João Campos minimiza críticas ao ‘Distrito Guararapes’ e PPPs no Recife
De acordo com o prefeito do Recife, a iniciativa é uma "solução inovadora" para o problema de esvaziamento do Centro
O prefeito do Recife, João Campos (PSB), minimizou críticas feitas ao projeto ‘Distrito Guararapes’, que prevê a concessão de uma área com 35 quarteirões e 14 imóveis no bairro de Santo Antônio, no Centro da cidade, para a iniciativa privada por 30 anos. De acordo com o gestor, em entrevista à Rádio Folha, nesta quarta-feira (19), a iniciativa é uma “solução inovadora” para o problema de esvaziamento histórico da região.
“Quem passa pelo Centro diz que está abandonado. Mais de 98% dos imóveis sem uso são privados. A prefeitura não tem o que fazer se não tiver legislação para isso. Colocamos um projeto de IPTU progressivo ou Desapropriação por Hasta Pública. Fazemos isso e somos acusados de criar uma ‘Venezuela’ no Brasil. Se criamos uma concessão junto à iniciativa privada, dizem que estamos vendendo o Recife”, disse o prefeito.
“Uma minoria de um lado ou do outro vai achar ruim, mas a imensa maioria da população quer que o Centro seja revitalizado”, acrescentou.
De acordo com Campos, sua gestão “colocou de pé o maior conjunto de investimento da história da cidade”, que passou a investir de R$ 300 milhões para R$ 1 bilhão anualmente, sendo 70% do valor aportado em áreas de periferia.
O prefeito defendeu que as parcerias público-privadas (PPP) são parte “salutar” de uma “gestão moderna e com capacidade de inovar”, e citou como exemplo os parques da Jaqueira, de Santana, de Apipucos e Dona Lindu, concedidos à empresa Viva Parques em março deste ano.
“Foram R$ 10 milhões economizados pela prefeitura para serem utilizados para outra coisa, e [os parques] passam ter uma gestão privada regulada pela prefeitura”, afirmou. “O parque de Apipucos, por exemplo, era pouquíssimo utilizado. Hoje em dia, todo sábado tem um festival gastronômico. Nunca vi tanta gente naquele parque. Uso extraordinario”, completou.
Distrito Guararapes
O “Distrito Guararapes” corresponde a uma área plana de mais de 140 mil m² e um perímetro de 14 hectares. Segundo o prefeito, a prefeitura identificou mais de 40 prédios abandonados no bairro com disputas pendentes na justiça, dos quais uma dezena “continuaria sem solução por 100 anos” sem a intervenção da gestão.
“O Rio de Janeiro está fazendo isso, São Paulo também, em algumas áreas. Em Nova York, a maior operação urbana dos últimos 10 anos foi desse tipo. E as unidades vão ser de interesse social, dentro do ‘Minha Casa, Minha Vida’. Agora, eu não estou aqui para deixar as coisas do jeito que estão”, disparou. “Não tem como recuperar o Centro do Recife se as pessoas não voltarem a morar”, complementou.
A prefeitura comprou 14 prédios, dos quais 12 serão para moradia, um se tornará um edifício garagem, e outro, uma cinemateca. Os imóveis serão concedidos a uma empresa privada para que sejam “retrofitados” e gerenciados. O projeto foi desenvolvido junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que contratou o escritório do urbanista Jaime Lerner, ex-prefeito de Curitiba.
“Conseguimos fazer uma ação que viabiliza a moradia no Centro e induz outros 30 imóveis daquela área com uma facilidade jurídica para que o privado faça”, defendeu Campos.
Para o prefeito, a expectativa é de que “em quatro ou cinco anos” as moradias sejam entregues. “Não tenho dúvidas que o resultado vai aparecer e vocês vão ver mais empreendimentos no Centro. Já está acontecendo”, afirmou.