Treze detentos de PE lideravam esquema de tráfico que movimentou R$ 27 mi em 2 anos
Quadrilha foi alvo da Operação Efeito Helicóptero II, deflagrada nesta quinta-feira (27). A polícia chegou ao grupo após a prisão de um homem, no Recife, em 2022, com 30 quilos de cocaína
Treze presidiários de Pernambuco são suspeitos de liderar uma organização criminosa de tráfico de drogas e lavagem dinheiro que movimentou, nos últimos dois anos, mais de R$ 27 milhões, segundo a Polícia Civil.
Ainda de acordo com a polícia, parte deles havia sido detida, anteriormente, por outros crimes, mas saíram do sistema "pouco antes da deflagração da operação". Conforme a investigação, o grupo contava com o apoio de pessoas em outros cinco estados para ocultação e movimentação ilícita de valores.
A quadrilha foi alvo da Operação Efeito Helicóptero II, deflagrada nesta quinta-feira (27). A polícia chegou ao grupo a partir da prisão de um homem, no bairro de Jardim São Paulo, na Zona Oeste do Recife, em 2022, com 30 quilos de cocaína.
No ano seguinte, foi deflagrada a primeira fase da investigação.
Nesta segunda fase, foram cumpridos 24 mandados de prisão em seis estados, 17 deles em Pernambuco, além de 25 mandados de busca e apreensão. Na ação, a polícia encontrou R$ 12,5 mil, que estavam escondidos em um sofá, armas, munições e drogas.
De acordo com o delegado José Custódio, titular da Delegacia de Polícia da 2ª Circunscrição, a investigação mostrou que a organização criminosa possuía duas empresas fantasmas em Pernambuco, que serviam para lavar o dinheiro.
“Essas empresas eram movimentadas por presidiários e por pessoas do grupo criminoso. Na investigação, observamos nitidamente um movimento de vai e vem, de créditos e débitos entrando nessa empresa”, pontua Custódio.
Uma delas, segundo o policial, teve o CNPJ e CPF do responsável suspensos pela Receita Federal, que identificou irregularidades na documentação. O responsável por essa empresa, por sua vez, teria dado entrada no sistema carcerário por três vezes com nomes falsos.
A apuração também identificou que as movimentações financeiras de membros da organização variaram entre R$ 326 mil e até mais de R$ 7 milhões, no período de dois anos.
“Entre eles, temos a presença de uma mulher que recebe Bolsa Família e, ainda assim, chega a movimentar um montante altíssimo”, pontuou o delegado.
Custódio detalhou, também, como a organização financiava o tráfico de drogas. “O traficante vai vender, mas tem aquele que fornece. Então, ele tinha que repassar o pagamento para o fornecedor. Você não trabalha de graça. Você trabalha recebendo de alguém para manter o sistema”, afirmou.
Questionado se haveria envolvimento de facções criminosas, o delegado afirmou que “não existe uma concentração de uma facção na operação".
Operação Efeito Helicóptero I
Na fase 1, foram cumpridos 84 mandados de busca e apreensão, visando prender 66 suspeitos de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro que atuavam em 20 estados brasileiros. A quadrilha movimentou cerca de R$ 500 milhões entre 2021 e 2022, segundo a corporação. Ao todo, 140 pessoas foram investigadas.
Além disso, a 5ª Vara Criminal da Comarca do Recife ordenou o sequestro de veículos e imóveis, bloqueio judicial de contas bancárias e de contas de criptomoedas e revogação do registro e porte de arma de fogo. Pedras preciosas e 3.596 munições também foram apreendidas.
O Diario de Pernambuco entrou em contato com a Secretaria de Ressocialização e Administração Penitenciária de Pernambuco, mas não obteve retorno.