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Mais dois PMs são investigados após denúncia de estupro em posto do BPRv no Cabo

Principal suspeito do crime, subtenente da PM já teve a prisão preventiva decretada pela Justiça de Pernambuco; outros dois colegas são alvos de busca e apreensão

Por Felipe Resk

Suposto estupro teria acontecido no posto do BPRv do Cabo

A Vara da Justiça Militar Estadual, do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), determinou busca e apreensão na casa e no trabalho de mais dois policiais militares após uma mulher de 48 anos denunciar ter sido vítima de estupro em um posto do Batalhão da Polícia Rodoviária (BPRv) no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife. Os PMs também tiveram o sigilo telefônico quebrado.

A ordem consta na decisão de quarta-feira (15), obtida pelo Diario de Pernambuco, que decretou a prisão preventiva do subtenente Luciano Valério de Moura, de 49 anos, acusado do crime sexual. O PM nega ter abusado a vítima e alega ser alvo de vingança após encontrar possíveis irregularidades no veículo da mulher.

Um soldado e um 3º sargento, que estavam no posto policial no momento da blitz, também são investigados no inquérito militar. Eles já prestaram depoimento e confirmaram que o subtenente levou a vítima para as dependências do posto – procedimento que não seria permitido.

Agora, os três também devem ter os celulares e computadores apreendidos por ordem judicial. Para o juiz Francisco de Assis Galindo de Oliveira, do TJPE, “tal medida é indispensável” para “elucidar a dinâmica dos fatos e a eventual participação ou conhecimento dos outros dois policiais militares investigados”.

“O acesso ao conteúdo de mensagens, registros de chamadas, fotos e vídeos pode revelar elementos essenciais sobre a conduta dos investigados antes, durante e após o crime”, registrou o magistrado, na decisão.

Denúncia de estupro

O estupro teria acontecido na noite de 10 de outubro. Segundo a investigação, a mulher de 48 anos dirigia em direção à praia de Gaibu, no Cabo, acompanhada de uma amiga e das duas filhas, de 16 e 9 anos, quando foi parada por três PMs que realizavam fiscalização de rotina.

Após apresentar os documentos do veículo e a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), a vítima foi informada sobre a existência de débitos de licenciamento e multa. O subtenente Valério, então, teria pedido para que ele o acompanhasse até uma área interna do posto.

Na sala, o agente teria apagado as luzes, exposto a genitália e tentado manter relação sexual à força. A mulher afirmou ter resistido, mas o policial a obrigou a praticar sexo oral. Após o ato, ele teria feito comentários de cunho sexual e liberado a vítima, que deixou o local dirigindo.

No dia seguinte, a mulher procurou a Delegacia da Mulher e registrou o Boletim de Ocorrência. Na unidade, ela reconheceu o suspeito a partir de fotografias mostradas pelos investigadores. Roupas usadas no momento do abuso também foram recolhidas.

Defesa

Apontado como autor do crime, o subtenente Valério se entregou voluntariamente, na quarta-feira (15), no quartel do Comando Geral da PM, no Derby, no Centro do Recife, onde prestou depoimento e entregou o celular. Ao Diario, o advogado Teófilo Barbalho, que representa o PM, afirma que ele “nega categoricamente” a acusação.

Segundo relata, após ter o carro parado e ser informada que os documentos estavam atrasados, a mulher teria ligado para o antigo proprietário do veículo, que não a ajudou. “Ela ficou muito nervosa, começou a se tremer e pediu para tomar um copo d’água”, diz.

A sala onde os dois ficaram tem vidros, estaria com as luzes acesas e seria de fácil visualização para todos os presentes no posto, de acordo com o defensor.

“É muito estranho uma pessoa que é estuprada não gritar ou pedir socorro. O local era aberto, havia mais dois PM na abordagem e vários carros na frente, olhando”, alega. “A defesa entende que [a denúncia] é um subterfúgio para não pagar a multa.”

Ainda segundo o advogado, o subtenente Valério entrou na PM em março de 1999 e nunca teria sido punido anteriormente. Ele também é casado há 20 anos e tem dois filhos adolescentes – uma menina de 17 anos e um menino de 15. “A esposa acredita na versão dele”, relata.

Barbalho afirma, ainda, que o PM vai disponibilizar material genético para colaborar com a investigação. “A defesa espera que a perícia veja se há sêmen na roupa”, diz. “Ele está disposto a tudo.”