Pernambucano preso em operação com mais de 120 mortos no Rio já tinha passagem por roubo e receptação no Recife
Rafael dos Santos Henrique é um dos três pernambucanos presos durante a operação mais letal da história brasileira, no Rio de Janeiro
Um dos três pernambucanos presos durante a Operação Contenção, que resultou em ao menos 121 mortos no Rio de Janeiro, Rafael dos Santos Henrique, de 32 anos, já tinha passagem por crimes de roubo e receptação no Recife. A ação foi deflagrada para prender líderes do Comando Vermelho (CV), uma das maiores facções criminosas do país.
Rafael foi detido na última terça-feira (28), no Complexo da Penha, no Rio de Janeiro. Segundo a Polícia Militar (PM) fluminense, ele fazia parte de um grupo que teria atirado contra o efetivo e tentado se esconder nas casas de moradores. Eles se renderam após negociação com os agentes.
A polícia diz ter apreendido no local três fuzis; três pistolas, outra arma de fogo calibre 22 com carregador; seis granadas, rádios comunicadores e entorpecentes.
Histórico criminal
Natural de Olinda, Rafael já foi preso por roubo majorado pelo concurso de pessoas em 2014. Condenado a uma pena de cinco anos e oito meses de reclusão na 9ª Vara Criminal do Recife, do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), ele progrediu para o livramento condicional em 25 de fevereiro de 2016.
Naquele mesmo ano, Rafael também teve a prisão preventiva decretada por receptação. Ele foi preso em flagrante no bairro de Passarinho, Zona Norte do Recife, com um carro roubado.
Os policiais relataram que faziam rondas de rotina quando determinaram a parada do veículo e Rafael desobedeceu. Ele foi perseguido e alcançado.
O acusado não apresentou os documentos do veículo e disse apenas que tinha comprado o automóvel por R$ 6 mil em um feirão no bairro de Ilha de Joana Bezerra, na área central da capital pernambucana. Pelo crime de receptação, ele foi condenado a três anos de reclusão.
Rafael foi posto em liberdade em 12 de dezembro de 2016. Em 19 de janeiro de 2017, entretanto, foi novamente preso em flagrante pela prática de novo roubo qualificado.
Prisão no Rio
Na terça-feira (28), Polícia Militar (PM) realizava incursão nas imediações do local conhecido como Vacaria, no Complexo da Penha, quando se deparou com um grupo de nove suspeitos. Entre eles, estava Rafael.
"Próximo à área da mata, o grupo começou a efetuar disparos com armas de fogo contra a equipe", diz um policial militar, em depoimento ao qual o Diario de Pernambuco teve acesso.
"Ao rechaçar a agressão, os elementos evadiram-se, ainda efetuando disparos contra a equipe", acrescenta. Os suspeitos tentaram se ocultar em casas de moradores após serem cercados.
Ainda de acordo com o relato policial, os suspeitos alcançaram um beco próximo às casas, momento em que houve negociação para que não entrassem nos imóveis.
"Após as negociações, os elementos se renderam, abandonaram os materiais que estavam portando no beco e deslocaram-se em direção à equipe com as mãos erguidas.
Encaminhado à delegacia, Rafael se manteve em silêncio.
Segundo a Delegacia de Repressão a Entorpecentes, o suspeito incorre nos crimes de possuir armas de fogo de uso restrito, armas de fogo com numeração raspada e artefatos explosivos; tráfico de drogas; associação para o tráfico.
Contenção
A Operação Contenção é a mais letal da história brasileira, com mais de 120 mortos.
Em coletiva de imprensa após os confrontos, o governador Cláudio Castro (PL) afirmou que as únicas vítimas foram os quatro policiais mortos na ação.
Durante a madrugada e o início da manhã desta quarta-feira, 29, moradores do Complexo da Penha levaram ao menos 60 corpos à Praça São Lucas, segundo relatos locais. No início da tarde, todos os corpos tinham sido encaminhados IML.
De acordo com o último balanço do governo estadual, 121 pessoas morreram, enquanto a Defensoria Pública contabiliza 132 vítimas.