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'Jurassic World: Recomeço' volta ao básico e aposta no esmero da ação

Estrelado por Scarlett Johansson e Jonathan Bailey, novo 'Jurassic World' chega aos cinemas do Recife nesta quinta-feira (3)

Por Andre Guerra

Filme reduz personagens humanos e se concentra na ação e no terror

A cada novo filme derivado do universo de Jurassic Park fica mais evidente a força e originalidade do clássico que Steven Spielberg lançou em 1993, tornando-se, à época, a maior bilheteria da história do cinema. Mesmo após 32 anos, é praticamente impossível replicar o fascínio e o terror provocados por ele. Em cartaz nos cinemas do Recife, Jurassic World: Recomeço não só é uma prova dessa larga sombra do original como se rende a ela. E, talvez por isso, seja mais eficiente do que seus antecessores recentes.

Este sétimo filme da franquia se passa cinco anos depois dos eventos de Jurassic World: Domínio, no qual os dinossauros haviam ficado soltos pelo mundo. O ar e a poluição do planeta rapidamente se mostraram fatais para as criaturas, e as poucas que sobreviveram foram parar em ilhas equatoriais distantes do continente. Para um desses lugares povoados pelos bichos é que vai uma equipe com a perigosa tarefa de capturar três diferentes amostras de DNA. No grupo, estão a especialista em operações secretas Zora (Scarlett Johansson), o paleontologista Henry (Jonathan Bailey, de Wicked) e o representante da companhia farmacêutica interessada na missão, Martin (Rupert Friend), todos liderados por Duncan (Mahershala Ali).

 

Apesar do título, Jurassic World: Recomeço soa menos como uma tentativa de reoxigenar a saga e mais como um retorno ao que ela tem de elementar. Dirigido por Gareth Edwards, mais conhecido pelo comando de filmes de franquias já em andamento, como Godzilla (2014) e Rogue One: Uma História Star Wars, este capítulo funciona como uma aventura de terror bastante isolada. Mesmo que a tentativa do estúdio e dos produtores seja reiniciar o universo sem os personagens da última trilogia, o longa não propõe nenhum frescor de cenário, situação ou dramaturgia que sugira uma expansão futura.

Postas sob controle as expectativas, ele é bem mais honesto com a plateia e digno com os dinossauros do que o seu antecessor, por exemplo, que tratava os seres pré-históricos como adereços de uma trama corporativa genérica. Aqui, eles realmente se transformam no centro da ação. Gareth Edwards e o roteirista veterano David Koepp costuram bem as sequências de perseguição e reduzem tanto o drama quanto a comédia ao mínimo possível. E, de fato, a encenação visual aqui não apenas é clara e caprichada mas também cheia de peso, escala e densidade, com atenção verdadeira pela presença das criaturas gigantescas e uma mais que bem-vinda diminuição de personagens humanos.

 

A opção pela simplicidade eventualmente revela suas limitações. Apesar das boas presenças de Johansson e Bailey, os protagonistas são clichês e unidimensionais. E os coadjuvantes, ainda mais. Para além da fórmula pronta, a verdade é que o cenário real não é tão diferente do próprio universo da ficção, no qual tenta-se resgatar o interesse pelos dinossauros quando a plateia já os trata com certa banalidade. Jurassic World: Recomeço, sabendo disso, se dedica a fazer com competência apenas o básico. Resta saber até quando isso será o suficiente.