Em meio a ação judicial, Nattan lança disco com participação de Nathanzinho Lima
Em entrevista ao Diario de Pernambuco, o cearense Nattan fala sobre seu novo disco, "Imparável", da parceria com Natanzinho, com quem trava uma disputa judicial pela utilização do nome e da mistura de ritimos, mesclando forró com outros gêneros
Desde 2022, quando estourou com a música “Tem Cabaré Essa Noite”, o cearense Nattan não saiu mais da lista de músicas mais ouvidas no Brasil. Faixas como “Amor na Praia” chegaram a figurar em primeiro lugar nas paradas das plataformas de streaming, tornando o cantor um dos nomes mais populares do cenário do forró e piseiro. O fluxo profissional incessante agora se traduz no título do seu novo disco, “Imparável”, lançado neste mês, trazendo um compilado da identidade musical formada pelo músico nos últimos anos.
Depois de parcerias com artistas de diferentes segmentos musicais, como Pabllo Vittar, em “Hoje à Noite”; Zé Felipe e o Rei da Batidinha, em “Patrai”; e Felipe Amorim, em “Love Gostosinho”, Nattan destaca-se como um dos artistas que provoca o diálogo do forró com outros ritmos do universo pop. Essa característica fica evidente em faixas de “Imparável”, como “Conexão”, que tem melodia de “Against All Odds”, de Phill Collins.
Para esse trabalho, o único artista convidado foi o sergipano Nathanzinho Lima, com quem Nattan disputa judicialmente o direito pelo nome “Nattanzinho”. A parceria acontece na faixa “Enforcadinha”, em que os dois chegam a brincar com a duplicidade do nome. Em entrevista ao Diario, Nattan comenta sobre o caso e responde a outras perguntas sobre sua carreira e o disco novo.
Leia a entrevista com Nattan na íntegra:
O São João deste ano nas cidades do Nordeste repercutiu bastante nas redes, despertando o interesse de várias pessoas de fora da região. Por se tratar de uma festa focada no universo do forró, você acredita que isso tem a ver com uma popularização e rejuvenescimento do gênero musical?
É bonito ver como o público tem abraçado essa diversidade musical. Eu venho do forró, do piseiro, mas no meu show tem de tudo um pouco. Claro, que as redes ajudam o forró a alcançar ainda mais pessoas e lugares. Isso é ótimo, a música e a cultura do Nordeste ganham cada vez mais a valorização e o espaço que merecem.
Dentro desse contexto, “Imparável” é um disco que vem com essa proposta de popularizar o forró entre os mais jovens? Como você avalia o seu som atualmente dentro do cenário do forró? Ainda se considera um artista do gênero?
Com certeza, “Imparável” vem com essa proposta de conversar com diferentes gerações. Eu venho do forró, do piseiro, mas hoje levo pro palco uma mistura boa! Tem forró, tem sertanejo, tem sofrência e tem muita energia. Mais do que representar um gênero específico, eu me vejo como um artista nordestino que ama levar alegria e música boa pra onde for. E acho que o diferencial do meu som está justamente nessa mistura que funciona.
A participação de Natanzinho Lima na faixa “Enforcadinha” vem dentro de um contexto de disputa judicial pelo uso do nome “Nattanzinho”. Vocês até brincam com a duplicidade do nome na música, o que essa parceria representa nesse momento?
Satisfação imensa conhecer esse cara de energia fora da curva. Gente boa demais, muito grato por essa parceria e muito feliz com a repercussão de “Enforcadinha”.
O amor tem sido um tema recorrente na sua carreira ultimamente e está bem presente em “Imparável”. Tornar-se uma referência musical romântica é um dos seus objetivos atualmente? O que mais você busca quando entra no estúdio para gravar?
Nosso público pedia pra falar de amor e no álbum “Imparável” a gente atendeu esse pedido. Gosto muito quando as minhas músicas se conectam com o público e eu consigo estar perto. Isso me move demais. Há muito tempo a gente não tinha um projeto feito com tanto cuidado, tendo dado atenção em cada momento. Tem “Ama Ou Não Ama”, “Menina Eu Quero Teu Amor”... É um álbum especial para os apaixonados também.
Um dos seus maiores sucessos recentemente foi “Amor na Praia”, que tem a melodia de “Praise Jah In The Moonlight”, de YG Marley. Em “Imparável”, é possível notar outra referência internacional na faixa “Conexão”, que tem melodia de “Against All Odds”, de Phill Collins. De que forma você acha que o forró se relaciona com estilos tão distintos e com públicos diferentes?
Assim como outros estilos musicais, o forró pode se misturar bem com formatos e gêneros. Mas acredito que esse jeito humano do forró e o ritmo empolgante gera um formato próprio, que o público de hoje vem percebendo o poder dessa mistura.
Você nota que o forró também tem influenciado outros gêneros musicais do cenário pop? O refrão de “Love Gostosinho”, por exemplo, serviu de inspiração para “Oh Garota, eu quero você só pra mim”, de Oruam, que passou várias semanas no Top 1 do Spotify. Como enxerga esse movimento?
Entendo que a junção de estilos para criar um novo som é sempre muito bem-vinda. Essa troca fortalece cada um, dando as mãos assim a gente pode chegar mais longe. Dá para unir talentos e pensar como diferentes culturas podem se unir, não é à toa o que esses números mostram, afinal o público curte demais esse som que é tão nosso. Justamente estamos agora focados em lançar o audiovisual de “Imparável”, planejando passar em cada canto do Brasil e gravar uma música do álbum, vai ser bem especial.