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EUA suspendem processos de imigração para cidadãos de 19 países

Após o tiroteio contra soldados da Guarda Nacional, Trump afirmou que planejava "pausar permanentemente a migração de todos os países do terceiro mundo"

Por AFP

O presidente Donald Trump discursa ao lado do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio (à esquerda), durante uma reunião de gabinete na Sala de Reuniões do Gabinete da Casa Branca, em Washington, DC, em 2 de dezembro de 2025. (Foto de ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP)

O governo dos Estados Unidos suspendeu o processamento de solicitações de cidadania e residência para migrantes de 19 países, incluindo Cuba, Haiti e Venezuela, uma medida que intensifica a política anti-imigração do presidente Donald Trump.

O presidente republicano endureceu particularmente sua posição a respeito das três nações latino-americanas, especialmente com a Venezuela nos últimos meses, ao ordenar uma mobilização militar sem precedentes no Caribe.

Trump afirma que ordenou uma operação para combater o narcotráfico, mas Caracas denuncia que o objetivo é derrubar o presidente Nicolás Maduro.

Cuba, por sua vez, está sob um embargo comercial dos Estados Unidos há mais de seis décadas, enquanto Haiti, país mais pobre das Américas, é cenário de uma crise humanitária em consequência da violência de gangues.

Segundo um memorando oficial divulgado na terça-feira (2) e ao qual a AFP teve acesso, o governo Trump paralisou o processamento de "green cards", vistos de residência permanente, além dos processos de cidadania para pessoas procedentes de 19 países, que já enfrentavam restrições de viagem desde junho.

Além de Cuba, Haiti e Venezuela, a medida também afeta cidadãos do Afeganistão, Irã, Somália, Sudão, Iêmen, Mianmar, Burundi, Chade, República do Congo, Guiné Equatorial, Eritreia, Laos, Líbia, Serra Leoa, Togo e Turcomenistão.

Funcionários de alto escalão do governo americano haviam antecipado nos últimos dias que o país endureceria as políticas migratórias após o ataque a tiros contra dois soldados da Guarda Nacional perto da Casa Branca, na semana passada.

O suspeito do ataque, que matou uma militar, é um afegão que se declarou inocente das acusações de assassinato em uma audiência na terça-feira.

O homem chegou aos Estados Unidos durante as operações de retirada em massa posteriores à retirada das forças estrangeiras do Afeganistão em 2021.


"Assassinos" e "sanguessugas"


O Serviço de Cidadania e Imigração (USCIS) "tem um papel central em impedir que terroristas busquem refúgio nos Estados Unidos e em garantir que seus processos de seleção, investigação e atribuição priorizem a segurança do povo americano e respeitem todas as leis", afirma o memorando.

O documento acrescenta que o governo comprovou recentemente "o que a falta de avaliação, verificação e priorização de decisões rápidas pode fazer ao povo americano", citando como exemplo o suposto autor do ataque aos integrantes da Guarda Nacional na semana passada.

Trump, que fez campanha para retornar à Casa Branca com a promessa de deportar milhões de migrantes sem documentos, disse em 26 de novembro, após o tiroteio, que planejava "pausar permanentemente a migração de todos os países do terceiro mundo para permitir que o sistema americano se recupere por completo".

A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, também pediu na segunda-feira a ampliação da lista de países afetados pelas restrições de viagens de junho.

"Acabei de me reunir com o presidente. Recomendo uma proibição total de viagens para cada maldito país que inundou nossa nação com assassinos, sanguessugas e viciados que se acreditam com direito a tudo", afirmou na rede social X, sem mencionar as nações que, na opinião dela, deveriam ser incluídas.

Na terça-feira, a imprensa americana informou que as autoridades federais pretendem iniciar nos próximos dias uma grande operação de controle da imigração em Minnesota, que se concentraria em cidadãos somalis, o que provocou a reação dos políticos locais, que afirmaram que a polícia estadual não vai cooperar com a ação.