Após paciente com superfungo fugir de hospital, infectologista diz que não há "risco para a população em geral"
Paciente vivia em situação de rua e fugiu nesta segunda-feira (22) do Hospital Otávio de Freitas
Um paciente de 33 anos diagnosticado com o superfungo Candida auris fugiu, nesta segunda-feira (22), do Hospital Otávio de Freitas, em Tejipió, na Zona Oeste do Recife. Apesar do ocorrido, não há risco para a população em geral, segundo afirmou o infectologista Felipe Prohaska, da Universidade de Pernambuco (UPE) e diretor médico na Infecto Associados do Recife.
O homem, natural de Jaboatão dos Guararapes e em situação de rua, deu entrada na unidade de saúde no dia 3 de setembro, com suspeita de tuberculose. Ele foi internado na UTI respiratória, onde cada leito é isolado em estruturas conhecidas como “aquários”, com ventilação própria. Atualmente, o setor abriga menos de dez pacientes.
Prohaska destacou que, em Pernambuco, já foram registrados mais de 80 casos de Candida auris, a maioria sem necessidade de medicação específica.
“Para o paciente em si não tinha indicação de tratamento do super fungo até o momento. Ele tinha indicação de tratamento da tuberculose. Essa é a prioridade. Ele não traz risco para a população em geral, mesmo estando fora do hospital. Mas é de extrema importância monitorar os casos e ter segurança nessas doenças que são mais novas para entender o que acontece e como as pessoas convivem com ela”, explicou.
A Candida auris é uma levedura capaz de causar infecções graves, especialmente em ambientes hospitalares. O fungo costuma atingir pessoas com sistema imunológico enfraquecido, que fazem uso de dispositivos médicos invasivos ou permanecem longos períodos internadas em unidades de terapia intensiva.
Segundo Prohaska, trata-se de um dos fungos mais perigosos em ambientes de saúde. “A Candida auris é uma adaptação, um dos fungos mais perigosos para o ser humano em ambientes hospitalares, pertencente ao gênero Candida. Ela apresenta resistência aos antifúngicos atualmente disponíveis. Além disso, demonstra resistência ao calor e aos produtos de higienização empregados tanto no ambiente hospitalar quanto para a assepsia das mãos”, destacou.
Essa resistência dificulta o controle do fungo. “As soluções utilizadas, como quaternário de amônio e álcool em gel, amplamente empregadas na prevenção da Covid-19 e outras infecções bacterianas, mostram-se ineficazes contra a Candida auris. Essa resistência contribui para um risco elevado de proliferação do fungo”, completou o infectologista.
A Candida auris não apresenta sintomas específicos que a diferenciem de outras infecções fúngicas ou bacterianas. Os sinais variam de acordo com o local da infecção, mas, em geral, os pacientes costumam manifestar febre persistente que não melhora com o uso de antibióticos, calafrios recorrentes, fadiga, mal-estar e, nos casos mais graves, queda da pressão arterial associada a infecção na corrente sanguínea.