Comunidade internacional condena a morte de seis jornalistas em Gaza
As Nações Unidas condenaram o ataque e declarou que o caso é uma grave violação do direito internacional
Um ataque das forças de Israel na Cidade de Gaza, que implementa o seu novo plano de operações e ocupação no território palestino, matou seis jornalistas, sendo cinco da TV catari Al Jazeera e um repórter da mídia palestina Sahat no domingo à noite (10).
A Al Jazeera anunciou que a morte dos seus trabalhadores, entre os quais Anas al Sharif, de 28 anos, correspondente renomado do canal e que cobria diariamente o conflito, aconteceu numa ofensiva direcionada israelense contra uma tenda na Cidade de Gaza, junto ao hospital Al-Shifa.O governo de Benjamin Netanyahu alegou que Al-Sharif era terrorista e que ele foi o principal alvo do ataque.
De acordo com a emissora, dez de seus correspondentes já foram mortos pelas forças de Israel em Gaza desde que eclodiu a guerra. O chefe do escritório da Al Jazeera em Gaza, Wael Al-Dahdouh, negou firmemente as acusações de Israel contra o repórter. "Rejeitamos a política de assassinato de jornalistas palestinos. Cerca de 238 jornalistas foram mortos nesta guerra, algo nunca visto na história", denunciou.
O Sindicato de Jornalistas Palestinos também condenou o incidente que classificou de "crime sangrento". A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) declarou com veemência e indignação os assassinatos reivindicados por Israel. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas e a RSF exigiram uma investigação independente do caso.
As Nações Unidas condenaram o ataque e declarou que o caso é uma grave violação do direito internacional. “O secretário-geral apela a uma investigação independente e imparcial sobre estes últimos assassinatos. Pelo menos 242 jornalistas foram mortos em Gaza desde o início da guerra. Os jornalistas e os profissionais da comunicação social devem ser respeitados, devem ser protegidos e devem poder exercer o seu trabalho livremente, sem medo e sem assédio", disse Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU.
O primeiro-ministro do Catar, Mohammed ben Abdulrahmane al-Thani, também denunciou o ataque deliberado de Israel a jornalistas da Al Jazeera em Gaza. “O alvo deliberado dos jornalistas por Israel na Faixa de Gaza revela o quanto esses crimes ultrapassam a imaginação”, afirmou al-Thani.
A União Europeia e o Reino Unido condenaram o ataque israelense e o primeiro-ministro do britânico expressou grave preocupação com o que chamou de ataques contínuos à imprensa em Gaza.
Com o bloqueio de Gaza, os veículos comunicação do mundo dependem da cobertura do conflito realizada por jornalistas palestinos. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que tem um plano para autorizar repórteres estrangeiros a trabalharem dentro de Gaza acompanhados pelo exército israelense, mas não definiu datas. A imprensa internacional não tem autorização para autuar livremente no enclave desde o início da guerra com o Hamas. Apenas algumas mídias selecionadas puderam raramente entrar em certas zonas na região acompanhadas por militares israelenses.
Enquanto isso, o comandante das forças armadas israelitas, Eyal Zamir, afirmou na segunda-feira (11) que as suas tropas entraram numa nova fase de combate e farão todo o possível para preservar as vidas dos reféns mantidos na região e trazê-los de volta para casa.
Já os familiares dos reféns israelenses convocam uma greve nacional para o próximo domingo, em protesto contra a recente decisão do governo de alargar a guerra e tomar a Cidade de Gaza. A eles já se juntou o Conselho 7 de outubro, que representa as famílias enlutadas dos soldados que morreram no início da guerra. Os organizadores querem parar a economia do país. Segundo eles, centenas de empresas já disseram que iriam participar na greve, assim como milhares de cidadãos declararam que iriam tirar o dia de folga. No entanto, o maior sindicato de trabalhadores de Israel, conhecido como Histadrut, ainda não aderiu à greve.