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ONU aponta que economia da Palestina retrocedeu mais de duas décadas

Segundo documento, o PIB da Palestina caiu para níveis de 2003, apagando 22 anos de progresso econômico em apenas 15 meses

Por Isabel Alvarez

Palestinos deslocados permanecem em uma estrada após fortes chuvas na cidade de Jabalia, no norte da Faixa de Gaza, em 25 de novembro de 2025.Photo by Omar AL-QATTAA / AFP)

A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento publicou o relatório sobre a situação econômica nos territórios palestinos. Segundo o documento, o Produto Interno Bruto (PIB) da Palestina caiu para níveis de 2003, apagando 22 anos de progresso econômico em apenas 15 meses. Atualmente, o PIB per capita é um dos mais baixos do mundo assim como o Índice de Desenvolvimento Humano.

Em Gaza, a crise é considerada a mais severa já registrada, de acordo com o Programa de Dados sobre Conflitos de Uppsala, na Suécia, citado no texto da ONU, que lamentou a perda de 69 anos de desenvolvimento humano, acrescentando a destruição em larga escala de infraestruturas essenciais, como hospitais, escolas, bancos e habitações.

Além disso, agora as condições humanitárias se agravaram devido às chuvas torrenciais. Os campos de refugiados onde vivem milhares de pessoas estão inundados e as tempestades estão estragando as reservas de alimentos e medicamentos indispensáveis à população.

O relatório acrescenta que 98% dos bancos que operavam na região fecharam e pelo menos 92% das habitações ficaram destruídas. O desemprego atingiu mais de 80% no enclave, o que coloca toda a população de Gaza abaixo do limiar da pobreza. O crescimento econômico, num cenário otimista de taxas de crescimento facilitado por significativa ajuda externa, pode, mesmo assim, levar décadas.

Mas, a situação também piorou muito na Cisjordânia causada pela expansão dos assentamentos ilegais israelenses e das restrições aos recursos econômicos, revelando
que a Palestina se encontra na pior crise fiscal até o momento, que resulta da continuação do cumprimento do Protocolo de Paris, expirado em 1999.

Este protocolo, assinado em 1994 entre Israel e Palestina, prevê a arrecadação de impostos por parte do governo israelense de todas as importações palestinas e transfere a receita para o governo palestino mensalmente, o que, de acordo com o relatório, deixa mais de dois terços da receita fiscal palestina sob controle de Israel, que pode e, por várias vezes faz suspender transferências e aplicar deduções unilaterais, algo que tem acontecido desde 2019 e aumentou consideravelmente a partir de 2023.

Enquanto isso, a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina reportou a morte de quase 50 crianças em 2025, classificando como a mais grave crise humanitária em décadas na Cisjordânia. Além disso, mais de 12 mil permanecem deslocadas à força devido à violência e à crise.

Em outubro passado, a violência dos colonos israelenses na Cisjordânia ocupada atingiu patamares recordes. Somente no mês passado, os colonos destruíram cerca de 3 mil oliveiras, cruciais para a economia palestina em dificuldades.

A comissão palestina encarregada de recolher dados sobre a violência israelense na Cisjordânia, a Comissão do Muro e dos Assentamentos, estimou que os colonos realizaram mais de 140 ataques contra agricultores ou explorações agrícolas desde agosto.