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Inflação volta a acelerar

No acumulado, a prévia da inflação já chega a 3,76% no ano e a 5,32% em 12 meses, passando novamente dos 5%

Por Ecio Costa

Ecio Costa

O IPCA-15 de setembro confirmou aquilo que o consumidor já sentia no bolso: a inflação voltou a acelerar. A alta de 0,48% em setembro veio após a deflação de agosto (-0,14%) e superou com folga o resultado de setembro do ano passado (0,13%).

No acumulado, a prévia da inflação já chega a 3,76% no ano e a 5,32% em 12 meses, passando novamente dos 5%. O resultado mantém a pressão sobre o poder de compra das famílias e reforça as dificuldades do Banco Central em conduzir a inflação para a meta, mesmo com uma Selic em 15% ao ano.

Entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, cinco apresentaram aumento em setembro, sendo a energia elétrica o grande vilão do mês.

O grupo Habitação disparou 3,31% e sozinho foi responsável por 0,50 p.p. do índice total. A energia elétrica subiu 12,17%, revertendo a queda do mês anterior, influenciada pelo fim do crédito referente ao Bônus de Itaipu. Em setembro, o alívio acabou, e a bandeira tarifária vermelha patamar 2 entrou em cena, acrescentando R$ 7,87 a cada 100 kWh.

No grupo Vestuário, a alta foi de 0,97%, impulsionada principalmente pelos aumentos em roupas femininas (1,19%) e em calçados e acessórios (1,02%). Já o grupo Saúde e cuidados pessoais avançou 0,36%, influenciado pelo item plano de saúde, que subiu 0,50%.

Enquanto isso, alguns preços de alimentos ajudaram a segurar uma alta ainda maior. Alimentação e bebidas recuou 0,35% e registrou sua quarta queda consecutiva. No segmento da alimentação no domicílio, a retração foi de 0,63%, com destaque para as reduções nos preços do tomate (-17,49%), da cebola (-8,65%), do arroz (-2,91%) e do café moído (-1,81%).

Já alimentação fora do domicílio apresentou aumento de 0,36%, mas em ritmo menor que no mês anterior. O grupo Transportes apresentou variação negativa, com queda de 0,25% em setembro. Entre os destaques estão as reduções do seguro voluntário de veículo (-5,95%) e das passagens aéreas (-2,61%).

Nos combustíveis, houve queda no gás veicular (-1,55%) e na gasolina (-0,13%), enquanto óleo diesel (0,38%) e etanol (0,15%) tiveram altas.

Regionalmente, todos os locais analisados apresentaram alta. Recife liderou com 80%, puxada pela disparada da energia elétrica (10,69%) e da gasolina (4,78%). Já Goiânia teve a menor variação (0,10%), impactada pelas quedas na gasolina (-2,78%) e no tomate (-24,39%).

A inflação continua pressionada, com impactos importantes sobre os preços de produtos e serviços, diminuindo o poder de compra das famílias. Pouco desse impacto tem a ver com as altas taxas de juros, mas sim com a contínua expansão fiscal, que deve se intensificar ainda mais no segundo semestre e, principalmente, no ano que vem com as eleições.

Enquanto o governo não diminuir as despesas, a inflação dificilmente convergirá para a meta de 3,00% ao ano.