticos e, apenas quando indicado, medicação ansiolítica. A automedicação, prática ainda comum, é contraindicada e pode colocar a vida do animal em risco.