Mazelas do turismo no Recife

Mauro Ferreira Lima
Professor da UPE

Publicado em: 28/07/2018 03:00 Atualizado em: 30/07/2018 09:03

São inúmeras as mazelas do turismo em Pernambuco, particularmente no Recife. Como a lista é extensa, tratarei algumas delas.

Comecemos pelo precário acesso ao Recife. Vindo pela PE-15, é desolador ver o cenário de abandono no trecho Paulista-Olinda que desemboca na Agamenon Magalhães. O mato toma conta de tudo e o lixo é onipresente. Acostamentos decentes são inexistentes e a constatação de negligência é explicita. Para se ter uma idéia do quadro desalentador, ali, o cemitério Morada da Paz não dispõe de uma placa sequer para orientar quem o procura.

No outro extremo, vindo-se pela BR 232, o suplício é uma constante. A partir do “Atacado dos Presentes” até a entrada da Abdias de Carvalho, a lentidão do trânsito é permanente e o engarrafamento nas horas de pico são desencorajadores para quem pretenda seguir até o centro. Há algo pior! Quem quiser se dirigir à Zona Sul, só morador local consegue tatear por esse perigoso e precário acesso até chegar à Av. Recife. Zero placa de orientação !

Chegando-se ao centro, a impressão é das piores. O mesmo quadro: sujeira, descaso, degradação. A pracinha do Diario, dá pena! O entorno é mal cuidado, mal cheiroso e decadente. A Rua do Imperador é um triste espetáculo de miséria explícita. A Conde da Boa Vista é um péssimo cartão postal de tudo isso dito antes. No que tange à sinalização geral da cidade, a precariedade é constatada em tudo o que é canto. Apenas um exemplo: um turista, saindo de Boa Viagem em direção ao Aeroporto, pela Ribeiro de Brito, não encontrará nenhuma placa que o oriente a acessá-lo pela Mascarenhas de Moraes. Também, vindo pela Av. Recife e querendo ir ao interior, via Camaragibe, padecerá horrores. Também não terá placa de sinalização a orientá-lo a chegar à Av. Caxangá para atingir a rodovia PE 005. Um descaso completo!

O centro e seu entorno, incluindo o Pátio de S. Pedro de tantos eventos noturnos, desestimula qualquer um a frequentá-lo. O calçadão de Boa Viagem, igualmente, é temerário em vários horários e trechos. O Recife Antigo é um capítulo à parte de insegurança explícita. Se fossem colocadas 4 guaritas na entrada das pontes e se mantivessem policiais PMs nestas guaritas e policiais da guarda civil fazendo a ronda em motos, já ajudaria bastante a reduzir a sensação de insegurança. O custo disso não seria astronômico. Seus resultados seriam incontestáveis.

Quanto à mazela da precária promoção da cidade nos polos emissores de turistas, salta aos olhos que nas páginas oficiais na internet nada exista em inglês para orientá-los. Nas páginas oficiais da cidade está tudo em português! Uma cidade que dispõe de equipamentos como a central de artesanato do Marco Zero, a Oficina Brennand, o Instituto Ricardo Brennand, o Cais do Sertão,o Paço do Frevo, a Sinagoga da Bom Jesus, além de tantos outros atrativos histórico-culturais é dificultada a comunicação disso ao turista externo. Nada em inglês, nem nos sites nem nos folders.

Por fim, uma mazela turística que se explicita: tratar separadamente o carnaval do Recife e Olinda. O Recife com o Galo da Madrugada deu uma sacudida no seu carnaval, mas ainda não o explora eficientemente, como o faz Salvador. Unindo-se as duas cidades em algo como uma marca-âncora que poderia se denominar “Circuito Recife-Olinda”, potencializaria o evento de forma arrasadora! Para tal, haveria que divulgar isto nos portais-masters da internet com no mínimo dois meses de antecedência.

O tempo urge! Há que correr atrás de patrocínios e cuidar do carnaval como um “negócio”. Começar “ontem” seria o passo mais acertado! Ao trabalho, minha gente!

Os comentários abaixo não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.