Casos de metanol em Pernambuco: o que ainda falta ser esclarecido
Primeiros registros ocorreram em setembro; investigação avança, mas origem e rota das bebidas continuam em aberto
Semanas após os primeiros registros de intoxicação por metanol em Pernambuco, o caso segue cercado por perguntas sem resposta.
A investigação da Polícia Civil e da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) resultou na prisão de um suspeito, apontado por importar bebidas adulteradas do Estado de São Paulo, e na apreensão de centenas de litros desse mesmo produto.
No entanto, ainda há dúvidas sobre a origem da substância tóxica, a extensão da rede de distribuição e a efetiva rota de comercialização desses produtos.
Os primeiros casos
Os primeiros episódios foram notificados no início de setembro, quando três pessoas, duas delas da mesma família, deram entrada em unidades de saúde do Agreste com sintomas neurológicos e visuais graves após consumir um uísque comprados em um caminhão vindo de São Paulo. As ocorrências ocorreram em Lajedo.
Nesta segunda-feira (13), a SES confirmou que as amostras das vítimas apresentavam presença de metanol, substância altamente tóxica e imprópria para consumo humano.
Desde então, o Estado soma 45 notificações, das quais três foram confirmadas, 18 descartadas e 24 seguem em investigação.
A prisão e as lacunas
No sábado (11), um homem de 40 anos foi preso em Lajedo sob suspeita de importar e distribuir produtos adulterados.
A operação, conduzida pela Polícia Civil com apoio da Polícia Militar, apreendeu cerca de 706 litros de conhaque e rum armazenados em uma área de vegetação densa na zona rural de São Bento do Una, cidade vizinha de Lajedo.
O material, segundo a perícia do Instituto de Criminalística (IC), continha níveis de metanol até 300 vezes acima do limite permitido, que é 20mg para 100ml.
Apesar da prisão, as autoridades ainda não esclareceram o local onde essas bebidas estão sendo fabricadas de forma irregular, quem forneceu os insumos químicos e se há uma rede maior envolvida no esquema.
A rota do álcool tóxico
A principal rota seguida pela investigação policial, é de que um caminhão de São Paulo trouxe os insumos adulterados para Pernambuco, principalmente, para o estabelecimento desse suspeito, que realizava a distribuição e comercialização dos produtos.
A SES informou que segue monitorando novas notificações e que as vigilâncias sanitárias municipais intensificaram as fiscalizações em bares, depósitos e distribuidores. A Apevisa também investiga possíveis fornecedores ilegais de álcool industrial usado na mistura.
Perguntas que ainda faltam respostas
- Qual a real origem do metanol encontrado nas bebidas adulteradas?
- Há outros lotes em circulação em Pernambuco?
- Quem são os intermediários na cadeia de produção e distribuição?
- Para onde esses insumos adulterados estão sendo distribuídos após desembarcarem em Pernambuco?