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Força-tarefa no IML: mais da metade dos mortos em operação no Rio foram identificados

O IML está sendo utilizado exclusivamente para a necrópsia dos corpos da megaoperação

Por Estadão Conteúdo

Familiares aguardam do lado de fora do Instituto Médico-Legal Afrânio Peixoto (IMLAP) para recuperar os corpos de seus entes queridos mortos durante a Operação Contenção, no Complexo da Penha, no Rio de Janeiro, Brasil, em 29 de outubro de 2025. A Defensoria Pública do Rio de Janeiro afirmou nesta quarta-feira que um total de 132 pessoas morreram na operação policial mais sangrenta da história da cidade, enquanto moradores enlutados expunham dezenas de corpos nas ruas.

Mais da metade dos corpos dos 117 mortos na megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha contra integrantes do Comando Vermelho já foram identificados e começam a ser liberados aos familiares. O governo do Rio montou uma força-tarefa no Instituto Médico-Legal Afrânio Peixoto, na região central do Rio para a necrópsia dos homens que morreram durante a Operação Contenção.

De acordo com o governo do Estado, o IML está sendo utilizado exclusivamente para a necrópsia dos corpos da megaoperação. A entrada é restrita aos agentes da Polícia Civil e promotores do Ministério Público. O atendimento às famílias dos mortos está sendo feito no prédio do Detran, que fica ao lado do IML.

Os corpos de casos que não são relacionados à operação estão sendo levados para o IML de Niterói, na Região Metropolitana do Rio.

A Defensoria Pública do Rio montou uma estrutura no estacionamento do Detran para o atendimento aos familiares dos mortos. A entidade atendeu, nesta quarta-feira, 29, 106 famílias.

A Defensoria dividiu as equipes da força-tarefa entre o Complexo da Penha, estacionamento do Detran, IML e o Hospital Getúlio Vargas. Foram realizados o acolhimento inicial das famílias e o atendimento jurídico para os casos de privação de liberdade ou apreensão, obtenção de documento das pessoas mortas, auxílio para a gratuidade de sepultamento e alvará para translado das pessoas mortas para outros estados.

De acordo com a Defensora Pública Mirela Assad, da Coordenação Geral de Programas Institucionais (Cogpi), a falta de familiares de parte dos suspeitos mortos dificulta a identificação dos corpos. Uma equipe de 40 pessoas da Defensoria Pública do Rio atuam no IML. Os familiares são cadastrados pelo órgão e continuarão a receber assistência da Defensoria, como atendimento psicológico e jurídico.

"Nós atendemos ao todo 106 famílias. Algumas buscavam a obtenção de documentação da pessoa obituada, de forma a possibilitar sua identificação civil. Outras já estavam com a identificação concluída, mas precisavam de auxílio para a gratuidade de sepultamento, e elaboramos ofícios para as concessionárias competentes. Tivemos ainda casos de pessoas mortas que tinham origem de outros Estados, e auxiliamos os familiares com o alvará judicial necessário para o traslado", diz.

Uma comitiva do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) acompanha o trabalho de identificação dos corpos. O procurador-geral de Justiça, Antonio José Campos Moreira, afirmou durante coletiva de imprensa na noite desta quarta-feira que três médicos legistas e um promotor fazem uma necropsia independente para apurar eventuais abusos e ilegalidades na operação.

"Tão logo fomos informados da operação, o MPRJ acionou todos os seus protocolos. Três peritos legistas e um promotor de Justiça estão acompanhando todas as necropsias no Instituto Médico-Legal com o uso de um scanner de alta precisão que permite radiografias completas dos corpos, tecnologia essencial para compreender a dinâmica dos confrontos e para a produção de provas", afirmou o PGJ.

 

A operação de terça-feira foi a mais letal já registrada no Rio de Janeiro. Em coletiva de imprensa após os confrontos, o governador Cláudio Castro (PL) afirmou que as únicas vítimas foram os quatro policiais mortos na ação.

Durante a madrugada e o início da manhã desta quarta-feira, 29, moradores do Complexo da Penha levaram ao menos 60 corpos à Praça São Lucas, segundo relatos locais. No início da tarde, todos os corpos tinham sido encaminhados IML. De acordo com o último balanço do governo estadual, 121 pessoas morreram, enquanto a Defensoria Pública contabiliza 132 vítimas.