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Rússia diz que não precisa apresentar provas do alegado ataque ucraniano à casa de Putin

Até o momento o alegado ataque à residência do presidente russo Vladimir Putin pela Ucrânia não teve provas apresentadas por Moscou

Por Isabel Alvarez

Fotografia divulgada pela agência estatal russa Sputnik. Presidente da Rússia, Vladimir Putin, preside uma reunião sobre a situação na zona da "operação militar especial", termo usado pelo Kremlin para se referir à ofensiva na Ucrânia que já dura quase quatro anos, em Moscou, em 29 de dezembro de 2025. (Foto de Mikhail METZEL / POOL / AFP)

O porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, declarou hoje que o ataque da Ucrânia a uma das residências de Putin visa afetar as negociações. “A tentativa de ataque à casa da região de Novgorod é mesmo um ato terrorista para minar o processo de negociação. Não penso que deva existir qualquer prova de que um ataque maciço de drones foi realizado e que, graças à boa coordenação do sistema de defesa antiaérea, foi abatido”, frisou Peskov.

Por sua vez, o governo de Kiev nega o ataque e o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, ainda disse que isto significa que a Rússia se prepara para uma ofensiva em larga escala contra o seu país.


Zelensky também insistiu na acusação de que o Kremlin tenta sabotar as conversações de paz com os Estados Unidos e afirmar que a Ucrânia não pode vencer a guerra contra a Rússia sem o apoio norte-americano. “Não confio em Putin e ele não quer o sucesso da Ucrânia. A Rússia está fazendo isto de novo ao usar declarações perigosas para minar os esforços diplomáticos com os EUA para pôr fim ao conflito. Esta suposta história de ataque residencial é uma completa invenção destinada a justificar ataques adicionais contra a Ucrânia, incluindo Kiev, bem como a própria recusa da Rússia em tomar as medidas necessárias para pôr fim à guerra”, ressaltou Zelenskiy, acrescentando que a alegação são mentiras típicas da Rússia.

Em contrapartida, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, reforçou que a Ucrânia tentou atacar a residência de Putin na região de Novgorod, a oeste de Moscou, entre os dias 28 e 29 de dezembro, com 91 drones de longo alcance, sendo que todos foram destruídos pelas defesas aéreas russas.

Lavrov indicou que ninguém ficou ferido e não houve danos materiais, mas também destacou que tais ações imprudentes não ficarão impunes. O chanceler russo descreveu o incidente como "terrorismo de Estado" e que já haviam sido selecionados alvos para ataques de retaliação por parte das Forças Armadas da Rússia. O ministro enfatizou que ainda que Kiev e os países ocidentais precisam aceitar o fato da Rússia deter a iniciativa no campo de batalha, à medida que se aproxima o quarto aniversário da invasão de 2022. “A nossa posição de princípio permanece inalterada. A iniciativa estratégica cabe inteiramente ao exército russo e o Ocidente compreende isso”. Para Lavrov, a Ucrânia e o Ocidente necessitam ter em conta a realidade no terreno.

Enquanto isso Putin ordenou que as tropas avançassem em Zaporizhia, prosseguindo a campanha para assumir o controle total da região, que fica no sul da Ucrânia. A Rússia já controla aproximadamente 75 % da cidade ucraniana, uma das quatro anexadas por Putin em 2022, numa ação denunciada por Kiev e pelo Ocidente como ilegal.

Segundo o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas da Rússia, general Valery Gerasimov, as forças de Moscou estavam a avançar por quase toda a linha da frente. Por outro lado, as forças de Kiev estavam focadas na defesa e nas tentativas de contra-ataque.

Atualmente, a Rússia controla cerca de um quinto da Ucrânia, incluindo a Península da Crimeia, que anexou em 2014, não reconhecida pela maioria da comunidade internacional. O Kremlin também reivindica o Donbass, que abrange as regiões de Donetsk e Luhansk, assim como as regiões de Zaporizhia e Kherson, sendo todas internacionalmente reconhecidas como território soberano da Ucrânia.

Já Moscou quer que a Ucrânia retire as suas tropas de partes da região de Donetsk, que não conseguiu ocupar integralmente. Por seu lado, a Ucrânia quer o fim dos combates ao longo das atuais linhas da frente e Washington propôs uma zona econômica especial caso Kiev remova as suas tropas.