"Requintes de crueldade", diz juíza ao decretar prisão de suspeito de matar jovem em motel de Paulista
Djalma Diego Oliveira Deodato, de 25 anos, está preso pela morte da jovem Júlia Ramilly Duarte, de 20, em um motel em Paulista
“Os relatos são extremamente graves denotando requintes de crueldade e perversidade”. Foi com essas palavras que a juíza Simone Cristina Barros de Azevedo Silva, do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), decretou a prisão preventiva do suspeito de assassinar a jovem Júlia Ramilly Duarte, de 20 anos, encontrada morta em um motel em Paulista, no Grande Recife, na terça-feira (23).
Última pessoa a ser vista com a vítima, Djalma Diego Oliveira Deodato, de 25 anos, foi detido em flagrante e passou por audiência de custódia na quarta-feira (25). Ao mantê-lo na cadeia, a magistrada também considerou que ele não era réu primário e já havia sido preso, em dezembro de 2023, por tráfico de drogas.
“Além disso, em liberdade, de certo, o autuado influenciaria negativamente no ânimo das testemunhas, dificultando a correta apuração dos fatos”, registrou a juíza, na decisão,. “Assim, entendo pela insuficiência das medidas cautelares ao presente caso tendo em vista a gravidade concreta do crime e as condições pessoais do autuado”.
Na audiência, o então advogado de Djalma chegou a solicitar instauração de incidente de insanidade mental. O pedido, no entanto, foi recusado pela magistrada por não haver nos autos “qualquer documentação que indicasse que o autuado possui doença mental”. Ele foi levado para o Centro de Observação Criminológica e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, no Grande Recife.
Feminicídio
Júlia foi encontrada, com sinais de esganadura e de violência sexual, na suíte de número 6, por uma camareira do motel, na manhã de terça-feira (23).
O corpo estava coberto por um lençol, com um travesseiro em cima. Também havia marcas de sangue no quarto. De acordo com investigadores, o cadáver apresentava sinais de luta corporal – lesões possivelmente provocadas ao tentar se defender.
Segundo a investigação, Djalma e Júlia deram entrada no local de madrugada, por volta das 4h. Pouco mais de 3 horas depois, às 7h08, o suspeito foi à portaria, pagou R$ 60 pelo quarto e deixou o estabelecimento sozinho.
À Polícia Civil, funcionários relataram que o suspeito chegou a avisar que ainda havia outra pessoa dormindo no cômodo, mas precisava dar uma saída e ainda voltaria para o motel – o que não aconteceu.
“Djalma não estava nervoso, permaneceu muito calmo e a declarante não suspeitou de nada”, registra o depoimento da camareira.
Em interrogatório, ele admitiu que pegou R$ 30 da bolsa da vítima e completou o pagamento com Pix, realizado no seu próprio nome. Alegou, no entanto, que “não se recorda de ter matado Júlia”.
As versões sobre como os jovens se conheceram, entretanto, ainda são conflitantes. À Polícia, Djalma relatou ter conhecido Júlia naquela madrugada. Segundo o depoimento, os dois teriam usado drogas juntos e decidido ir ao motel.
Já uma amiga da jovem declarou que as duas estavam em uma festa, em Pau Amarelo, também em Paulista, e resolveram ir embora por volta das 4h. Cada uma teria pedido o seu próprio transporte por aplicativo. Júlia, no entanto, não voltou para casa.
Antecedentes
Conforme informou o Diario de Pernambuco, Djalma já era réu em outro processo no TJPE e respondia à acusação de tráfico de drogas em liberdade. Segundo a denúncia do Ministério Público (MPPE), ele foi detido em flagrante na Rodovia PE-15, em Paulista, com 10 pedras de crack e cerca de 50 gramas de haxixe, na noite de 20 de dezembro de 2023.
A acusação narra que, na ocasião, o suspeito foi denunciado por populares por estaria traficando drogas, de forma reiterada, dentro de um shopping em Paulista. De acordo com a promotoria, ele usava um banheiro do centro comercial para entregar os entorpecentes.
“Diante desse contexto, o efetivo policial montou campana no estacionamento do shopping, local onde foi possível avistar um indivíduo dirigindo uma moto, com as mesmas características citadas na denúncia”, relata o MPPE.
Djalma ainda tentou escapar da Polícia Militar (PM), de acordo com a promotoria. Durante a fuga, ele teria entrado na contramão da rodovia, perdido o controle do veículo e colidido com o meio-fio.