Entre luzes e lutas, boate Metrópole celebra 23 anos
Boate mais antiga do Nordeste, Club Metrópole sopra as velas com grande festa neste sábado (17)

Uma metrópole se define pela influência cultural, econômica ou simbólica que exerce ao redor. Localizado na Rua das Ninfas, no bairro da Boa Vista, o Club Metrópole espelha esse conceito à sua maneira, sendo um polo de diversidade, resistência e afirmação da cultura queer no Recife. Seus 23 anos de atividade ininterrupta serão celebrados neste sábado (17) com uma grande festa, da forma que Maria do Céu, fundadora e dona da casa, consagrou como tradição desde a primeira noite.
Tamanha longevidade se traduz também em relevância: a Metrópole é considerada a boate LGBTQIAPN+ mais antiga em funcionamento no Nordeste e a terceira do país, atrás apenas da La Cueva, no Rio, e da Blue Space, em São Paulo. “O que construímos nesse tempo vai muito além do espaço físico. A gente conseguiu levantar essa estrutura toda, mas, mais importante do que isso, foi construir uma empresa que gera orgulho na comunidade. Um lugar que é respeitado e que também respeita”, afirma Maria do Céu, em conversa exclusiva com o Viver.
Além de abrigar histórias de clientes e artistas, o espaço é um testemunho da cultura queer recifense. Foi neste mesmo prédio que a Misty inovou com música eletrônica, performances e teatro. Em 1994, veio a Dark Froid, já com Maria do Céu na produção. Depois da saída do sócio majoritário, ela manteve o local alugado por um ano para preservar o local, até fundar, em 2002, o Club Metrópole, com suas famosas pistas New York no térreo e Bar Brasil no andar superior. “O nome combina com o espírito de uma balada. Remete à luz da cidade, ao movimento noturno, aos engarrafamentos de gente, a essa energia elétrica que pulsa na vida urbana”, ressalta ela.
A New York, coração da casa, acaba de passar por uma transformação radical, com novo sistema de som e iluminação, layout redesenhado e, não menos importante, elementos de acessibilidade que ampliam seu alcance. Tudo será revelado na festa de amanhã. “Foi como tirar o coração da casa, colocar numa máquina, cuidar com extremo zelo e depois devolvê-lo”, descreve Maria do Céu. “Na minha cabeça, é quase como se eu estivesse entregando a Metrópole para o mundo outra vez”, celebra.
Entre os destaques da noite está Filipe Guerra, DJ pernambucano que começou na escolinha de DJs da casa e hoje tem carreira internacional. A programação inclui ainda Las Bibas from Vizcaya, artista com raízes na Misty e hoje residente do selo espanhol Matinée. “Me sinto muito grata. Esse retorno é impagável. Acredito que colhemos o que plantamos. E nós plantamos coisas lindas”, emociona-se a dona. Reformada e renovada, o Club Metrópole ganha ainda mais fôlego para os próximos capítulos.