O que as pesquisas eleitorais revelam

Alexandre Rands Barros
Economista, PhD pela Universidade de Illinois e presidente do Diario de Pernambuco

Publicado em: 14/07/2018 03:00 Atualizado em: 14/07/2018 16:23

Além das preferências dos eleitores por candidatos específicos, as pesquisas eleitorais têm demonstrado três tendências importantes: (i). A população está irritada com a política; (ii) descrente nas instituições do país e (iii) os políticos não mais possuem credibilidade de que vão resolver os problemas do país. Obviamente as palhaçadas protagonizadas pelo Supremo Tribunal Federal e pelos novos aloprados do PT recentemente acentuam ainda mais essas tendências observadas. Tal postura da população vai ser muito importante na determinação dos resultados das eleições e pode causar ainda grandes mudanças nos resultados a serem obtidos em outubro, não só a nível nacional como também nos diversos estados. Ou seja, o Brasil está em uma situação de incertezas muito grandes, e pode caminhar por trilhas muito incertas mesmo depois das eleições.

A irritação com a política, particularmente, se revela pela declaração de voto nulo ou branco diante das opções e pela escolha de candidatos que têm assumido postura contra o establishment político, como Bolsonaro. Somados esses votos ultrapassam mais de 50% das preferências declaradas nas diversas pesquisas. A falta de credibilidade dos políticos é revelada quando nenhum dos que são já bem conhecidos empolga muito, mesmo quando possui imagem de sério e honesto, como é o caso de Marina Silva e Henrique Meirelles, esse último, contudo, atrelado a um partido cuja imagem não é boa, por ter alguns de seus expoentes participado de várias ações de saque aos cofres públicos, segundo denúncias veiculadas na imprensa.

A descrença nas instituições, por sua vez, é revelada quando os candidatos com maior suporte entre os eleitores são Lula e Bolsonaro, dois políticos que claramente afrontam a ordem institucional vigente. No caso de Bolsonaro, chega a defender governo militar, que é de exceção e violenta a ordem democrática vigente, além de outros crimes que ele confessamente defende como o estupro, a discriminação contra homossexuais e negros, e a violência policial à margem da Lei e do respeito à presunção de inocência. Lula, por sua vez, é hoje um condenado em segunda instância e um réu em vários outros processos de corrupção, que claramente indicam que houve excessos de benefícios do ex-presidente em agradecimento a favores concedidos a empresas privadas na relação com o Governo Federal. Apesar da argumentação para a militância de que a condenação é incorreta, a população adere ao voto a ele porque na verdade está pouco se lixando para as instituições, não porque acredite nos argumentos que geralmente são válidos apenas para militantes fanáticos.

Essas três tendências têm levado a um certo desinteresse da população pela política, além de revolta em vários segmentos sociais. Por consequência, a maior parte dos eleitores tem se colocado à margem dos seus desdobramentos e deverá tomar suas decisões de voto muito próximas às eleições. Ou seja, os resultados atuais das pesquisas, por mais angústia e ansiedade que possam trazer aos políticos, ainda podem estar muito longes do que serão as preferências efetivas dos eleitores no momento do sufrágio. Essas últimas ainda estão muito incertas. No entanto, uma definição óbvia até então é que os eleitores querem mudanças. A nível de estados isso pode ser muito importante para as estratégias políticas.

A economia tem sofrido muito em decorrência dessas indefinições, principalmente porque o seu desempenho futuro dependerá bastante da atuação do governo para controlar os gastos públicos, que estão fora de controle e ameaçam a estabilidade de nossa moeda e as perspectivas de crescimento econômico para os próximos anos. Para completar, o Congresso Nacional ainda tem tido a cara de pau de aprovar alguns projetos que comprometem ainda mais as contas públicas para o ano que vem, legislando na contramão do que o Brasil efetivamente precisa.

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