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"Bengala inteligente", criada por alunos da ETE de Bezerros, é doada a estudantes com deficiência visual

Projeto foi desenvolvido no curso técnico de Rede de Computadores da ETE de Bezerros, no Agreste de Pernambuco, e agora as "bengalas inteligentes" estão sendo produzidas e doadas para alunos da Rede Pública de Pernambuco

Por Nicolle Gomes

Bengala inteligente foi desenvolvida em escola pública estadual

Pensando em ajudar a locomoção de pessoas com deficiência visual, seis alunos da Escola Técnica Estadual (ETE) Maria José Vasconcelos, em Bezerros, no Agreste de Pernambuco, criaram as “bengalas inteligentes”. Apresentada em setembro deste ano, a iniciativa fez tanto sucesso que seis equipamentos foram produzidos e doados aos estudantes da Rede Pública de Pernambuco.

O Diario conversou com o professor do curso técnico de Rede de Computadores na ETE, há 7 anos, Flávio Brayner, também responsável pelo projeto. Ele conta que a ideia surgiu após a chegada de um novo estudante na escola, que tem redução na capacidade visual. A concepção do projeto foi em abril.

“Queríamos fazer alguma coisa que pudesse ajudá-lo. Já que a gente é de tecnologia, surgiu a ideia da bengala, que podia auxiliar na locomoção não só dentro da escola, mas fora da escola. Começamos a planejar até chegar no ideal”, relatou o professor.

O diferencial da bengala é a presença de um sensor de proximidade, muito parecido com os utilizados em carros, ele explica.

“A bengala funciona de maneira muito simples. A gente sempre dá o exemplo de um sensor de ré, é bem parecido. Ela tem sensores que ficam nela, e quando se aproximam de qualquer objeto, apitam. E quanto mais perto desse objeto, ele apita mais rápido”.

Projeto

O grupo é formado por seis estudantes do 1º e 2º anos do curso técnico de Rede de Computadores. O produto é feito de canos de PVC e sensores ultrassônicos, com um custo de R$ 100.

“Os alunos já têm uma aptidão com tecnologia e aí a gente começou a conversar sobre o projeto. Reutilizamos baterias antigas que tinha na escola para ser recarregável. A gente utiliza fios também e um pouco de sucata”.

Sucesso

O professor conta que, com a finalização e apresentação da primeira bengala, doada para o aluno da própria escola, outras pessoas tiveram interesse em adquirir uma. Foi aí que o grupo buscou financiar a produção e fazer outras bengalas.

“Por coincidência, na semana da inclusão, teve um simpósio aqui (na escola) e apresentamos a bengala finalizada. Participamos de um seminário e três deficientes visuais, que estavam presentes no dia, perguntaram como adquirir uma bengala”, relembra.

“Foi quando decidimos produzir mais. Eu acionei a iniciativa privada, duas empresas de Bezerros financiaram a bengala, que tem um custo médio de R$ 100,00”, relembra.

Diante da oportunidade de poder auxiliar mais pessoas, o docente afirma que pretende continuar aprimorando o projeto.

“A gente pretende continuar produzindo. Se conseguirmos apoio, vamos, sim, produzir outras. Pretendemos melhorar também. Essa é a versão 1.0. Vamos para a versão 2.0. A gente quer também que ela consiga vibrar para ajudar nessa questão da locomoção”.

Brayner explica a importância de ver o engajamento dos alunos para ajudar um colega através dos conhecimentos aprendidos em sala.

“A gente percebe o quanto os meninos ficam gratos também de estar ajudando as pessoas. Ter um aluno com deficiência que entra na escola e ninguém ter tido medo ou receio, mas, sim, terem ido procurar como ajudar, pensando no outro, isso é perfeito”.