Metanol: quem é o homem preso suspeito de envolvimento nos três casos confirmados em Pernambuco
Mecânico de 40 anos é proprietário de uma distribuidora de bebidas
O mecânico Diego Maradona Lins Campos, de 40 anos, que foi preso por suspeita de vender bebidas alcoólicas adulteradas com metanol, é proprietário de uma distribuidora e estaria envolvido nos três casos de intoxicação confirmados em Pernambuco, de acordo com investigação da Polícia Civil. Duas vítimas morreram e outra perdeu a visão.
Diego Maradona foi detido em casa, em São Bento do Una, no último sábado (11), durante a Operação Intox Metanol, que apura suposto esquema de comercialização de bebidas falsificadas no estado. A ação contou com a participação de agentes da Polícia Militar (PM).
Na ocasião, os policiais também apreenderam 709 garrafas de rum e de conhaque com o suspeito – esse material, no entanto, ainda deve passar por perícia para constatar a presença de metanol. O Diario de Pernambuco não localizou a defesa do investigado e o espaço segue aberto para manifestação.
No inquérito, Diego Maradona é apontado como “distribuidor de bebidas de procedência duvidosa”. De acordo com a investigação, ele é o dono da empresa Sandiego Distribuidora, que tem sede registrada em Floresta, no Sertão, e estaria ligado, ainda, a estabelecimentos comerciais em São Bento do Una.
Intoxicação por metanol
Com base em perícias e depoimentos de testemunhas, a Polícia Civil acredita que o investigado foi o responsável por fornecer uísque contaminado que fez ao menos três vítimas em Lajedo, também no Agreste.
Uma delas, Marcelo dos Santos Carvalho, de 32 anos, teria adquirido “diversas garrafas” para revendê-las, de acordo com o inquérito. Após ingerir a bebida, no entanto, ele ficou internado na UTI do Hospital Mestre Vitalino, em Caruaru, e sofreu lesões oculares permanentes.
Já Celso da Silva, de 43 anos, que era cunhado de Marcelo, recebeu tratamento no mesmo hospital e morreu no dia 30 de agosto. A outra vítima foi Jonas da Silva Filho, que ficou hospitalizado em Lajedo e faleceu na madrugada anterior.
Um laudo do Instituto de Criminalística apontou que as garrafas de uísque continham concentrações de metanol pelo menos 300 vezes superiores às máximas permitidas. Altamente tóxico, o composto pode causar pancreatite, insuficiência renal, cegueira irreversível, necrose de gânglios da base e morte.
Prisão
Ao longo investigação, policiais chegaram a fazer diligências na empresa Campos Polpas, às margens da PE-180, e em um sítio, que era usado como depósito de bebidas. Os dois endereços ficam em São Bento do Una e estariam vinculados a Diego Maradona.
Nesses locais, os agentes só conseguiram contato com familiares do suspeito, que não souberam informar seu paradeiro. A dificuldade para intimá-lo foi um dos motivos citados pelo juiz Neif Megid, da 2ª Vara de Lajedo, do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), ao decretar a prisão preventiva na semana passada.
Também pesou contra Diego Maradona o fato de a Polícia Civil não saber informar, ao certo, a quantidade exata de garrafas adulteradas que ele teria vendido às vítimas.
“Isso significa que podem existir outras garrafas adulteradas ainda não identificadas pela investigação, colocando em risco a vida de consumidores inocentes”, assinalou o magistrado.
“A intoxicação por metanol é uma emergência médica gravíssima”, registrou o juiz. “Diversas pessoas tiveram suas vidas ceifadas ou suas saúdes altamente prejudicadas, inclusive com perdas de funções de forma definitiva, em razão da busca desenfreada pelo lucro fácil e pela ganância priorizada em detrimento da saúde pública.”
Na decisão, o magistrado determinou, ainda, fiscalização urgente da Anvisa e das Vigilâncias Sanitárias Estadual e Municipal nos estabelecimentos comerciais ligados ao investigado.