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Polícia cumpre mandados na Câmara de Ipojuca em ação que investiga desvio de emendas

Ação faz parte da Operação Alvitre II que investiga desvios de recursos provenientes de emendas parlamentares de Ipojuca, no Grande Recife

Por Diario de Pernambuco

A PCPE informou que inquérito policial foi instaurado para apurar todos os fatos.

Agentes do Grupo de Operações Especiais (GOE) estão, na manhã desta quarta-feira (19), na Câmara de Vereadores de Ipojuca cumprindo mais uma etapa da Alvitre II. A Operação investiga desvio de recursos provenientes de emendas parlamentares no município de Ipojuca, deflagrada pelo Ministério Público de Pernambuco em conjunto com a Polícia Civil.

Na terça-feira (18), foram presos os vereadores Flávio do Cartório (PSD) e Professor Eduardo (PSD), que são, respectivamente, presidente e primeiro vice-presidente da Câmara Municipal de Ipojuca.

De acordo com informações da Polícia Civil, eles foram flagrados com R$ 17 mil e uma lista com nomes, quando saiam de um supermercado no Recife.

A ofensiva ocorre pouco mais de um mês após a primeira fase revelar irregularidades no repasse de emendas parlamentares ao Instituto de Gestão em Políticas Públicas do Nordeste (IGPN) e a entidades ligadas ao grupo investigado.

Nesta nova etapa, foram cumpridos 22 mandados judiciais, sendo três de prisão e 19 de busca e apreensão em endereços associados aos alvos da investigação.

As ordens incluíram ainda bloqueio de ativos financeiros, sequestro de bens e suspensão do exercício de funções públicas. Todas as determinações partiram do Juízo de Garantias.

Segundo a Polícia Civil, as investigações foram iniciadas em outubro de 2024 e apontam para possíveis crimes de corrupção passiva, peculato, lavagem de dinheiro e falsificação documental.

A primeira fase da operação, deflagrada em 2 de outubro, resultou na prisão de duas advogadas, Edjane Silva Monteiro e Eva Lúcia da Silva Monteiro, e de uma mulher ligada a uma faculdade alvo da investigação.

Segundo à PCPE, as irmãs advogadas são suspeitas de produzir documentos usados para viabilizar movimentações financeiras do esquema, que envolvia o Instituto de Gestão em Políticas Públicas do Nordeste (IGPN) e outras instituições, como a Associação Rede Vhida, sediada em Caruaru.

O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) substituiu a prisão preventiva das duas advogadas por prisão domiciliar, alegando falta de Sala de Estado-Maior no presídio feminino destinado a recebê-las. Elas devem cumprir condições como monitoramento eletrônico e proibição de contato com outros investigados.

As investigações indicam que o IGPN recebeu aproximadamente R$ 39 milhões ao longo de três anos, por meio de emendas parlamentares vinculadas a serviços de saúde que não eram executados ou eram superfaturados.

A promotora Katarina Gouveia, do Gaeco, destacou que o montante desviado equivale a cerca de 2% da receita municipal de Ipojuca. Números levantados pela Polícia Civil mostram que os repasses cresceram de R$ 2,28 milhões em 2022 para R$ 25 milhões em 2025. Dos 13 vereadores da cidade, nove destinaram recursos ao instituto.

Segundo o delegado Ney Luiz Rodrigues, parte dos mandados de prisão expedidos continua pendente de cumprimento, incluindo ordens contra gestores das entidades e o suposto líder do esquema.

A Polícia Civil afirma que o grupo utilizava CNPJs de associações antigas para conferir legitimidade às operações e repassava serviços a outras instituições, cujos cursos e atividades apresentavam fortes indícios de superfaturamento ou inexistência.

Com o material apreendido nesta segunda etapa, a investigação agora avança para detalhar responsabilidades e rastrear o destino dos recursos.