Editorial Somos todos irmãos

Publicado em: 21/02/2018 03:00 Atualizado em: 21/02/2018 08:32

Pertinente lembrar como é inaceitável ver a violência de forma tão crua na cultura brasileira. Acompanhá-la escancarada insistente no noticiário torna não só atual mas necessário o aprofundamento do debate a respeito da banalização do mal, assim como propõem instituições, a exemplo da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) com o lançamento da Campanha da Fraternidade em 2018 sob o tema “Em Cristo somos todos irmãos”.

Somente ontem, pelo menos três situações evidenciavam a urgência da consciência sobre a violência e deixavam aos cuidados de cada leitor uma reflexão sobre suas inúmeras faces e impactos. Enquanto familiares da jovem Maria Alice Arruda Seabra Amorim, 19 anos - que foi assassinada, após ser vítima de sequestro, estupro, homicídio qualificado e ocultação de cadáver, há dois anos e oito meses - cobravam em um ato público agilidade da Justiça para que seja marcado um júri popular por temerem a prescrição dos crimes do ex-padrasto e acusado Gildo de Silva Xavier, sabia-se que um homem foi preso na Zona Oeste do Recife por estupro cometido contra a filha, de apenas dois anos de idade.

No mesmo dia, na Polícia Civil e na Corregedoria da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) começava a investigação conjunta de uma denúncia gravíssima: um estupro coletivo de um adolescente de 16 anos. O crime teria sido praticado por quatro internos com idade abaixo de 18 anos. O caso teria acontecido no Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) do município de Garanhuns, Agreste pernambucano. A notícia sobre o estupro coletivo traz o estarrecimento condizente com a gravidade do caso e faz-nos lembrar do emblemático episódio da adolescente de 16 anos, assim como aqui em Pernambuco, estuprada por cinco homens no Morro do Barão, no Rio de Janeiro em 2016. Um crime que, aliás, gerou comoção e engajamento nacional à época.

Por nós mesmos, não podemos nos acostumar com tanta barbaridade. Ignorar as inquietações quanto ao que se passa aqui no estado ou no Brasil, contra todos, faz com que corramos o risco de contribuirmos para uma cultura ainda mais violenta.

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