Repasse do Metrô do Recife para o estado deve ser feito em duas semanas, diz Rui Costa
Ministro disse que governo federal ainda vai investir R$ 3 bilhões para garantir modernização do sistema e que o estado deve conceder o metrô à iniciativa privada
O repasse da gestão do Metrô do Recife ao governo do estado, para que, em seguida, seja feita a concessão à iniciativa privada deve acontecer dentro de duas semanas. A informação é do ministro da Casa Civil, Rui Costa, e foi anunciada durante entrevista ontem em entrevista ao programa “Bom dia, Ministro”, da EBC. Ele também explicou que serão investidos R$ 3 bilhões na modernização do sistema.
“Nesses dois anos nós trabalhamos intensamente junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para fazer o levantamento de demanda e de investimentos necessários. Nós estamos, portanto, finalizando, eu diria que mais uma ou duas semanas, o diálogo com o governo do Estado. O modelo é como fizemos em todos os estados do Brasil: transferir para o Estado e o Estado fazer a concessão”, afirmou.
“Apesar dos valores operacionais muito altos, tanto o que o governo federal aplica como que o Estado aplica, o serviço não é de boa qualidade, ou seja, não tem correspondência entre os valores muito robustos aplicados. Então, o que nós vamos buscar é, portanto, que haja compatibilidade. Se o custo é alto, a qualidade tem que ser melhor ainda”, destacou Rui Costa.
Em maio último, o governo federal autorizou que o Metrô do Recife fosse concedido à iniciativa privada. A medida, assinada por Rui Costa, estabeleceu a transferência de imóveis e demais ativos essenciais ao funcionamento do sistema para o governo de Pernambuco.
Atualmente, o processo de concessão encontra-se em fase de estudos. As próximas etapas incluem a realização de consulta pública, análise pelo Tribunal de Contas da União (TCU), publicação do edital, leilão do projeto e, por fim, a assinatura do contrato. Segundo dados da CBTU Recife, cerca de 138 mil pessoas utilizam diariamente o Metrô do Recife: aproximadamente 80 mil na Linha Centro, 55 mil na Linha Sul e 2,6 mil na Linha Diesel.
“A nossa prioridade é a população, é o serviço à população. E todos os empregados terão garantia dos seus empregos, mas a gente não pode prejudicar a população do Grande Recife com um serviço de má qualidade como hoje eles têm”, frisou o ministro. A concessão do metrô não é vista com bons olhos pelos metroviários, que chegaram a paralisar as atividades por 24 horas no dia 13 de agosto, dia da visita do presidente Lula ao Recife.
Em nota enviada ao Diario de Pernambuco, o Sindicato dos Metroviários de Pernambuco (Sindmetro) afirmou que as falas do ministro são um “desrespeito à luta histórica dos metroviários”.
“O discurso apresentado ignora completamente a realidade enfrentada diariamente pelos usuários e pelos trabalhadores, reduzindo um problema complexo a uma solução simplista e perversa: a privatização”, declara a entidade sindical.
Sobre a manutenção dos empregos dos metroviários, a nota diz que “a experiência em outros estados mostra que esse discurso não passa de retórica: privatizações vêm sempre acompanhadas de cortes, terceirizações e ataques aos direitos da categoria. A fala do ministro tenta maquiar a realidade, mas não engana a classe trabalhadora”.
Passageiros enfrentam problemas com merô
Nesta quarta-feira, a Linha Sul do Metrô do Recife foi temporariamente paralisada por um problema na rede aérea.
No dia 2 de julho, uma pane elétrica prejudicou o funcionamento do Ramal Camaragibe. O problema chegou a ser resolvido no mesmo dia, mas não deixou de causar transtornos aos usuários.
Em maio, a Linha Sul do Metrô do Recife passou mais de 14 horas paralisada em razão de um problema na rede aérea. Segundo a CBTU, o problema aconteceu nas proximidades da Estação Recife e afetou todas as estações da linha.
Em abril, a Linha Centro também sofreu uma pane elétrica e interrompeu a circulação dos trens. Houve um curto-circuito na subestação de energia da Estação Coqueiral que resultou em baixa tensão e na paralisação de todas as estações do ramal.