Há 80 anos Lampião e Maria Bonita eram decapitados

Giovanni Mastroianni
Advogado, administrador e jornalista

Publicado em: 28/07/2018 03:00 Atualizado em: 30/07/2018 09:01

Neste 28 de julho, há exatos 80 anos, Lampião - “o rei do cangaço” -  e Maria Bonita - sua amásia - foram capturados pela polícia, tiveram suas cabeças decepadas e, logo depois, postas em exposição ao povo, em diversas localidades públicas, como forma de intimidação psicológica e, também, exemplo contra o mal que praticaram. Posteriormente, foram expostas em tubos de vidro, conservadas com formol, em museu governamental, localizado na Praça Quinze de Novembro, no Rio de Janeiro, fato que comprovei, pessoalmente, quando em visita à “velhacap”, anos depois.

Aos 24 anos, Lampião, como era mais conhecido o pernambucano de Serra Talhada Virgulino Ferreira da Silva, deu início à formação de uma quadrilha de bandidos armados, salteadores do sertão brasileiro, mais conhecidos como cangaceiros, a fim de saquearem fazendas e extorquirem comerciantes, que eram obrigados a fazer doações, sob pena de serem assassinados. Ele e seu bando, desde então, passaram a ser procurados pela polícia, que, apesar de permanentes diligências, não conseguiam alcançá-los, pois, montados em seus cavalos, deslocavam-se por várias cidades e até outros estados que se limitavam com o sertão pernambucano.

Só em 1930 que se juntou aos bandoleiros Maria Déia, mais conhecida como Maria Bonita, quando Lampião, já com 32 anos de idade, a conheceu, passando a ser sua companheira. Pelo terror espalhado à época, diversas forças volantes formaram-se no decorrer das crueldades praticadas pelo “rei do cangaço” e seus jagunços. Apesar de espalhados por todas as partes do Sertão, os comandos policiais que se formavam eram impotentes para alcançar e dizimar os malfeitores, que, mercê de seus constantes deslocamentos, conseguiam escapar dos seus incansáveis perseguidores. Assim, Lampião viria a se constituir em uma constante ameaça, principalmente aos coronéis fazendeiros, que, para protegerem suas vidas, aceitavam ser extorquidos.

Acampados no lugar Poço Redondo, em Grota de Angicos, no estado de Sergipe, Lampião e seus cangaceiros foram descobertos pelas forças policiais, travando-se, então, violenta luta, quando, finalmente, vieram a sucumbir.

A televisão e o cinema exploram esses históricos acontecimentos, tornando-se sucesso de público os filmes protagonizados  por cangaceiros, tendo o escrito e dirigido por Lima Barreto, exibido em 1953,  que ganhou o prêmio de melhor filme de aventuras e de melhor trilha sonora no Festival Internacional de Cannes, acontecimento ímpar, que proporcionou sua exibição nas telas de cinema  e em emissoras de televisão em mais de 80 países, tendo permanecido em cartaz durante muitos anos.

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